Hoje é dia de estreia e nesse espaço todos os sábados estaremos conversando sobre esportes e também sobre carnaval quando algo palpitar sobre o assunto. Afinal, são duas das grandes paixões do brasileiro. Por falar em paixão a primeira coluna fala sobre a maior delas.

O futebol.

Mais um ano se iniciou, a Copinha acaba amanhã e a partir da semana que vem começam os “famigerados” estaduais. Boto entre aspas porque as pessoas, por modinha, adoram malhar os campeonatos regionais esquecendo que muitas das glórias de seus clubes vem deles.

Mas falarei melhor sobre o assunto mais para frente.

Quero falar hoje que começando oficialmente o futebol profissional brasileiro se inicia o primeiro ano pós-apocalipse. Do momento em que a besta fera, o belzebu, o capiroto, o olho junto, o encarnado meteu sete balaços em nossas redes, acabando com nossa fé e auto estima.

mensaloeuricoE o que mudou depois disso tudo? Ora. Muita coisa. Finalmente o futebol brasileiro se modernizou. Já viram quem é o novo presidente do Vasco?

A verdade é que mudou porcaria nenhuma. A vida segue como se nada tivesse ocorrido. Realizamos uma Copa do Mundo em casa, a primeira depois de sessenta e quatro anos, finalmente a chance de vingar Barbosa e companhia ilimitada e tomamos sete na tarraqueta com direito a areia no lugar da vaselina e nada, absolutamente nada, foi feito para pelo menos se explicar em casa para papai e mamãe como se perde uma copa sob seus domínios dessa forma.

Não foram feitos centros de treinamento, não procuraram modelos do exterior para copiar, não mudaram coisas na lei Pelé que prejudicam nosso futebol, não fizeram nem um mísero simpósio para discutir causas e efeitos de uma humilhação dessas em casa.

Pior. Tentam no congresso mudar uma ideia bacana de reestruturação dos clubes colocando de uma forma em que eles se livrem de dívidas sem contrapartida – menos mal que a Presidenta Dilma Rousseff vetou o artigo da Medida Provisória que previa isso. Trazem velhos engodos de volta a cadeiras de dirigentes, gente do tempo das cavernas que prefere a fanfarronice ao trabalho sério e a seleção continua com seus amistosos caça níqueis pelo mundo como se tivesse tudo bem.

Viramos um globetrotters do mal, distribuindo botinadas e defensivismo pelos quatro cantos desse mundo oval. Mas a CBF lucra, já que todos querem ver a seleção brasileira. Todos querem ver o time que apanhou da Alemanha em casa.

E o pior. Tratam o ocorrido na copa como um “apagão”. Olha. Se isso foi um apagão eu não quero nem ver o dia que tiver um blecaute.

campo-de-futebolTá tudo errado no futebol brasileiro. Não há mais campos de terra onde o moleque estoura a tampa do dedão num chute errado. Treinadores de base metem três zagueiros e três volantes pra ganhar campeonatos porque sofrem pressão de dirigentes. Privilegiam o físico em detrimento à técnica. Quando um moleque dá um drible, um lençol ou uma caneta já leva bronca porque futebol “tem que ser levado a sério”.

Poucos talentos são revelados e quando são vão logo embora e os clubes continuam gastando a torto e a direito de forma irresponsável.

Queria poder entender como o Santos que em dez anos vendeu Diego, Robinho, Ganso e Neymar está tão endividado e como o Palmeiras contrata mais de dez jogadores por semestre.

Como eu sempre falo dos concursos de samba-enredo também falo para o futebol. Essa bolha um dia vai estourar e acho que clubes como Palmeiras, Corinthians e Atlético MG terão problemas. Muitos gastos para um país e um futebol em recessão. O clube do Parque São Jorge já começa a dar sinais de fadiga financeira.

Mas o negócio é agradar a torcida. Vamos gastar que o próximo presidente se vira. Quanto ao 7×1 é coisa do passado. Do ano passado.

Feliz ano novo.

Feliz??

Imagem: Extra (Eurico Miranda)