Dilma confessa que errou. E a reação geral da oposição e da imprensa econômica é apontar na cara e dizer “viu, ela errou, eu que estava certa”, sem nem sequer ter entendido o que se passou.
Curioso, por que a mesma imprensa oposicionista que agora se arvora a dizer que estava certa, fez a avaliação igualmente errada; o mesmo pode-se dizer da oposição partidária.
O que diziam, na campanha do ano passado, era que as contas internas estavam erradas e fadadas a levar o País ao cadafalso. Entretanto, o que aconteceu foi uma crise de preços das commodities, ou seja, um fator externo. Como Dilma havia afirmado, acertadamente.
O erro de Dilma, ora reconhecido, foi ter dado pouco peso a esta interferência externa sobre a economia brasileira. O que Dilma falou agora? Que errou ao não avaliar os efeitos da crise (externa).
A imprensa misturou tudo e excluiu o termo fundamental: externa. Ora, imprensa e oposição, como irmãos siameses, haviam afirmado genericamente que as bases econômicas internas é que estavam erradas. Isso é a coisa mais fácil de se fazer: apostar sempre que as bases econômicas estão erradas.
Por quê? Porque economia é um fenômeno cíclico.
Se você apostar que vai dar errado, inevitavelmente, vai ter sucesso nesta aposta. Porque os ciclos se fecham e, mais dia menos dia, qualquer política econômica se esgota, ou seja “dá errado”. E sua profecia se mostra “certa”.
É como prever que vai chover, sem dizer quando. Mesmo que você viva no deserto do Atacama, um dia sua previsão se cumpre. Ora, uma previsão econômica só é válida quando se explica, com antecedência, como, quando e por que vai dar errado (ou certo) alguma política.
Oposição e imprensa erraram as três variáveis. Dilma errou apenas uma: quando. E errou por um bom motivo: o elemento fora de controle, como ela havia notado desde a campanha, era externo. O problema foi não acertar quando ele se intensificaria. A crise brasileira é, basicamente, uma crise de preços de commodities. Ou seja, é externa a nós.
O governo pode fazer algo? Em relação aos elementos motivadores, não. Mas em relação a readequar os investimentos públicos face a esta realidade, realmente pode. E demorou a fazê-lo.
De uma forma ou de outra, a crise viria e traria os mesmos efeitos sobre cada cidadão. Ou seja, se Dilma errou ou não (e errou, sim), pouca diferença fez na prática. Era inevitável, a diferença fica por estar avisado ou não. o erro é mais político do que econômico.
Fosse a oposição, não saberia entender até hoje sequer o motivo da crise, portanto, muito menos combatê-la.
Ainda hoje, logo após a Bolsa de Pequim cair 8%, logo depois da Bolsa de Nova York cair 10%, tem gente afirmando que a crise é interna. Imagina a economia do Brasil nas mãos de um imbecil deste quilate!
As contas “erradas” nada mais eram do que um governo que gastava mais do que arrecadava. E que, embora tenha tentado, não conseguiu fazer crescer a arrecadação para equilibrar as contas. Pelo contrário, piorou as contas com os incentivos fiscais.