No próximo dia 5 deste mês, atingiremos a marca de 1 ano para a Cerimônia de Abertura dos tão esperados Jogos Olímpicos de 2016 na nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Para marcar essa data, o Ouro de Tolo está preparando a “Semana Olímpica” com vários colunistas dedicados. Para começá-la, atualizaremos a coluna do ano passado, feita em 3 partes (parte 1, parte 2 e parte 3), com cinco artigos, mostrando a situação das obras feitas para receber os Jogos Olímpicos em terras cariocas.
A série terá uma divisão parecida com a do ano passado, com algumas alteraçoes: a antiga parte 1, dedicada às obras na Região Barra, foi desdobrada em partes 1 e 2, pois como coração dos jogos ela concentrará as principais instalações de logística e a maior parte das competições. A segunda parte, dedicada às Regiões Copacabana e Maracanã, foi apenas renumerada para parte 3. Já a antiga parte 3, que abordou a Região Deodoro e as obras da área de transportes por toda a cidade, também foi desdobrada. A parte 4 ficará exclusivamente com a Região Deodoro e, finalizando a série, a parte 5 cuidará apenas das obras de transporte.
Quanto à situação política, as obras andaram de modo geral e os membros do COI sabem que os momentos para reclamações já passaram. A situação não é confortável, longe disso – especialmente no Centro Olímpico de Hipismo e na Lagoa Rodrigo de Freitas, sem contar a confusão do polo aquático – mas não é desesperadora. O Rio de Janeiro está em uma situação mais confortável do que Atenas em 2003, por exemplo. Como vocês perceberão nesses dias de passeio, em um todo, as instalações de competição estão indo bem.
Ressalte-se que o Rio de Janeiro não quer fazer os maiores e melhores Jogos Olímpicos da história; essa nunca foi a intenção desde 2009, mas apenas quer entregar um evento digno, bem planejado e organizado com nosso toque de brasilidade.
Obs: como “cabo-guia” para esse panorama, foi utilizada a segunda atualização da Matriz de Responsabilidades divulgada pela APO ainda em janeiro de 2015. A APO está para divulgar a próxima atualização da Matriz, mas ainda não o fez, por isso os valores de algumas obras podem estar ainda subestimadas.
Além dos valores de construção e reforma, haverá valores complementares de adaptação dos locais de competição ao formato olímpico. Esses valores ainda não foram quantificados e deverão ser arcados pelo Comitê Organizador Rio 2016, por isso não serão abordados aqui.
Região Barra
Como já afirmei, essa região será a mais importante dos Jogos, abrigando a Vila Olímpica, a área de imprensa, e duas instalações multiesportivas: o Parque Olímpico e o Riocentro.
A Vila Olímpica, um mamute de 12 prédios de 17 andares (em média), para abrigar os 15 mil atletas, além de treinadores e dirigentes, está em construção desde 2012 e continua no mesmo ritmo tranquilo e adiantado que estava em 2014. A obra está sendo feita por uma parceria público-privada entre as construtoras Carvalho Hosken e Odebrecht, com financiamento da Caixa Econômica. Seu uso pós-olímpico será residencial, em forma de três condomínios diferentes de prédios.
Inclusive essas unidades já estão sendo vendidas comercialmente com o nome fantasia de “Ilha Pura”. Quem é do Rio de Janeiro já deve ter visto várias propagandas deste empreendimento que fica exatamente após o Riocentro, onde era a antiga Cidade do Rock, palco dos Rock in Rio de 1985 e 2001.
Repetindo o que já disse ano passado, até por ser feita para ser um condomínio de relativo luxo, foi muito bem planejada e deve ser a melhor Vila Olímpica já feita. Junto com o Parque dos Atletas (abaixo) deve fazer um conjunto de alegrar até o mais ranzinza dos atletas e dirigentes que por lá passarão.
Além da Vila Olímpica, os atletas também terão a disposição uma área de lazer, confraternização e descanso: o Parque dos Atletas. Bem perto da Vila Olímpica, do outro lado da Av. Salvador Allende, o local foi construído pela Prefeitura, já está pronto e vários brasileiros já o desfrutaram quando o mesmo sediou as edições do Rock in Rio de 2011, 2013 – e também sediará a edição de 2015 em setembro. Abrigar esses grandes shows e servir como opção de entretenimento com suas quadras de vários esportes será sua função após os jogos. Situação tranquilíssima também.
Logo à direita da Vila Olímpica, fica o portentoso Riocentro. O gigante de 5 pavilhões e 571 mil m² foi construído pela prefeitura do Rio de Janeiro em 1977 justamente para sediar grandes eventos, ainda é o maior Centro de Convenções da América Latina e não podia ser esquecido em nenhum planejamento olímpico na cidade.
Além dos cinco pavilhões já existentes, será erguido um sexto pavilhão temporário na atual área de estacionamento (acima, em projeção do site Rio 2016). Dos seis pavilhões, quatro serão usados para competições, inclusive o temporário. Os pavilhões 1 e 5 serão usados para a logística das competições e como área de treinamento. Após os Jogos, o Riocentro continuará a receber grandes eventos e feiras da cidade – como já o faz nos dias atuais – recebendo como “brinde” uma estação da Transolímpica para facilitar a chegada vindo de transporte público, um problema atualmente.
Quanto à construção do pavilhão 6, ela ainda não tem valor definido nem data para começar e terminar (ao menos não consegui apurar tais informações). Mas não é uma construção difícil e deve consumir menos de seis meses. O Riocentro ainda abrigará dois eventos de grande porte no final de 2015: a Bienal do Livro (de 3 a 13/09) e a Feira da Providência (de 25 a 29/11) e não há a menor condição de fechar a área de estacionamento antes desses eventos. Acredito que a construção do pavilhão temporário comece logo após a Feira da Providência.
Poucos metros antes do Riocentro, ficará o Parque Olímpico da Barra, que está sendo construído onde ficava o antigo Autódromo de Jacarepaguá. No Parque Olímpico ficarão concentrados um número enorme de instalações esportivas, além do Centro de Transmissão Mundial (IBC) e do Centro de Mídia Impressa (MPC).
O Parque Olímpico concentra quase todos os equipamentos esportivos dessa complexa Região Barra e está tendo que ser feito quase do zero. Apenas o Maria Lenk e a Arena Olímpica já existiam como legado do Pan de 2007. Mesmo assim, de acordo com um relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM) recém-divulgado, é preciso ter cuidado com essas instalações.
A Arena Olímpica, legado do Pan 2007 que será palco das três ginásticas (hoje mais conhecida pelos cariocas como HSBC Arena), está em boas condições, mas o contrato de concessão expira no final deste ano; por isso a Arena deve perder o nome patrocinado, e a prefeitura já deveria ter lançado uma nova licitação, o que ainda não foi feito. De qualquer forma, a prefeitura só irá conceder a Arena após os Jogos Paralímpicos, em setembro.
Além disso a Arena precisará passar por pequenas obras de adaptação que devem começar até o fim deste ano. Mas são pequenos reparos e não devem durar mais do que 3 ou 4 meses. Não há preocupações nesta instalação.
Já no Maria Lenk existem problemas estruturais. Além de algumas inadequações do local para os padrões olímpicos, que exige uma reforma (que a APO chama de adequação), o relatório do TCM apontou uma robusta rachadura em sua estrutura, que requererá estudos de engenharia para saber sua real extensão e possível comprometimento da estrutura do Centro Aquático.
Essa reforma começou agora em maio e tem previsão de término para março de 2016. Ou seja, os eventos teste de fevereiro e março deverão ocorrer com a reforma ainda em andamento.
Salvo algum imprevisto iniciado pela rachadura, não há motivos de preocupação na obra.
Como essa revisão é baseada em instalações e não em modalidades, aproveito para comentar aqui o que é o maior nó da organização dos Jogos Olímpicos hoje: onde serão realizadas as preliminares do polo aquático?
Quem leu a coluna do ano passado, deve lembrar que eu tinha dito que o Governo Estadual tinha se comprometido a reformar o Parque Aquático Julio de Lamare, ao lado do Maracanã, para sediar tais jogos.
Porém o governo estadual está com dificuldades para fazer todas as obras de sua responsabilidade no Projeto Rio 2016. A solução dada para o Julio de Lamare foi extremamente radical e passou de qualquer limite de irresponsabilidade: em maio deste ano o governo estadual simplesmente avisou ao Comitê Organizador que não irá mais reformar o parque aquático. Por isso as preliminares do polo aquático não mais poderão ser lá e o problema ficou para a Rio 2016 e a Prefeitura resolverem em cima da hora. Exatamente por isso o Rio 2016 tirou de venda os ingressos para os jogos da primeira fase do polo aquático, os únicos ingressos a não entrarem na fase de sorteio.
Agora há duas possibilidades, ambas desesperadas: ou encaixa todos esses jogos no Maria Lenk, criando um desafio logístico absurdo para o Rio 2016 conciliar 3 esportes na mesma piscina, ou a Prefeitura do Rio terá que bancar uma reforma de maior porte, projetada a toque de caixa, para a piscina do Exército em Deodoro – que, por hora, será usada apenas para a prova de natação do pentatlo moderno.
A decisão deverá ser tomada em conjunto com a Federação Internacional de Esportes Aquáticos (FINA) durante seu congresso, que está ocorrendo concomitantemente ao Mundial de Kazan nesta semana. A opção que parece ter a dianteira é a do uso compartilhado do Maria Lenk.
Quanto às obras totalmente novas os olhos logo se deixam chamar atenção pelas 4 arenas que estão sendo construídas: as Arenas Carioca 1, 2 e 3 e a Arena do Futuro.
As três Arenas Cariocas serão permanentes, servindo como instalações de uso do Centro Olímpico de Treinamento a ser gerido pelo COB. Já Arena do Futuro é temporária.
Porém, mesmo nas Arenas permanentes, quase todas as arquibancadas serão temporárias. Apenas a Arena Carioca 1 terá 7.500 mil assentos permanentes, com a intenção de abrigar competições de menor porte. Aqui houve um bom planejamento de legado, pois não há porque fazer uma nova Arena Multiuso se a Arena Olímpica do Rio, com 12 mil lugares, já está disponível a menos de 500m de distância.
Quanto à construção das mesmas, nada a temer em nenhuma das quatro instalações. As obras já estão em estágio avançado e até algumas cadeiras já estão sendo colocadas. Todas as 4 arenas devem estar prontas até o fim do ano.
Amanhã, na parte 2, as demais instalações desta região.
Imagens: Cidade Olímpica e Rio 2016
Belo trabalho do Ouro de Tolo!
Vale uma atualizada nos dados em relação ao plano de legado do Parque Olímpico. Nessa ultima semana o pré-candidato Pedro Paulo apresentou algumas mudanças nas Arenas. A Arena Carioca 01 se tornará um GEO(Ginásio Experimental Olimpico) integrado com uma Escola para 1000 alunos; a Arena Carioca 02 se tornará centro do Time Brasil – lutas, judô, esgrima; e a Arena Carioca 03 se tornará uma concorrente para atual HSBC Arena, podendo sediar shows e eventos conforme o plano de legado. No site Cidade Olímpica tem um arquivo com mais de 100MB da apresentação do novo plano de legado da Prefeitura.
Corrigindo: Onde se lê Arena 01 na verdade é a Arena 03 e onde se lê Arena 03 é Arena 01.
Desculpe o engano!
Felipe,
O que você está pedindo para corrigir é exatamente o que está escrito acima. O Plano foi apresentado quando essa primeira parte já estava pronta. Perdi a noite de quinta-feira passada atualizando os textos de acordo com esse novo plano apresentado.