É, meus amigos, este ano de 2014 não vem sendo fácil… Diversos nomes importantes da sociedade brasileira e mundial vêm deixando este plano e, na última sexta-feira, foi a vez do ator mexicano Roberto Gomez Bolaños, criador de personagens como Chaves, Chapolin, Dr.Chapatin e Chespirito, entre muitos outros…
É evidente que no México a perda foi muito sentida, mas aqui no Brasil não ficamos muito atrás, não. Afinal, há exatos trinta anos o SBT apostava meio que sem querer nas aventuras engraçadas dos personagens de Bolaños, sobretudo o do menino Chaves. A aposta deu mais do que certo e uma legião incontável de fãs foi criada, em diversas gerações.
Mas, afinal, porque deu certo? Chaves era um menino pobre e órfão, que tinha um barril como esconderijo e vivia morrendo de fome, além de ser bastante atrapalhado, proporcionando cenas hilárias. É claro que todos nós nos identificamos com os problemas do garoto, numa crítica social inocente mas muito eloquente. “Todo país tem o seu Chaves”, dizia Bolaños.
O humor era leve, sem apelações, e ainda transmitia lições que parecem bestas mas se fossem seguidas poderíamos ter um mundo melhor. Ou frases como “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” ou “os homens bons devem amar seus inimigos” não são grandes ensinamentos para as crianças?
Os bordões de todos os personagens também eram bastante curtos, simples e diretos, o que facilitava demais a comunicação com o público alvo, ou seja, os jovens, mas que também tinha enorme aceitação em pessoas com mais idade.
É claro que há também outros aspectos curiosos, como a ambientação do seriado, uma pobre vila com cenário simples, barato e de fácil entendimento,personagens de apoio muito bons, sendo que dois se transformaram em outros protagonistas como Seu Madruga (Ramón Valdes, falecido em 1988) e Kiko (Carlos Villagrán), além de boas histórias.
Chapolin também deu bastante certo, pois, além de empregar esses aspectos citados no parágrafo anterior, fazia uma crítica inteligente aos enlatados super-heróis americanos, tornando um baixinho atrapalhado, com anteninhas e um martelo biônico (de borracha) um ídolo das crianças. E sem disparar um tiro sequer…
Assim como em qualquer “família”, houve problemas de desgaste de relacionamento do elenco de Chaves, principalmente entre Bolaños, Villagrán e María Antonieta de las Nieves (personagem Chiquinha). Mas, apesar disso, ambos reconhecem a genialidade de Roberto ao criar todos esses personagens e episódios.
E a eloquência nas reações nas redes sociais mostra o quanto Bolaños foi amado. Basta lembrar que o piloto de Fórmula 1 Sergio Perez já correu com um capacete homenageando Chapolin e o goleiro da seleção mexicana Ochoa “retwittou” uma capa do “LANCE!” após o jogo entre Brasil e México na Copa com a manchete “Não contavam com minha astúcia!”.
Não façamos comparações, evidentemente, mas duas das inspirações de Bolaños para compor seus personagens eram nada mais nada menos do que William Shakespeare (Chespirito significa para os mexicanos “Pequeno Shakespeare) e Charles Chaplin. Dentro do que se propôs a fazer, e do sucesso de seu trabalho, podemos dizer que Bolaños foi, sim, um dos grandes nomes do humor no nosso tempo.
A partida de Roberto nos deixa um pouco mais tristes. Mas o que deixou pra nós segue para sempre.
Alguns momentos de Chaves
https://www.youtube.com/watch?v=PxBHi42OY38
O chaplin da América latina