O primeiro dia de desfiles da Série A, em 2015, mostrou evidente desequilíbrio entre as escolas do grupo. Foram poucos os destaques em uma noite marcada pela irregularidade. Várias escolas apresentaram-se com problemas de acabamento em carros e fantasias, sendo que duas delas sofreram com falta de fantasias em alas e alegorias. Os sambas empolgaram pouco. Abaixo segue um resumo da apresentação de cada agremiação, sob o ponto de vista do setor 4, de onde assisti aos desfiles.
Unidos de Bangu
A caçula da Série A pisou na avenida com a missão de abrir o carnaval. A escola, que levou o enredo “Imperium” para a avenida, apresentou alegorias simples, com algumas falhas de acabamento, porém de fácil leitura e adequadas ao enredo. A evolução mostrou-se coesa. Não foram percebidos buracos ou mudanças bruscas de andamento. Apesar das falhas pontuais, creio que a escola surpreendeu e pode, de fato, permanecer no grupo. Destaque para o samba, valentemente defendido pelo puxador Marcelo Rodrigues.
Em Cima da Hora
Com o enredo “O Rio das Arábias”, a escola de Cavalcanti sofreu com vários problemas em seu desfile. Cerca de 10 alas estavam sem fantasia ou com a fantasia incompleta. Além disso, algumas composições de carros também não apresentaram fantasia, bem como “queijos” vazios em quase todas as alegorias. Ao final, a agremiação acabou estourando o tempo de desfile em 4 minutos, encerrando a apresentação em 59 minutos. A perda de 4 décimos devido a essa falha parece ser o menor dos problemas. O rebaixamento parece inevitável desta vez. Apesar de todo esforço, a escola deve cair para a Série B.
Império Serrano
Com a força de seu samba e sua tradição, a Serrinha pisou forte na avenida. Com o enredo “Poema aos peregrinos da fé”, O Império fez uma das melhores apresentações da noite. Alegorias com bom acabamento e fantasias adequadas, a evolução e harmonia também foram pontos fortes. Apesar das diversas falhas no sistema de som da Sapucaí, os componentes seguraram o canto e foram aplaudidos por toda a avenida. Destaque também para a comissão de frente, com passos elegantes e coreografia marcante. Foi um desfile solto, em que percebia-se a alegria e leveza do componente. Desfile superior ao do ano passado. Deve ficar posicionada entre as primeiras, mais uma vez.
Paraíso do Tuiuti
Quarta escola na avenida, a Tuiuti mostrou alegorias de muito bom gosto. Plasticamente irretocáveis e com luxo e grandiosidade. Destaque também para as fantasias e conjunto da escola. O enredo “Cunhatã chama Curumim que eu vou cantar” começou com uma divertida apresentação da comissão de frente, com índios canibais. A evolução e harmonia mostraram-se bem executadas e o samba bastante funcional. A bateria executou diversas bossas, mantendo cadência e ritmo. Melhor desfile, visualmente falando, da noite. Deve ocupar os primeiros lugares, lutando, inclusive, por campeonato.
União do Parque Curicica
A escola apresentou uma homenagem aos compositores Arlindo Cruz, Martinho da Vila e Monarco, sob o título “Os 3 tenores do samba”. Desfile mostrou alegorias e fantasias bastante simples, porém de fácil compreensão. A bateria foi um dos pontos altos da apresentação. A penúltima ala estava com fantasia incompleta, o que deve gerar perda de pontos. No geral o desfile foi regular, permitindo apenas posições intermediárias para a escola.
Unidos do Porto da Pedra
Com o enredo “Há uma luz que nunca se apaga”, a escola trouxe a luz e energia para a avenida. Alegorias e fantasias criativas, porém de difícil leitura. A abertura foi impactante, com um enorme tigre articulado no abre-alas. Houve algumas falhas de evolução, sobretudo devido à dificuldade de locomoção do quarto e último carro, que fez com que um buraco fosse aberto bem em frente à alegoria. Deve lutar por posições na parte de cima da tabela, porém sem almejar, ainda, o acesso. Demais setores apresentaram-se bem e o samba, apesar de difícil, não comprometeu, cumprindo bem seu papel no desfile.
Caprichosos de Pilares
Talvez a grande surpresa da noite. Belíssimo desfile. Alegorias simples, mas com bom acabamento e destaque para as fantasias, que foram, sem dúvidas, as melhores da noite. De fácil leitura, o enredo “Na minha mão é mais barato” trouxe uma Caprichosos solta. Comissão de frente bastante criativa e evolução bem coesa. O samba, que no pré-carnaval fora bastante criticado, proporcionou um belo desfile, mostrando-se leve e funcional. Deve trazer de volta a escola às primeiras colocações. Belo encerramento. Amanhã trago mais comentários sobre o segundo dia de desfiles da Série A. Até lá!!!