Mocidade é favorita mas Gaviões e Vai-Vai podem surpreender

Terminou mais uma maratona de desfiles do Grupo Especial de São Paulo. A Mocidade Alegre é a favorita, mas não tem o título garantido.

Na primeira noite dos desfiles, a maioria das escolas se apresentou com bastante qualidade nos quesitos plásticos. Em compensação, os sambas não ajudaram e os enredos foram apresentados em sua maioria com muita confusão.

Na segunda noite, a Mocidade Alegre mais uma vez se destacou mas não envolveu o povo como em 2014 e teve pequenas falhas. Gaviões e Vai-Vai surpreendem e mostram força.

Vamos à análise das escolas:

Mancha Verde: A escola que homenageava o Palmeiras abriu muito bem o Grupo Especial paulistano, o enredo foi desenvolvido muito bem dentro da proposta da escola, além disso a harmonia e a evolução foram impecáveis, as alegorias eram mais simples, mas passaram com correção a mensagem, no geral uma apresentação que não deve ter risco algum de rebaixamento.

Acadêmicos do Tucuruvi: A escola da cantareira fez um bonito e colorido desfile mas com alguns problemas que podem tirar ela das primeiras colocações. O enredo não foi bem desenvolvido pela escola, apesar da harmonia alegre e solta, a escola pecou na falta de um algo à mais, as alegorias estavam impecáveis, mas não empolgavam. No geral ficou a sensação de que a escola deve voltar na sexta, mas não fez desfile pra taça.

Tom Maior: A Tom Maior fez uma apresentação complicada, num enredo que ficou muito confusa e alegorias que decepcionaram, a escola do Sumaré não conseguiu agradar, o destaque absoluto foi a bateria que foi muito bem, a escola não precisou correr e com isso pode não sofrer tanto na apuração da terça.

Dragões da Real: Escola fez uma bonita e correta apresentação e se credenciou na briga pelo título. A escola que contou a história do menino Tomé que buscava acreditar no impossível, trouxe carros dos belos da história do Anhembi (apesar de uma leve queda de qualidade no nível nos últimos dois setores), a escola também foi correta em boa parte dos quesitos e brilhou na parte dos quesitos estéticos, pro meu gosto, não houve enredo apresentado, houve um tema, confuso por sinal. No geral, o samba acabou rendendo melhor no começo do desfile e ajudou a animar os componentes, assim como no visual, o canto caiu nos últimos setores e isso pode prejudicar no objetivo principal, apesar disso deve voltar na sexta também, com força pra taça.

Rosas de Ouro: Disposta a quebra a sina dos vice-campeonatos, a escola da Freguesia do Ó fez um desfile muito bonito e com canto forte que acabou se destacando bastante em relação aos anos anteriores. A Bateria começou rateando e melhorou do meio para o fim, a escola se apresentou com correção nos quesitos de pista, porém o destaque negativo fica na não apresentação do enredo. Não houve um começo, meio e fim. Apenas histórias jogadas. No geral, desfile para tentar voltar na sexta, mas sem força pra título.

Águia de Ouro: O Águia de Ouro decepcionou na apresentação sobre os 120 anos do tratado da aliança entre Brasil-Japão, a escola se preocupou excessivamente em abordar o Japão e ficou devendo Brasil. A Harmonia não esteve nas melhores noites, as alegorias apesar de bem acabadas poucos diziam algo, além disso o 4°carro estava bem fraco. No geral, a escola fez um desfile pra meio de trás da tabela. Salvou a bela bateria do mestre Juca.

Nenê de Vila Matilde: A escola da Vila Matilde enfim renasceu, com um enredo afro encantou com muito samba no pé e um harmonia muito forte. A escola enfim contou um enredo numa noite complicada para o quesito, as alegorias estavam muito belas, apenas o último carro destoou do restante pois estava mal realizado. As fantasias eram bonitas apesar de simples, já a bateria infelizmente não esteve no nível do samba, mas também não decepcionou. No geral, um desfile muito agradável que deve lutar pra voltar na sexta das campeãs.

Unidos de Vila Maria: O sábado no Anhembi começou com uma longa espera para a abertura dos trabalhos, muito para o horário casar com a abertura da transmissão da TV Globo, com isso a Vila Maria teve que entoar vários sambas da escola para o esquenta. Passado isso, a escola da Zona Norte fez uma apresentação complicada, o enredo sobre os diamantes ficou extremamente confuso, as fantasias estavam bem mal acabadas e os carros nada diziam de fato, a bateria apresentou uma bossa de pagode, que ao meu gosto ficou horrível, além disso a escola precisou dar uma aceleradinha no final, com tudo isso a escola deve voltar para o Grupo de Acesso de onde veio em 2014.

Gaviões da Fiel: A torcida que samba enfim fez carnaval e que carnaval, contando a história do baralho (tema que é da Grande Rio, também) a escola sacudiu o Anhembi logo nos primeiros minutos, o enredo foi muito bem desenvolvido pelo carnavalesco Zilkson Reis, a escola passou com bastante correção a mensagem, apesar do excessivo número de cartas nas fantasias praticamente todas as alas tinham, os carros eram muito bem concebidos, apesar dos dois últimos não ter me agradado tanto, a escola cantou bastante principalmente até a metade do desfile e a evolução foi praticamente perfeita passando em cima do limite do tempo. Graças a bela comunicação com o público e a bela apresentação a escola fez uma apresentação que provavelmente voltará na sexta-feira das campeãs e que pode surpreender e levar a taça após 12 anos.

Mocidade Alegre: A escola do bairro do Limão fez a melhor apresentação do ano no Anhembi, se não emocionou e arrebatou como em 2012 e 2014, a escola passou melhor em muitos aspectos que nesses anos. A começar pelas alegorias, estavam muito bem caprichadas e bem luxuosas, as fantasias também estiveram impecáveis, o enredo deu uma bela viajada no primeiro setor, mas entrou nos trilhos e foi até o fim do segundo em diante, a evolução da escola esteve impecável ao contrário de 2014, a harmonia também foi brilhante mostrando força na paradinha para o grito de “Bravo Marília”, a despeito de alguns probleminhas nas alegorias e da fria reação do público, a escola do bairro do Limão é muito favorita ao tetracampeonato.

Império de Casa Verde: O tigre guerreiro decepcionou numa confusa apresentação sobre sonhos e sonhadores, a comissão de frente não me agradou pelo excesso de informações nela e assim foi durante todo o desfile, o enredo não foi bem desenvolvido e isso se refletiu em fantasias e alegorias bem complicadas de se entender. Me agradou bastante o carro de som e bateria que viveram noite inspirada, porém a evolução foi bem complicada e a escola precisou correr bastante no fim, com isso foi um desfile de parte final da tabela, mas sem grandes riscos de rebaixamento.

Acadêmicos do Tatuapé: O Tatu da Zona leste fez uma apresentação muito bem nos quesitos visuais, mas que foi bastante prejudicada nos quesitos de pista. A começar pelo carro que foi muito, mas muito mal em relação ao seu potencial prejudicando assim a Harmonia da escola que cantou forte o mediano samba-enredo, a evolução da escola foi lenta no seu inicio o que acabou fazendo a escola correr desesperadamente no fim para não estourar o tempo, o que infelizmente acabou acontecendo, mesmo com problemas tenho que destacar o bom conjunto visual tanto em alegorias e fantasias que se aliaram um belo desenvolvimento de um enredo batido. No geral, a escola deve permanecer no Grupo Especial, mas deve sofrer bastante por conta da correria e da punição de 1,1 sofrida.

Vai-Vai: A escola do povo foi a escola do povo e emocionou todos que viram a bela apresentação da escola do Bixiga, mas que inegavelmente teve muitos problemas de visual e até de Harmonia. A Comissão de frente não me agradou tanto apesar de estar dentro da proposta do enredo e muito bem vestida, já o casal foi muito bem como sempre. O Abre-Alas estavam lindíssimo e gigante o que deu uma complicada na evolução da escola em seu começo, o 2° e 3° carros estavam ok, mas pecavam por melhor acabamento, mas o que complicou e muito a parte visual da escola foi o 4° carro que tinha uma escultura que merecia tapas na cara da homenageada em que a fez, um carro muito feio que infelizmente jogou por terra qualquer chance de vitória da escola, o 5° e último carro estava com concepção e realização muito aquém do que se imaginava. A Harmonia da escola foi irregular com a escola cantando muito forte no refrão e no lareilarei e pouco em outras partes do samba. No geral, a Vai-Vai fez uma boa apresentação, mas não passou de forma linear em todos os quesitos, uma pena, já que prometia grande duelo com a Mocidade Alegre.

X-9: A escola da Parada Inglesa que encerrou o Grupo Especial não foi bem no seu desfile sobre a chuva que a castigou em 2014, confesso ao leitor que apostava muito na X-9 para surpresa do ano em SP (inclusive mostrei isso nos palpites), mas a escola decepcionou e muito. O bom samba não foi bem cantado pelos componentes, o que foi surpreendente dado ao belos ensaios técnicos realizados, além disso o conjunto visual apesar de bem feito não empolgou e o enredo não foi muito bem desenvolvido pelo bom André Machado. Uma apresentação que prometia muito e que se mostrou bem pouco produtiva de fato e que deve ficar ali pela meiuca da tabela.

Fazendo um resumo geral, o bairro do Limão deve comemorar mais um título já que a Mocidade passou impecável pelo menos em sete dos nove quesitos e onde não foi impecável esteve próximo disso, três escolas podem tentar tirar a taça do Limão: Vai-Vai (emoção), Dragões (visual) e Gaviões (visual e boa comunicação). Essas quatro junto do Tucuruvi devem estar na sexta-feira das campeãs no Anhembi.

Quem pode tentar roubar alguma vaga é o Rosas e a Nenê, na briga contra o descenso estão com favoritismo para voltar ao acesso a Vila Maria e a Tom Maior, mas não me surpreenderia com Águia, Império e Tatuapé também brigando por uma das vagas no Acesso.

Como não fujo de apostas aí vai minha classificação com cabeça de jurado.

1°Mocidade
2°Dragões
3°Gaviões
4°Vai-Vai
5°Tucuruvi
6°Rosas
7°Nenê
8°X-9
9°Mancha
10°Águia
11°Império
12°Tatuapé
13°Tom Maior
14°Vila Maria

Sobre a transmissão da Globo: Melhorou e muito em relação à 2014, Alemão do Cavaco foi uma grata surpresa e Monalisa e Chico comandaram (alegres, risos) com correção a maratona de desfiles, meu destaque negativo é claro que fica para os comentaristas Paula Lima e Celso Víafra, além do insuportável fiscal de cronômetro Phillipe Siani.