Nesse último fim de semana tivemos os ensaios de mais cinco escolas de samba visando os desfiles de 2015. No sábado, dia 31, tivemos São Clemente e Imperatriz Leopoldinense; domingo, 1, uma das noites mais esperadas do pré carnaval.

A noite com três das escolas mais populares de nossa folia. União da Ilha, Portela e Salgueiro.

São Clemente abriu os trabalhos sábado com seu grande enredo sobre Fernando Pamplona, um ícone do carnaval. Podemos dizer que a folia se divide entre antes e depois de Pamplona.

O bonito samba fica na parte de cima da tabela de 2015 e foge das características críticas dos anos 80 e 90 e funcionais dos últimos anos. É uma aposta arriscada, que não funcionou em primeiro momento mesmo com toda beleza que a obra tem e o excelente carro de som comandado pelo talentoso Igor Sorriso.

O canto da escola foi fraco, o pior das 11 que ensaiaram até agora, com componentes “arrastando sandália”, muitas vezes ficando em forma estática e até batendo papo enquanto a escola desfilava. O contingente estava pequeno também.

Problemas que tem que ser consertados para o desfile oficial. Sábado foi só uma prévia e esses ensaios servem justamente para isso. Consertar erros.

O que fica de lamento é que essa foi a única vez que o povão teve a chance de ver a São Clemente ao vivo, já que a emissora oficial não irá transmitir a ela nem a Viradouro. Como os ingressos são muito caros, quem viu viu, quem não viu só em 2016 – ou em VT.

Mas esse é papo para domingo.

Se tem uma escola que não tem muito que corrigir é a Imperatriz. A certinha de Ramos poucas vezes foi tão certinha quanto no último sábado. Escolheu mais uma vez, assim como ano passado, um enredo muito forte em que fala de Nelson Mandela e acertou em cheio na escolha de seu samba-enredo.

É raro ver uma Imperatriz Leopoldinense afro e o casamento deu certo. O samba forte em letra, lindo em melodia conquistou a avenida e a todos os componentes de alas, que berravam o samba a tal ponto que mal dava para ouvir o canto de Nego. Outro acerto da escola. Nego tem uma voz que sempre combinou com samba afro.

A Imperatriz, que começou esse processo em 2010 com o “mar de fiéis” deixa definitivamente para trás o estigma de “escola fria”. Na verdade a invenção do “desfile técnico” ou “desfile para jurados” foi uma grande desculpa que a escola de Ramos inventou por ganhar carnavais e não conseguir empolgar. Toda escola sonha em ser unanimidade. Conquistar jurados, público e crítica e a Imperatriz tenta seguir esse caminho.

Domingo foi uma noite daquelas onde tivemos de tudo. Sapucaí lotada, calor, Sol, chuva, casamento de viúva… Ah não, isso não. Avenida lotada fora e dentro da pista com um mar de bicões e papagaios de pirata.

A União da Ilha entrou na avenida com seu enredo brincalhão e irreverente falando da beleza e da vaidade. Deu para perceber do início ao fim a proposta da escola e o quanto o desfilante se divertia fazendo parte daquilo. O samba tem a cara da escola e casou perfeitamente com sua proposta de desfile.

Show do carro de som comandado por Ito Melodia, um dos melhores cantores do país da atualidade em qualquer gênero musical e a promessa de uma Ilha forte para a segunda de carnaval.

IMG_1444A União da Ilha vem em uma fase crescente de 2009 para cá e de escola que se acostumava ao Grupo de Acesso passou a ser uma frequentadora de desfile das campeãs e postulante ao título. Parece que está cada vez mais claro que vem chegando a hora da União. Só não sei se será esse ano.

Porque um rio passou em nossas vidas.

A chuva caiu para a Portela. Apenas para a Portela, como se do nada em meio de água, raios e trovões Clara Nunes surgisse e anunciasse a presença da maior vencedora do carnaval.

Dizem que a Portela não pisava na avenida desde março de 2014. Mas a Portela que pisou ali não pisava desde 1984.

É só um ensaio. Ninguém ganhou nada ainda. Ninguém nem desfilou. Mas o clima de pré carnaval indica que a escola é uma das mais fortes candidatas e nunca o 22° esteve tão próximo. Para o ensaio a agremiação de Madureira veio grande, organizada e cantando o melhor samba do grupo especial do ano da primeira à última ala.

Na frente da escola a tradicional águia. Uma águia de ensaio mais bonita, por exemplo, que a de 2005. Apesar de que isso não é mérito. Uma desenhada pela minha filha seria. O próprio Migão, exagerado, disse que era melhor que umas três apresentadas entre 2005 e 2013.

Como eu disse, o belo samba fez jus ao homenageado, a cidade do Rio de Janeiro em seus 450 anos. Marcos Falcon, a frente da agremiação, mostrava que a escola agora tinha comando forte e pela agremiação desfilavam felizes integrantes da diretoria. Jovens surgidos na Portel@web que misturados à experiência de Monarco e Serginho Procópio fazem desse momento mais que especial.

Agora é manter a cautela, os pés no chão e o trabalho. Já vimos muitas vezes favoritas verem seus sonhos se desmancharem na curva da Presidente Vargas com a Sapucaí.

Mas o caminho vem sendo bem traçado.

IMG_1528Para fechar, veio o Salgueiro que deu a sorte do encerramento da chuva, mas que mesmo assim foi prejudicado por pegar a mesma na concentração. Apesar disso o componente entrou animado cantando o samba que tinha a culinária mineira como enredo.

Veio grande, com a presidente da escola linda na frente fantasiada e mostrou que é uma agremiação que, como sempre, vem para brigar pelo título.

Mas faltou o tempero. Faltou o samba.

O do ano passado tirou 10, ganhou Estandarte de Ouro e quase levou a escola da Tijuca ao título, mas a direção achou que não rendeu o suficiente, preferindo voltar a busca por um novo Ita que não rendeu por pelo menos 18 carnavais.

Nada que vá atrapalhar o desfile da escola que já foi campeã em 2009 com o Tambor e é sim uma das fortes postulantes ao título. Mas uma gigante como o Salgueiro com o acervo maravilhoso de sambas que tem até 1993 merece ter sambas a sua altura.

Semana que vem tem Tijuca fazendo teste de luz e som, encerrando o ciclo de ensaios.

2 Replies to “Ensaios Técnicos de Todas as Formas”

  1. Ah, Salgueiro, quem te viu, quem te vê!! Achar que o samba de 2014 não rendeu foi de uma estupidez monstra.

    Um título em 21 anos já devia ter feito a escola tomar vergonha na cara e escolher samba decente. Fora que o gigantismo sempre atrapalha!

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