Vocês são testemunhas de que, há muito tempo, eu aposto que Goiás, Coritiba e Joinville seriam três dos quatro rebaixados para a Série B. São também prova do quanto eu me esforcei para dizer que o Vasco não seria rebaixado. Também cheguei, em alguns momentos, a ver uma luz no fim do túnel para esse ou aquele time e, em geral, colocava o pobre do Avaí como rebaixado no lugar um dos quatro.

Pois depois de 17 rodadas digo que me parece muito, mas muito difícil imaginar que qualquer um dos outros 16 times seja rebaixado no lugar de qualquer um dos quatro que hoje habitam o Z-4. Em primeiro lugar porque a distância do Goiás, que abre a zona de rebaixamento, para o Avaí, o último a se salvar, já é de cinco pontos. Vasco e Joinville estão sete atrás e o Coritiba oito. Ou seja: só na última rodada do primeiro turno podemos ter mudanças na zona da degola. Já Vasco, Coritiba e Joinville, na previsão mais otimista, saem do Inferno apenas na primeira rodada do returno.

Fosse só essa distância o problema, estaria tudo ainda sob controle. Afinal de contas, são 21 rodadas. Mas o que torna difícil acreditar em qualquer um dos quatro na Série A de 2016 é o futebol apresentado. A deficiência técnica já atrapalha, mas os quatro parecem derrotados, entregues, como se não acreditassem em sorte melhor. Em suma: é como se os quatro estivessem em um ritmo diferente do resto, como se fizessem parte daquelas equipes de Fórmula 1 que só aparecem quando seus pilotos virão retardatários. E, como qualquer retardatário, a única função desse grupo no Campeonato parece ser atrapalhar quem realmente disputa alguma coisa.

Avaí 1 x 0 Fluminense

O Avaí deu uma sorte considerável ao abrir o placar antes dos 15 minutos de jogo. Aproveitando a bobeada do Diego Cavalieri, o Leão pôde administrar o resto da partida com uma postura mais defensiva, cautelosa. O Fluminense, por sua vez, teve o domínio do jogo, mas fez uma partida muito ruim. Ronaldinho Gaúcho tem problemas sérios de movimentação e como todas as jogadas parecem ter que passar por ele, o time carioca perdeu muito em velocidade, criando pouco.

A marcação do Avaí foi mais uma vez um ponto a se elogiar. Gilson Kleina mais uma vez armou um time muito bem posicionado e estabelecido, que deu poucos espaços. O Fluminense, assim, só conseguiu pressionar um pouco quando foi para o desespero. Embora tenha sido bem mais presente no ataque, não dá pra dizer que a derrota foi injusta.

Santos 3 x 0 Coritiba

Aos poucos esse time do Santos vai se ajeitando e se afastando de um grupo que não lhe pertence, que é o dos times que estão ameaçados pelo rebaixamento. Isso ficou claro contra o Coritiba, que é um desses times. O domínio do Santos foi absoluto e durou 90 minutos. Já nos primeiros minutos o Peixe perdeu um gol inacreditável e, logo na sequência, abriu o placar em um belo chute de Geuvânio de fora da área.

O Coritiba, corroborando com o que eu dizia no início do texto, parece ter ido para a Vila por obrigação. O time parece incapaz de tentar alguma coisa quando joga fora de casa. Tenta se defender e fazer o tempo passar, cozinhando eternamente o jogo. Como o time santista não é tonto, não foi o suficiente. Com naturalidade, outros dois gols saíram e definiram a partida. E poderia ter vindo mais, mas o time da casa desperdiçou algumas chances importantes e terminou 3 a 0. Não dá pra reclamar.

fgfgAtlético Paranaense 1 x 1 Sport

Foi um duelo de rubro-negros dos mais interessantes. O Atlético começou muito bem o jogo e desmontou a marcação bem organizada do Sport. O time pernambucano sofreu para combater as laterais dos atleticanos, especialmente a direita, e tudo sugeria que o time local estava mais perto do gol. Ledo engano… Logo no primeiro lance de perigo, o Sport abriu o placar. Era, na verdade, um sintoma daquilo que se veria durante todo o primeiro tempo. Embora o Furacão fosse melhor, o Leão era mais perigoso por conta da tragédia que era o sistema defensivo da equipe de Milton Mendes.

Sem conseguir matar o jogo no erro do adversário, o Sport voltou mais fechadinho para o segundo tempo, para tentar bloquear um pouco o ímpeto atleticano. Não deu muito certo e o domínio local ficou mais evidente. O Furacão desperdiçou um arsenal de chances e já lamentava uma derrota pra lá de injusta quando o zagueiro chileno Vilches testou no canto direito de Danilo Fernandes para empatar um belo jogo de futebol.

Vasco 0 x 0 Joinville

É difícil elencar a quantidade de coisas lamentáveis envolvidas nesse jogo. Tudo começava até bem, com a presença espetacular da torcida vascaína ao Maracanã. Mas, como diria Eurico Miranda, ponto. Acaba aí a alegria. Desde a bagunça generalizada do Consórcio que administra o estádio e que fez muita gente perder praticamente o primeiro tempo inteiro até o futebol inacreditável jogado pelos dois times, tudo ali fazia parecer que tínhamos um jogo de Série B naquela manhã de domingo no Rio de Janeiro. O Vasco é tão bizarro, que consegue a proeza de ter que agradecer por empatar em casa com o Joinville. Se fosse para alguém ter vencido o jogo, seria o JEC, que vem em clara evolução no Campeonato. Enfim, foi jogo pro vascaíno praticamente jogar a toalha. Uma tristeza.

São Paulo 1 x 1 Corinthians

Que clássico espetacular no Morumbi! Um jogaço. O São Paulo de Juan Carlos Osorio é um excelente time e encurralou o Corinthians no seu campo de defesa. A marcação forte no meio-campo fez o Tricolor controlar aquele setor do campo e, aí, as coisas ficaram mais fáceis. O Timão vinha se segurando como podia e, letal como de costume, aproveitou um contra-ataque bem armado para abrir o placar. O jogo seguiu no mesmo ritmo, com o São Paulo ditando as ações e o rival se defendendo do jeito que dava e tentando criar alguma coisa no erro do adversário. Duas bolas na trave garantiam a vitória alvinegra.

Mas, logo aos dois minutos de jogo no segundo tempo, o São Paulo empatou com muita justiça. Curiosamente, começava ali o melhor momento do Corinthians no jogo. Embora tenha armado muito bem o time, Osorio mexeu mal e deu liberdade para Renato Augusto. Bem marcado, ele não vinha bem e, com isso, o meio-campo todo do time ia mal. Com mais liberdade, ele cresceu e o Corinthians cresceu junto. Porém, com Jadson apagado e Elias muito mal, as coisas não aconteceram. No final do jogo, a expulsão de Felipe complicou de vez as coisas. O São Paulo poderia ter vencido o jogo caso o árbitro tivesse anotado o pênalti cometido por Uendel no último lance da partida. O empate não foi injusto, mas a vitória dos donos da casa reproduziria melhor o que foi a partida.

Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras

Também foi um bom jogo. O Cruzeiro de Vanderlei Luxemburgo está ganhando uma cara muito interessante, diga-se de passagem e já deu para notar isso na vitória sobre o Palmeiras. O time mineiro começou bem, aproveitando um alviverde um tanto perdido em termos de posicionamento no campo. O lado direito era uma Avenida para o time local e foi por ali que nasceu o primeiro gol e a jogada que culminou no pênalti perdido por Marinho.

O Palmeiras voltou melhor, mais organizado, mais bem postado e o Cruzeiro, assim, não teve muito o que fazer. De igual para igual, o Palmeiras tem mais time e, assim, sem muito esforço empatou. O problema foi que, depois de empatar, relaxou. E, ao relaxar, chamou o Cruzeiro de volta pro jogo. Mais uma vez dando muitos espaços lá atrás, viu De Arrascaeta definir o jogo. Depois, foi pra cima, desperdiçou chances e só pôde lamentar. Insisto que o Palmeiras tem perdido pontos normais para qualquer um, menos para quem começou muito mal e ainda quer brigar lá em cima. Tem que dar um jeito nisso.

Goiás 0 x 0 Atlético Mineiro

Foi o resultado mais injusto da rodada. Acredite o leitor que não tenha visto o jogo se quiser, o Goiás mereceu e mereceu muito vencer a partida no Serra Dourada. Pela primeira vez no Campeonato o Esmeraldino fez um bom jogo e um desavisado não diria que estava ali aquele que talvez seja o pior time do torneio. O Atlético claramente sentiu a dimensão estratosférica do gramado e o forte calor que fazia em Goiânia. Isso abriu caminho para que o Goiás achasse espaços, já que é um time que usa muito bem a velocidade.

Com uma marcação bem postada, o alviverde fechou os espaços e não permitiu que o Galo saísse para o jogo. Mais habituado ao campo, conseguiu jogar bem pelos lados e criou muito. O problema é que o time é ruim. Pior do que isso: é ruim e está tenso. Os jogadores não querem arriscar arremates para o gol, tentam sempre mais um passe e isso complica tudo. No segundo tempo principalmente, o Esmeraldino desperdiçou um contra-ataque atrás do outro e acabou não vencendo. Para o Atlético, que pode se dar ao luxo de perder pontos assim, ficou barato.

Ponte Preta 1 x 0 Flamengo

Não foi um jogo espetacular, longe disso, mas o Flamengo jogou bem. Em um Moisés Lucarelli surpreendentemente bem cheio, o time flamenguista fez um excelente primeiro tempo e merecia ter ido para o intervalo vencendo. Levou um pouco de azar como nas bolas na trave de Sheik e Guerrero, foi um pouco incompetente na hora de concluir com os mesmos Sheik e Guerrero, mas o mais importante é que foi um time bem mais organizado e bem postado em campo.

A Ponte Preta, por sua vez, segue com dificuldades. O time perdeu surpreendentemente a capacidade de tocar bem a bola, de marcar forte e, por isso, vem sendo facilmente dominado. No segundo tempo, o Flamengo mais uma vez teve uma queda muito brusca de rendimento. Para piorar, a saída de Alan Patrick no intervalo limou ainda mais a capacidade de criação do Rubro-Negro e chamou a Ponte pro jogo. Estava na cara que daria errado e deu. A zaga falhou pelo alto e Pablo fez o gol da vitória. O Flamengo não consegue se encontrar e me parece cada vez mais propenso a focar todo o ano de 2015 na Copa do Brasil.

b7490c50-3f8b-11e5-86a9-2fa29e9175bc_11373869_1476386302656630_986980263_nGrêmio 5 x 0 Internacional

Rapaz… Que sapatada. Eu sempre parto do princípio de que, em geral, a goleada é muito mais mérito de quem ganha do que responsabilidade de quem perde. Nesse caso, não é diferente. O Grêmio fez, com certa folga, o seu melhor jogo na temporada. É bem verdade que o Internacional estava um bando em campo, pra lá de desorganizado e com muitos buracos na defesa. Mas o Grêmio foi perfeito. Em minha visão, o grande problema do Inter foi ter dado uma espécie de recado ao rival. Porque a verdade é que o Tricolor vinha mal no Campeonato. As últimas partidas não foram boas e ninguém estava muito confiante, mesmo com o Colorado em crise.

Só que logo nos primeiros minutos de jogo o Internacional estava atônito, perdido, quase que chamando o rival pro jogo. E o Grêmio foi pegando confiança. Poderia tê-la perdido com o pênalti desperdiçado, mas sentiu que estava bem. Logo em seguida, o golaço de Giuliano abriu caminho para goleada e acabou com o Inter de vez. Luan, no final da primeira etapa, fechou o caixão.

Na segunda etapa, foi jogo de um time só. O Internacional passou 45 minutos rezando para o jogo acabar logo e o Grêmio brincou de jogar bola. Foi praticamente um jogo para lavar a alma. Os três últimos gols foram o retrato fiel do jogo. O time da casa ligado, aceso, jogando bem, com velocidade e o rival derrotado, perdido, impotente. O Grêmio volta a brigar pelas primeiras posições, enquanto o Inter vai precisar parar e ver o que vai querer fazer da vida nesse ano.

Chapecoense 2 x 2 Figueirense

Quem também dominou completamente o seu rival foi a Chapecoense. Um pouco menos inspirada que o Grêmio, demorou um pouquinho para conseguir abrir o placar, embora tenha feito uma atuação que tenha deixado claro que tudo levava a crer que isso aconteceria. Especialmente quando joga na Arena Condá, a Chape é um time difícil de se jogar contra porque é muito bem colocada em campo. Se hoje em dia a palavra da moda é a tal compactação, torna-se necessário dizer que a Chapecoense é um dos times mais bem postados do Brasil.

Como o Figueirense parece decidido a não se encontrar no Campeonato – o time teve um momento de bom futebol antes do início do Brasileirão e hoje é mediano -, a Chapecoense não teve muitas dificuldades. Controlou bem a partida, fez o primeiro, seguiu dominando e marcou o segundo. Aí matou o jogo. E sabia que tinha matado. O problema é quem não sabia era o Figueirense, que foi com tudo para cima e diminuiu a cinco minutos do fim. Aí o jogo virou drama e o Figueira partiu para o ataque. No finzinho, acertou um belo chute de fora da área e empatou. Foi um ponto heróico conquistado pelo alvinegro e dois pontos incríveis desperdiçados pela equipe do interior, que é a única que já me parece poder estar “de férias” no Brasileirão.

Classificação

Eis então a classificação de momento no Brasileirão.

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Público e Gols

– Apesar de nenhum público muito fora do normal, o bom número de estádios com bom público elevou a média do Brasileirão para 16.756 torcedores por jogo. Eis o comparativo com as 17 primeiras rodadas nos demais anos: 11.831 em 2006, 13.991 em 2007, 15.127 em 2008, 15.339 em 2009, 13.983 em 2010, 12.953 em 2011, 11.747 em 2012, 14.256 em 2013 e 14.494 em 2014.

– Não é um Campeonato que tem balançado as redes. Os 374 gols levam a uma média pouco inferior a 2,3 gols por partida. Para comparar com os demais anos: 453 gols em 2006, 478 em 2007, 435 em 2008, 498 em 2009, 402 em 2010, 451 em 2011, 415 em 2012, 431 em 2013 e 355 em 2014.

Palpites para a 18ª rodada

Coritiba x Palmeiras – Quarta-feira, 12/8, às 19h30, no Couto Pereira, em Curitiba

Mesmo vindo de uma sequência de resultados ruins, o Palmeiras é favorito e deve ganhar o jogo. 2 a 0 para o alviverde paulista.

Flamengo x Atlético Paranaense – Quarta-feira, 12/8, às 19h30, no Maracanã, no Rio de Janeiro

É um jogo bem difícil para o Flamengo e o time vai precisar jogar mais do que vem jogando. Como eu acho que jogará, aposto em vitória carioca. 2 a 1 para o Flamengo.

Santos x Vasco – Quarta-feira, 12/8, às 21h, na Vila Belmiro, em Santos

Eu acho que já mencionei aqui que o Santos tem uma tabela nessas próximas rodadas propícia para enfim embalar no Campeonato. Já o Vasco, coitado, deve sofrer mais uma vez. 3 a 0 para o Santos.

Goiás x Chapecoense – Quarta-feira, 12/8, às 21h, no Serra Dourada, em Goiânia

O resultado normal é a Chapecoense vencer o jogo, mas vou acreditar em mais um bom jogo do Goiás e também em uma vitória. 2 a 1 para o Esmeraldino.

Internacional x Fluminense – Quarta-feira, 12/8, às 22h, no Beira-Rio, em Porto Alegre

Palpitar nesse jogo é difícil porque depende muito de como o Inter reagirá à goleada. Meu palpite seria vitória Colorada, mas como acho que o 5 a 0 ainda vai pesar por muito tempo, vou de empate. Tudo igual, 1 a 1.

Figueirense x São Paulo – Quarta-feira, 12/8, às 22h, no Orlando Scarpelli, em Florianópolis

O São Paulo teve uma tabela muito complicada recentemente e agora tem um jogo, em tese, tranquilo, que vai ser fundamental para as ambições do time no Campeonato. Mesmo inclinado a apostar em empate, vou dar um voto de confiança aos comandados de Juan Carlos Osorio. Vitória Tricolor por 2 a 0.

Corinthians x Sport – Quarta-feira, 12/8, às 22h, na Arena Corinthians, em São Paulo

Um dos grandes jogos da rodada. O Corinthians tem sido um time fortíssimo em sua Arena, ao passo que o Sport tem sido um visitante chato. O jogo deve ser bom e, sem qualquer convicção aposto nos paulistas. Corinthians 2 a 1 .

Ponte Preta x Avaí – Quinta-feira, 13/8, às 19h30, no Moisés Lucarelli, em Campinas

Jogo bom para a Ponte Preta voltar aos trilhos no Campeonato. O Avaí também pode dar uma embalada porque a fase da Macaca ainda não é boa, mas vou apostar na Nega Véia. 3 a 1 para a Ponte.

Atlético Mineiro x Grêmio – Quinta-feira, 13/8, às 21h, no Mineirão, em Belo Horizonte

Outro jogo espetacular na rodada. O Grêmio é um bom time, vem embalado, mas ainda não tem condições de bater de frente com o Atlético no Mineirão. Aposto em vitória tranquila dos mineiros. Galo 2 a 0.

Joinville x Cruzeiro – Quinta-feira, 13/8, às 21h, na Arena Joinville, em Joinville

Dois times que, aos poucos, vão evoluindo até o patamar que se espera de ambos. Para os dois, jogo essencial para vencer e embalar. Por falar nisso, acho que é hora do Joinville começar a aproveitar a torcida fantástica que tem. Palpito que isso irá acontecer. 1 a 0 para os catarinenses.

Simulador

Agora é oficial: nem eu acredito mais no Vasco. E essa é a única grande novidade do simulador nessa semana.

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