Neste sábado tivemos o segundo dia de desfiles da Série A. A frisa do Ouro de Tolo ficou no mesmo local de ontem, no Setor 3, entre o início da pista oficial de desfiles e a primeira cabine de jurados.

O dia já começou muito mal, com a bateria e o carro de som da Alegria destruindo seu ótimo samba de 2014 no esquenta. Algo simplesmente horrível.

alegria2015O desfile principal foi outra coisa para se esquecer. Carros grandes mas de péssimo gosto e mal acabados, mas melhor que a Unidos de Bangu. Fantasias completas, mas simplíssimas demais que me fizeram recordar os tempos de Grupo B na terça na Sapucaí.

Além de simples, com uma péssima concepção, tanto é que em um enredo fácil, o carioca, não pude desgrudar do roteiro de desfile e mesmo com ele ainda foi difícil entender algumas fantasias.

A harmonia foi aquilo de sempre da Alegria, mas pelo menos umas cinco ou seis alas ainda cantaram, não foi o mesmo fiasco de outros anos. Já a evolução da escola foi bastante conturbada no início do desfile devido à dificuldade com os dois primeiros carros, do segundo carro em diante tranquilo.

Quanto ao samba e à bateria, prefiro nem comentar para não me exceder nas críticas. Apenas destaco o “prateiro maluco” que só batia fora do tempo.

Deve disputar a permanência décimo a décimo com a Unidos de Bangu.

santacruz2015Depois, passou uma agradabilíssima Santa Cruz. A escola deixou para trás seu histórico recente de desfiles modorrentos e fez sua melhor exibição em alguns anos. O enredo sobre Grande Otelo casou muito bem com a escola, que poderia investir mais em enredos alegres e comunicativos como esse.

Escola completinha plasticamente, mesmo que sem luxos, e sem grandes defeitos de acabamento nem em fantasias nem em alegorias.

Uma harmonia muito boa, mesmo que longe da perfeição, até o momento só ficara devendo para a catarse imperiana de sexta-feira. Evolução fácil e sem atropelos.

Bateria melhorou bem em relação ao ano passado, com boa atuação. O samba não é nenhum clássico, mas cumpriu bem o seu papel alegre dentro do enredo e proporciou boa comunicação com o público, que realmente gritava logo após o verso “Se você está feliz dá um grito”.

Dou um destaque especial para um fato diferente. Na frisa ao nosso lado estava um torcedor apaixonado da Santa Cruz, que chegou a estender uma faixa para escola.

Aproveitando uma pausa da escola para apresentação de comissão de frente, o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira fez uma dança especial para ele e ao fim ofereceu a bandeira da escola para um beijo dele. Logo após o beijo o senhorzinho chorou copiosamente e por muito pouco não passou mal.

Bom desfile que pode deixa a Santa Cruz no fim da metade de cima da tabela.

inocentes2015bDepois da Santa Cruz veio a Inocentes de Belford Roxo homenageando Nelson Cavaquinho e foi a primeira escola que trouxe uma estética no padrão daquelas que nos acostumamos a ver disputando o título do Acesso.

Fantasias e carros grandes e luxuosos, abusando da iluminação. O problema é que três dos quatro carros apresentaram alguma falha nos efeitos luminosos. Evolucção tranquilíssima, um samba bem melódico, gostoso, mesmo que tenha sido puxado muito longe da melhor forma possível.

A bateria merece um capítulo a parte, uma evolucão absurda em relação aos anos anteriores da escola. Uma afinação ótima, várias bossas perfeitamente encaixadas e com direito a coreografia. Destaque para a longa bossa na qual a Inocentes tocava em surdo único, igual a bateria da Mangueira, escola do homenageado.

Seria um desfile para disputar o título se não fosse por um quesito: a harmonia. O único ponto fraco da escola, mas excessivamente fraco, sendo a pior harmonia do Acesso até aquele momento, apesar do ótimo samba.

padremiguel2015eSó que aí surgiu a Unidos de Padre Miguel e jogou tudo pelos ares, no melhor dos sentidos. Traumatizada pelo ano passado, quando a escola perdeu o título em um enorme problema de evolução, a escola encurtou o esquenta a um refrão e não perdeu sequer 1 um minuto de desfile. E que desfile!

Um samba tão maravilhoso quanto difícil, que foi puxado com maestria por Marquinhos Art Samba e cantado por toda a escola em uma harmonia perfeita, só comparável a do Império Serrano até então.

A escola, apesar de gigante, evoluiu muito bem no setor 3.

A bateria, pesadíssima como manda a tradição da escola, também foi muito bem, conduzindo o samba e levantando o público.

Isso tudo foi recheado com fantasias luxuosíssimas e carros alegóricos imponentíssimos que brigariam até no Grupo Especial mostrando muito luxo até onde seria difícil encaixá-lo por causa do enredo sobre Ariano Suassuna.padremiguel2015c

O enredo foi passado com uma clareza ímpar por um carnavalesco quem vem se notabilizando por excelentes trabalhos, mas que continua esquecido: Edson Pereira. Está na hora de ele ter uma oportunidade no Especial.

Um desfile que parecia muito próximo da perfeição, porém, segundo informações recebidas (repito que fiquei no inicio da pista), a escola teve de correr mais uma vez para não estourar o tempo, mesmo que não tenha sido o inferno do ano passado.

Logo depois veio o Império da Tijuca, tentando voltar ao Grupo Especial, de onde foi rebaixada injustamente. A escola veio para brigar pelo título com a Unidos de Padre Miguel, mas cometeu pecadilhos que a podem atrapalhar.

As alegorias estavam bem acabadas e grandes, o abre-alas até estava com portentosos efeitos de água. Mas a sua Coroa Imperial apagou por completo ainda no Setor 1.

As fantasias estavam tentando repetir o nível de Padre Miguel, porém uma ala se apresentou com alguns componentes sem chapéu.

A evolução foi um tanto atrapalhada, com a escola correndo demais desnecessariamente e nisso abriu um buraco considerável e persistente quando a bateria saiu do recuo.

A bateria, como sempre, ligou a sexta marcha e atropelou o samba, que é bonito mas difícil. Resultado: lá se foi a harmonia. Não foi o desastre do ensaio técnico, mas não foi boa.

Enfim, ainda pode brigar pelo título mas corre por fora.

renascer2015Depois veio a Renascer. Uma escola com um samba de verdade e com problemas financeiros. Até que pelo aventado antes do desfile, a escola veio bem digna. Um desfile típico de meio de tabela. A parte plástica, sem luxos e com muita coisas que não eram nada inéditas para os meus olhos, veio bem razoável. Destaque para a Águia do carro 2, que publicamente foi doada pela Portela. Três dos quatro carros tinham efeitos sonoros.

A escola veio pequena e teve até de enrolar para cumprir o tempo mínimo de desfile. Porém, o grande mistério é a harmonia: a escola, com um samba louvado por dez entre dez pessoas, teve uma harmonia claudicante. As arquibancadas chegaram a cantar mais o samba que a própria escola.

A bateria veio muito firme e o samba dispensa comentários. Se não for nota 10 será absurdo gigante.

Em seguida veio o esperado desfile da Cubango, porém ele não “aconteceu”. O samba é realmente bom, Preto Joia puxou muito bem como eu não via há algum tempo, a bateria foi competente, a escola teve uma boa harmonia, mas as arquibancadas não responderam, nem a escola cantava com a  empolgação costumeira da Cubango. Isso gerou um desfile burocrático.

Esse desfile burocrático resultou em uma evolucão bem lenta. A escola só passou completa pelo setor 3 com 39 minutos e só passou na metade do desfile com 50 minutos. A escola fechou com 55 minutos exatos, mas provavelmente teve de correr para fechar no tempo.

A parte plástica também não ajudou muito. A escola estava bonita, completa e acabada mas um passo atras de Unidos de Padre Miguel e Império da Tijuca, tanto em alegorias como principalmente em fantasias.

Por fim, um enredo confuso, especialmente na distribuição de alas, com fantasias às vezes não refletindo a justificativa. Também senti falta de João Cândido, o Almirante Negro, no carro 3, já que ele é citado na justificativa.

Não seria muito injusto se a escola não ficasse no Top 5.

Para encerrar a Serie A, o desfile daquela que era considerada a “favoritaça” no pré-carnaval, a Estácio de Sá.

O excelente samba rendeu muito bem e a Estácio cantou bastante, se igualando a Unidos de Padre Miguel e Império Serrano. A evolução teve um pequeno problema em frente ao primeiro módulo com o carro 2, mas, fora isso,, foi tranquilíssima.

A bateria, acelerada como sempre, pareceu sair do compasso quando chegou aqui, mas até agora tenho dúvidas se não foi barbeiragem do pessoal do som. Depois disso, tranquilo.

Quanto à parte plástica, as fantasias nada ficaram a dever a nenhuma outra escola. Porém as alegorias 4 e, especialmente, a 3 estavam um nível abaixo de Império da Tijuca e Unidos de Padre Miguel. O carro 3 estava inclusive mal acabado na parte de trás.

Juntando tudo e analisando, o título ficando seja em Padre Miguel ou no Estácio estará justo. Também não descartaria o Império Serrano, pois apesar da plástica estar sem luxo, estava passável e foi um grande desfile de chão, exatamente como previ que poderia ocorrer no OT na quarta-feira.

Por fora, corre o Império da Tijuca e ainda mais por fora a Paraíso do Tuiuti, mais por sua força política do que pelo desfile em si.

2 Replies to “Título entre Padre Miguel e Estácio ficará justo”

  1. Acho que a Estácio está fora pois teve muitos problemas de sincronia no efeito do adereço da comissão de frente que ficava nas costas de alguns membros. Além disso, a plástica da escola começou boa mas caiu bruscamente no final. O enredo também foi meio mal
    amarrado.Samba e harmonia foram os pontos fortes com certeza.
    Para mim Império Serrano e Tuiuti no primeiro dia e Império da Tijuca e Padre Miguel no segundo, qualquer uma delas será justo.

Comments are closed.