Chegou ao fim mais uma temporada da Superliga de vôlei. E, se no resultado final não tivemos grandes surpresas, as convocações das seleções masculina e feminina podem nos reservar algumas novidades.

A vitória do Sada/Cruzeiro coroou a equipe mais regular e vitoriosa do vôlei masculino do Brasil na atualidade. Nos últimos quatro anos, o time esteve em todas as finais do maior torneio do país e levantou o troféu em três ocasiões. Nesse ínterim, ainda conquistou o campeonato mundial de clubes e outros títulos de grande relevância no cenário brasileiro e sul-americano. E, pela segunda vez consecutiva, derrotou a equipe do Sesi-SP.

_MG_8561Vale ressaltar o altíssimo nível técnico da decisão, o que já era esperado em se tratando de duas equipes que contam com jogadores com passagens pela seleção brasileira. E, embora o Sesi-SP tenha atuado melhor em vários momentos da partida, o Sada/Cruzeiro teve mais frieza e competência para decidir a partida em seu favor.

O cubano Leal, mais uma vez, foi o nome do jogo – e também do campeonato – com uma atuação impecável. Do lado do Sesi-SP, o grande nome foi o meio de rede Riad, que vive a melhor fase de sua carreira e, merecidamente, foi lembrado pelo técnico Bernardinho em recente convocação do selecionado nacional.

Ainda com relação ao campeonato masculino, merecem citações honrosas os times do Taubaté/Funvic e do tradicional Minas. Aquele disputou pela primeira vez a Superliga e montou um time estelar, somente parado pelo Sesi-SP nas semifinais. Já o Minas, que perdera suas maiores estrelas, buscou jogadores até então desconhecidos e apostou na sua base e alcançou um digno quarto lugar.

E as movimentações para a próxima edição da Superliga estão a pleno vapor. O Taubaté terá o apoio financeiro do São Paulo Futebol Clube e já se reforçou com dois nomes de peso: os ex-Sesi-SP Lucarelli e Riad.

Na decisão feminina deu a lógica: o Rexona-Ades/RJ derrotou, com autoridade, o Molico-Nestlé/SP. A equipe carioca, que fez uma campanha impecável, durante toda a fase regular, mostrou ainda mais regularidade e força na fase eliminatória. E, se na primeira fase, o nome do Rio foi a ponteira Gabi, nos jogos finais brilhou a estrela de Natália, que está numa forma exuberante e, sem dúvidas, se consolida como uma das jogadoras mais importantes do país. Outro destaque individual da Superliga foi a ponteira Jaqueline, que impulsionou o Minas/Camponesa até as semifinais da competição.

Por fim, as expectativas quanto ao desempenho dos selecionados masculino e feminino do Brasil são bastante díspares. No feminino temos uma equipe que carregará o peso do favoritismo para a conquista do tricampeonato olímpico. As ponteiras Natália e Gabi estão em excelente fase e, na Superliga, Natália ainda mostrou que pode atuar com eficiência como oposta. No meio de rede contamos com grandes talentos, como Fabiana e Thaísa, além do crescimento das jogadoras Ana Beatriz (Sesi-SP) e Carol (Rexona-Ades/RJ). As duas últimas merecem vaga nas próximas convocações.

olkselmmurilo_lp_1608122Já a seleção masculina sofre com a falta de opções em algumas posições. Abundam-se centrais de qualidade (Lucão, Sidão, Riad, Maurício, Éder e Isac são alguns exemplos), nas posições de oposto e ponteiro temos uma preocupante carência. O ponteiro-passador Murilo, que novamente foi convocado, vive o período mais difícil da carreira após seguidas contusões. Seu substituto, o jovem Lucarelli, embora seja bastante eficiente no ataque, apresenta sérias deficiências no passe.

A posição é tão problemática que circulam rumores de uma possível naturalização do cubano Leal para que ele possa defender o Brasil nos Jogos Olímpicos vindouros. E, na função de oposto, temos Wallace como titular absoluto, mas sem alguém a altura para substituí-lo. O fator casa pode atuar em favor da seleção masculina, mas a seleção masculina de vôlei, depois de longos anos no topo, não chegará em 2016 como favorita ao título olímpico.

Observação: a levantadora Fofão, aos 45 anos, se aposentará após o campeonato mundial de clubes. E, mais uma vez, foi peça-chave na conquista do tricampeonato do Rexona-Ades/RJ. A jogadora merece todas as loas por sua brilhante carreira e, indubitavelmente, está no panteão das maiores jogadoras de vôlei da história.

6 Replies to “Um balanço da Superliga e do vôlei brasileiro”

  1. Aline,

    Enquanto a seleção feminina não resolver sua deficiência na posição de levantadora que já se arrasta há 4 anos, não há como achar a seleção feminina favorita a nada.

    Milagres como as boas atuações de Dani Lins nos jogos decisivos de Londres não ocorrem com frequência (a própria Dani Lins nunca mais jogou o que ela jogou nas quartas e na final de Londres).

    Apesar de reconhecer as deficiências apontadas no time masculino, não vejo nenhuma equipe na ponta dos cascos entre os homens. Já entre as mulheres parar os EUA será complicado. Por isso digo que o time masculino hoje ainda tem um tantinho mais de favoritismo do que o feminino, mas nenhum dos dois é favorito mesmo.

    Abraços,
    Rafael Rafic

  2. Olha, Dani Lins jogou muito na superliga passada e no Grand Prix. No mundial o fato de Fernanda Garay e Sheilla estarem apagadas no ataque pesou muito no rendimento da levantadora, além de ter passado quade toda a Superliga lesionada. Só que com o resurgimento de Natália, o crescimento de Gabi e a Grande fase de Jaqueline, acho que tem tudo pra seleção se reencontrar. Já a Masculino sofre o problema de Bernardinho ter montado uma panela. Sidão e Murilo não rendem mais e o técnico insiste nesses jogadores. Tomara que Riad renda na seleção o que rendeu na Superliga e que os jovens ponteiros (Bruno Canuto, Lucas Lóh, João Rafael) mostrem serviço.

  3. Rafael,

    no feminino só temos uma adversária: a seleção norte-americana. E, se Dani Lins não é excepcional, também não compromete. Ademais, ela tem a sorte de poder jogar ao lado de grandes pontuadoras que vivem em ótima fase – Gabi, Natália, Fernanda Garay e as centrais. Ainda temos a Sheilla, embora esta venha jogando bem abaixo do esperado, mas peça fundamental em jogos decisivos.

    Já a seleção masculina está numa sinuca de bico. Esta última convocação mostra o quão deficientes estamos em algumas posições. Se o Wallace não estiver bem, teremos que depender de Vissotto? Renan? Evandro? E, na função de ponteiro-passador a situação também é precária. Maurício é inconstante tanto no ataque quanto na defesa. Lipe idem. E, se Murilo for titular, é um a menos para atacar, o que facilita a vida do bloqueio adversário.

    Acredito que estamos abaixo de, pelo menos, três seleções. Podemos vencer a Olimpíada? Sem dúvidas, sobretudo impulsionados pela torcida. Mas, realisticamente falando, vamos depender da sorte nos cruzamentos para chegarmos ao jogo final.

  4. Bem lembrado, Felipe! Bruno Canuto foi uma grata surpresa. Também tô torcendo para que o Riad renda na seleção.

    Quanto ao Murilo – sou apaixonada por ele – mas já deu. Não tem mais condição alguma de jogar na seleção brasileira.

    1. A panela que o Bernardinho faz na seleção leva a este tipo de coisa, jogador com 200 anos mas que não sai da seleção

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