Hoje essa coluna ligada aos esportes fala de uma galera que não leva esportes a sério.

Graças a Deus.

E acho que eles estão mais do que certos. Eu digo sempre, por exemplo, que o futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes que existe. E é verdade. Tirando os profissionais, aqueles que ganham dinheiro e dedicam suas vidas ao esporte eu pergunto… No que eles influenciam nossas vidas?

Vai mudar sua situação financeira seu time ser campeão? Aquele chifre que você levou da namorada vai parar de doer se ganhar um clássico? O que mudará na sua vida um monte de caras com camisas do time que você curte dando uma volta olímpica e se enchendo de dinheiro por isso?

Nada. Mas aí que está a graça.

O futebol, e os esportes em geral, nos mostram que nem tudo na vida tem que ter uma contrapartida. O prazer que o esporte nos dá vem da fantasia, de um lado inocente e criança que nós levamos para o resto da vida graças a ele. Nas brincadeiras de criança somos John Wayne, o craque da bola, o super herói, somos o máximo no vídeo game e pelo menos enquanto exercemos essa fantasia acreditamos nela piamente. Conseguimos sair de nossa dimensão, de nossas vidas para viver aquilo.

Assim é com o futebol. Durante uma partida de nosso time do coração nada é mais importante que aquilo. Nós sofremos, vibramos, choramos como se aquilo realmente influenciasse nossas vidas. Abraçamos o desconhecido, choramos como bebês por causa de um monte de marmanjos fazendo gols e levantando taças. Muitas vezes não temos força para mudar nossas vidas quando passa fase ruim, mas batemos no peito com coragem e gritamos o hino quando o time é rebaixado.

A paixão que se inicia quando criança, que não permite mudanças de paixão, logo creditada à falta de caráter. Que desperta sonhos, fantasias e por isso devia ser atrelada apenas a alegria. Mas no mundo moderno e esquisito que temos hoje é atrelada a fanatismo, intolerância, violência.

Pessoas se matam, se odeiam apenas porque torcem por times diferentes.

maracana1987Então repito. Que bom que temos esses caras.

Quem liga na Bradesco Esportes FM de meio dia a uma e meia da tarde entende nada. É uma confusão. Os caras falam ao mesmo tempo, gritam, se ofendem, ofendem os ouvintes. Discussões acaloradas que faz parecer que vão se pegar na porrada, nunca mais vão se falar e logo depois debatem sobre BBB, Walking Dead ou filmes pornôs homossexuais.

Falo de Alexandre Araújo, Alexandre Tavares, Tony Platão, Lopes Maravilha e Alex Calheiros. Os loucos que fazem um programa chamado “Popbola”. O melhor programa do rádio brasileiro e um dos melhores de humor que existe.

A fórmula é muito simples. Um mediador, um comentarista torcedor de cada grande do Rio, um do Botafogo (Não resisti) e a informação relegada ao segundo lugar (como diz o lema deles). O que vale ali é não ter filtro e falar as maiores bobagens possíveis, as coisas mais estapafúrdias em tom sério, o que torna tudo muito mais engraçado. É a tal fantasia que eu tanto citei acima.

A fantasia do futebol usada ao máximo pelo programa. Por uma hora e meia o ouvinte, assim como no jogo, esquece seus problemas e ri. Quer coisa melhor que isso? Eu mesmo muitas vezes esqueci meus problemas ouvindo o programa, fazia minhas caminhadas solitárias e gargalhava sozinho, trazendo olhar de susto de algum transeunte desavisado.

É um programa de treze anos. Que começou na Rádio Cidade, migrou por várias emissoras de rádio, tvs e muito imitado. Mas é o original, é quem inventou esse formato e por isso tão querido pela audiência.

Dali surgiu Alex Escobar, hoje da Tv Globo, é um programa que revela talentos e cultua os que fizeram história. Decidi escrever essa coluna após ouvir um programa com o grande Luis Carlos Miele. Achei formidável o respeito e a reverência que trataram o veterano artista. Naquela noite de sexta ouvia,ria, saboreava as histórias e pensava que talvez esses caras não saibam a importância que tem.

20150214_223848Deles só conheço o Alexandre Araújo pessoalmente, tive o prazer de compor com ele para a São Clemente – na foto ao lado, com o Migão. Mas a vontade que tenho é dar um abraço em cada um. Dou então esse abraço virtual. Porque assim como é comigo sei que eles provocam risos em muita gente e boa parte, acredito, que naquele instante o que mais precisava era aquilo. Um sorriso.

Ao contrário do que eles pregam digo. Botem as crianças na sala e liguem o rádio. Vão conhecer assim duas coisas importantes. O prazer de conhecer um veículo tão importante como o rádio e de ver que a essência do futebol é a alegria e a fantasia que proporciona.

Fora que ninguém “sabe ofender” uma mãe tão bem quanto eles..

Valeu PopBola!!

[N.do.E. – era ouvinte diário  do programa até a mudança para o horário do almoço, que ficou inviável, infelizmente, para mim. PM]

5 Replies to “O bom PopBola”

    1. A educação com os demais leitores me impede de escrever o que eu pensei e que mereceria

  1. Muito bom texto, definiu tudo o que eles representam para os fãs do Jocoso Pop Bola, meu companheiro inseparável de trânsito.

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