Como comentei em minha coluna de estreia, 1991 foi o ano que assisti aos desfiles completos pela TV, pela primeira vez. Das recordações que tenho, uma das mais vivas, é “O que é que a banana tem”.
Dia desses no Twitter, rolou um debate sobre quais seriam os melhores discos da década de 90. Todos que eu citei, claro, tinham sambas de minha preferência. Entre todos eles, sempre sambas da Imperatriz: “Marquês que é Marquês, do sassarico é freguês”, “Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e Tabajeres”, “Mais vale um jegue que me carregue do que um camelo que me derrube lá no Ceará”, “Imperatriz Leopoldinense honrosamente apresenta: Leopoldina, a Imperatriz do Brasil” e “Eu sou da Lira, não posso negar”.
A fita K-7 de 93 deve ter se estragado de tanto eu ouvir durante o banho. Para quem é jovem demais, a fita muitas vezes amassava ao rebobinar. A faixa da Imperatriz provavelmente era a mais desgastada. A semelhança entre os seis sambas citados? O intérprete. Em todos eles, e alguns outros, a interpretação me chamava atenção. Trechos que se ouvíssemos sem ler o encarte, saberíamos quem estava cantando. O timbre específico, incomum e o gingado único, denunciavam.
Isso tudo sempre após um inconfundível: “O meu sonho de ser feliz, vem de lá… Sou Imperatriz! Dáaaaaa licença! Alô nação leopoldinense, chegou a hora! No gogó!”
Toda essa introdução para dizer uma coisa: Me desculpe, Preto Jóia!
Estive na Marquês de Sapucaí no ensaio técnico da Cubango e como foi bom!
O samba, que é ótimo, parecia ter perdido a pegada após as apresentações na quadra, que encantaram a todos, durante as eliminatórias. Quando a Escola perdeu Nego para a Imperatriz, e levou Preto Jóia de Ramos para Niterói, as críticas foram imediatas. A gravação da faixa da Cubango no CD só corroborou com os críticos. Entre eles, eu. Cheguei a concordar com quem afirmou que você seria um ex-intérprete em atividade.
Mas na Passarela do Samba você fez minha memória aflorar. Ao fim do desfile, fiquei mais de uma hora ainda na pista da Avenida e lembrei, emocionado, de alguns trechos que quando criança adorava cantar: ”O facão bateu embaixo pra bananeira cair. Ai, ai que maldade, não tire esse verde daí”, “O samba é raça, é paixão, viver feliz. Desfilando na Imperatriz”, “E balançou, não deu certo não pois não passou, de ilusão” e “Piano me diz quem é, a pioneira. Piano me diz quem é, a Maxixeira”. Em outra voz que não a sua, nenhum desses trechos surtiria o mesmo efeito em mim e em tantos gresilenses.
Testemunhar o que você fez com o samba da Cubango in loco, foi lindo! Obrigado. A Escola evoluía, não quicava! A Escola gingava, não pulava! Tive vontade, pela primeira vez na temporada de ensaios técnicos, de esquecer as obrigações e invadir o desfile verde e branco. Confesso tê-lo feito no final, já na Apoteose.
Portanto Preto Jóia, por ter subestimado um dos melhores intérpretes da história do Carnaval e deixado minha memória me trair, ao esquecer da melhor idolatria que existe, a de quando somos crianças, o sincero pedido de desculpas de um fã.
Ensaios Técnicos
Por motivos profissionais não pude estar na Sapucaí durante o primeiro fim de semana de ensaios técnicos. Portanto, não assisti Unidos de Bangu, Alegria, Em Cima da Hora, Santa Cruz, Renascer e Inocentes. De todos os outros, tivemos uma decepção: Império da Tijuca. O rebaixamento do especial pra Série A, por si só, já causa um trauma que faz com que algumas Escolas passem mais tempo do que o “previsto” nesse grupo. Podemos citar os casos de Vila Isabel, Ilha, Porto da Pedra, Viradouro… Imaginem quando o rebaixamento vem da forma injusta como foi? Tenho a impressão que a Formiga sentiu o baque.
Enquanto isso, logo depois, na mesma noite, a Cubango fez o melhor ensaio da temporada 2015. Incluo aqui os ensaios do Grupo Especial e coloco no mesmo degrau, apenas a Mangueira.
Portanto, por isso e por outras, Estácio e Cubango são favoritas isoladas da Série A, com ampla vantagem para a primeira. Unidos de Padre Miguel corre por fora. Mas muito por fora. Algo diferente disso, pra mim, é zebra.
Fala-se muito na Renascer como favorita, devido ao seu espetacular samba, mas acredito que será como ano passado. As notas nas quais o samba tiver influencia direta ou não, serão máximas, as outras podem voltar a ser o problema. Para o rebaixamento, Alegria da Zona Sul e Em Cima da Hora encabeçam a fila seguidos de longe por Unidos de Bangu, Santa Cruz e Império Serrano. Se algumas dessas repetir Rocinha 2014, salva uma das duas primeiras!
Mangueira e Record
A notícia trazida por Cadu Zugliani, no site SRZD, sobre a reportagem que a Record solicitou à Escola mas exigindo mudança na letra do samba, é assustadora e surreal! Claro que a escola não aceitou e não pretende mais sequer aparecer na emissora do Bispo Macedo. Minha opinião é que todas deveriam estar igualmente indignadas e fazerem o mesmo. Lembrando que foi o mesmo canal, que há poucos anos, tentou adquirir os direitos de transmissão da festa.
Aproveitando os 30 anos, da genial trilogia “De Volta para o Futuro”, peço para que acompanhem meu raciocínio: Se a mudança na letra do samba da Beija-Flor, pelo justíssimo motivo de patrocínio, já deu a polêmica que deu, peço para que imaginem um 2015 alternativo, aonde a LIESA aceitou a proposta de transmissão da Record. Façam esse exercício.
Aquele Abraço
#ForadoAr
1- Preto Jóia é gênio.
2- O problema da Mangueira será plástico, na avenida. Saudades de quando o chão decidia.
3- Chupa, Edir Macedo!!!
Preto Jóia é fora de sério. Acho que implicam muito com ele. E na gravação do CD ele deu um toque especial, cantou com estilo. É o cara!