As mudanças (ou não) para o Carnaval-2016

Há exatamente um mês foi realizado o Desfile das Campeãs e, desde então, uma série de notícias movimentou os bastidores do Carnaval do Rio. Agora que as coisas parecem ter acalmado um pouco, vamos a uma análise do que aconteceu de mais importantes nas últimas semanas.

– Contratação de Paulo Barros pela Portela – depois da decepcionante passagem do carnavalesco pela Mocidade, a Águia surpreendeu ao contratá-lo. Surpreendeu porque PB tem um perfil bem diferente do qual a escola está acostumado. Resta saber se ambos vão se moldar um ao outro, porque se isso não ocorrer, a tendência é a de um casamento problemático e curto. Era muito jovem e não vi na época, mas essa situação atual me lembra muito a do breve enlace entre Fernando Pinto e Mangueira em 1982. Por outro lado, Paulo Barros é gênio e pode entregar o algo mais que a Portela precisa para quebrar o jejum.

– Volta de Alexandre Louzada para a Mocidade – a capacidade de Louzada é inquestionável, tanto que ele já foi campeão por Mangueira, Vila Isabel e Beija-Flor. Fez um excepcional trabalho em 2014 e um pouco inferior em 2015, mas está ainda em grande forma. O enredo #alendaimaginação, se bem desenvolvido, promete um belo desfile para a Verde e Branco, que terá ainda no barracão o excelente Edson Pereira,que ainda segue na Unidos de Padre Miguel.

– Contratação de Igor Sorriso pela Vila Isabel – a escola do bairro de Noel dispensou o ótimo cantor Gilsinho e apostou no mais promissor intérprete da nova geração do Carnaval. É o típico caso em que tanto a Vila como Igor sairão ganhando. Já Gilsinho pode acertar com a Imperatriz. Quem perde, e muito, é a São Clemente, que nos últimos anos vem jogando para longe o estigma de escola ioiô, com grande contribuição de Igor.

– Permanência de Rosa Magalhães na São Clemente – se a escola perdeu Igor Sorriso, por outro lado manteve a grande carnavalesca Rosa Magalhães, que  se antecipou ao anunciar o enredo para 2016: “Mordomia-Mor da Casa Real de Dom João VI”, que promete aliar os aspectos históricos tão presentes nos enredos de Rosa e a irreverência da agremiação da Zona Sul – o presidente Renato ainda não confirma o enredo. De qualquer forma, ponto para os clementianos!

– Enredo da Imperatriz sobre Zezé di Camargo & Luciano – pode até dar certo, mas confesso que não curti. Tudo vai depender da forma como Cahê Rodrigues desenvolver o enredo, o que ele fez com competência nos últimos três anos (Pará, Zico e Axé Nkenda). Se levar pelo lado poético da superação de vida dos irmãos e a chegada ao estrelato, pode funcionar e até emocionar. Se for simplesmente pelo lado dos sucessos da dupla, pode render um samba cheio de clichês e um desfile chato. O que não aprovo nem sob tortura é a dupla participar da gravação do samba. Nesse ponto, pra mim é “cada macaco no seu galho”.

– Enredo do Salgueiro – por enquanto, sabe-se apenas o título do enredo, “A Ópera dos Malandros”, e que será autoral/cultural. Parece num primeiro momento algo a se tornar um gol de placa da direção da escola, e da sempre competentíssima dupla formada por Renato e Márcia Lage. Aguardo com ansiedade a divulgação de mais detalhes do enredo.

– Enredo da União da Ilha sobre as Olimpíadas – a simpaticíssima escola tricolor vai aproveitar o ano olímpico para falar sobre os Jogos. Parece justo, mas a Ilha precisa tomar cuidado no desenvolvimento do enredo, já que há o perigo de isso se tornar repetitivo, lembrando que Mangueira (1997) e Portela (2007, embora sobre o Pan) já levaram para a avenida temáticas semelhantes.

– Contratação de Paulo Menezes e Jack Vasconcelos pela Ilha – os dois carnavalescos já tiveram passagens pela Tricolor e sem dúvida podem fazer um belo trabalho, pois já conhecem bem a escola. Resta saber como será o desenvolvimento do enredo.

– Contratação de Alex de Souza pela Vila Isabel – o carnavalesco encerrou seu ciclo na Ilha e voltou para a escola em que desenvolveu um de seus melhores trabalhos, ao lado de Paulo Barros, em 2009 (enredo sobre o Theatro Municipal). Depois de dois desfiles com colocações ruins – o deste ano merecia uma posição mais acima na tabela -,  a Vila resolveu mudar. A qualidade de Alex é inquestionável e ele já prometeu buscar inspiração na própria Vila para o próximo desfile.

– Permanência de Mestre Casagrande na Tijuca – a melhor notícia possível para a comunidade tijucana foi a permanência do diretor de bateria, depois dos excelentes trabalhos nos últimos anos, o que culminou com um inédito Estandarte de Ouro para a Pura Cadência. Identificado com a escola e de competência inequívoca, Casagrande sem dúvida continuará mantendo a Tijuca com ótimas notas no quesito.

– Indefinição do novo carnavalesco da Mangueira – Cid Carvalho ficou revoltado com a forma pela qual foi dispensado, enquanto a direção da escola alega que o carnavalesco não compareceu ao desfile e tampouco entregou o trabalho que se esperava. É o típico caso que não havia mais clima para ambos trabalharem juntos. Lamentavelmente a indefinição sobre o carnavalesco oficialmente persiste, mas a escola deve fechar com o promissor Leandro Vieira, que faria uma parceria de luxo com o consagrado Max Lopes.

– Contratação de Pixulé pelo Império Serrano – apesar do ótimo desfile de 2014 nos quesitos samba-enredo e harmonia, a escola da Serrinha contratou o ótimo cantor Pixulé para dar peso ao carro de som. Outro caso em que tanto escola como intérprete saem ganhando. Vamos ver se a querida agremiação consegue finalmente voltar ao Grupo Especial.