Terminando a Região Barra nesta parte, abordaremos aqui algumas estruturas dos Parque Olímpico da Barra além das 2 estruturas isoladas desta região.
Entrando nas instalações polêmicas do Parque, não há como esquecer do Velódromo. No projeto inicial, a estrutura do Pan seria aproveitada, mas com as novas exigências após Pequim 2008 o Velódromo existente ficou aquém do padrão olímpico. A reforma seria tão cara que decidiram desmontar o Velódromo, despachando o material para ser reconstruído em Goiás, para construir um inteiramente novo. Até pela polêmica, essa obra só começou em fevereiro de 2014, com um atraso considerável. Aceleraram a obra e, com sacrifício, entrou no novo cronograma acelerado.
Em abril deste ano o Ministério do Trabalho paralisou parte das obras por falta de alguns elementos de segurança. O problema, rapidamente resolvido, não atrapalhou muito, mas atrasou ligeiramente o apertado cronograma. A obra está prevista para acabar em dezembro de 2015 e mesmo com um eventual atraso, comum para esse tipo de obra, no estágio atual da obra acho que é seguro afirmar que a conclusão não passa de março de 2016. Pode não ser perfeito para o evento-teste que começa no dia 18/03/2016, mas hoje não representa perigo para os Jogos Olímpicos em agosto.
Outra polêmica, bem mais branda, houve no Centro Olímpico de Tênis. Foi decidido pelo Comitê Rio 2016 que o complexo de 16 quadras terá o piso de cimento (igual ao do US Open), para agilizar a construção e baratear sua manutenção. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT), com a sua razão, reclamou bastante da escolha, pois toda a tradição do esporte no Brasil foi calcada no piso de saibro.
Porém a decisão é perfeitamente compreensível. Todas as sedes olímpicas mais recentes que tiveram que construir as quadras também escolheram o piso duro. As únicas exceções foram Barcelona 1992, que usou seu já conhecido complexo de quadras de saibro, e Londres 2012 que usou a grama do lendário AELTC, sede anual do famoso torneio de Wimbledon.
Apesar do número assustador de 16 quadras, a construção não é tão monstruosa. Apenas a quadra central terá uma arquibancada para 10.000 pessoas e outras duas quadras terão capacidades medianas. Seis quadras servirão apenas para aquecimento e não terão arquibancada. O maior desafio é construir a cobertura das três quadras principais.
A obra foi uma das primeiras a começar e segue tranquilamente para um fim próximo, ainda em outubro ou novembro deste ano. Das 16 quadras, 9 delas serão mantidas, inclusive a quadra central, o que propiciará um bom centro de treinamento para tênis e um local para sediar torneios de porte ATP/WTA. A ideia é que o local seja o principal centro de treinamento da CBT, que futuramente até poderá mudar o piso de algumas dessas quadras para o saibro, caso queira e consiga recursos.
A última estrutura esportiva do Parque Olímpico é o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos, que receberá na primeira semana de competições uma das razões do Jogos Olímpicos de existir: a natação. Na segunda semana receberá as finais do polo aquático.
Esta instalação teve sua obra iniciada com um ligeiro atraso e tem prazo de término em março de 2016 para receber o evento-teste em abril. O prazo pode parecer apertado, mas isso foi planejado propositadamente. Segundo o Plano de Legados divulgado pela Prefeitura do Rio na semana passada, a estrutura do Centro Olímpico de Esportes Aquáticos será temporária, sendo que as piscinas e parte das arquibancadas serão temporárias, já que o Maria Lenk fica quase ao lado. Porém elas não serão desperdiçadas e serão reconstruídas em outros locais. Em um centro aquático, uma piscina olímpica coberta com uma arquibancada com capacidade de 6.000 pessoas. Já o outro terá uma piscina olímpica descoberta com arquibancada para 3.000 pessoas. Ainda não foram divulgados os locais das futuras instalações.
Já a área do Centro Aquático será cedida ao parceiro privado do Parque Olímpico.
A obra preocupava um pouco, mas andou bem nos últimos meses. Ainda preocupa pelo pouco tempo disponível para adiamentos, mas o andamento da obra até o momento está dentro do cronograma e não há motivos para desespero.
Já nas obras não esportivas, o Centro Internacional de Transmissão (IBC) e o Centro de Principal de Mídia (MPC) preocupavam porque costumam ser obras complexas, que começaram praticamente no 4° trimestre de 2013. Especialmente no caso do IBC pois ele precisa ser belíssimo e muito bem construído, afinal todos os estúdios das emissoras de TV mundo afora serão instalados neles.
Porém, a partir do segundo semestre do ano passado, as duas obras entraram em um ritmo frenético. Se as duas obras estavam sob olhares preocupados ano passado, atualmente nada indica que nem o IBC nem o MPC perderão por muito seus folgados prazos de término: setembro para o IBC e dezembro para o MPC.
Fechando o Parque Olímpico, para abrigar parte destes profissionais que trabalhão no IBC e no MPC, está sendo construído o Hotel de Mídia, um hotel quatro estrelas com 440 quartos. De todas as obras do Parque Olímpico esta é a que mais me preocupa, pois começou com um atraso grande: apenas em dezembro de 2013.
As partes mais delicadas da obra terminaram há pouco e a tendência é que a obra avance bastante neste segundo semestre. Ela parece estar dentro do cronograma (por ter sido feita em PPP, o cronograma não está claro), mesmo que seja um planejamento arrojado, mas por todo dito a luz amarela ainda está acesa.
A previsão de conclusão é em junho de 2016, ou seja, em cima dos Jogos Olímpicos e sem qualquer espaço para atraso. Lembrem-se que os profissionais de mídia precisam chegar algumas semanas antes da Cerimônia de Abertura.
Fora do Riocentro e do Parque Olímpico, ainda há o Campo Olímpico de Golfe e o Pontal. A praça Tim Maia (acima), no final da Praia do Recreio (a praia seguinte a da Barra da Tijuca), receberá a largada e a chegada da prova de ciclismo contra-relógio. Será uma estrutura temporária, pequena e de fácil construção sob responsabilidade da Rio 2016.
Não foram disponibilizadas até o momento datas de previsão para a construção, mas é obra simples, sem qualquer preocupação. Ainda há a possibilidade do Pontal também sediar a largada e a chegada das provas de marcha atlética, mas oficialmente a marcha, uma prova de rua, ainda está sem local definido.
O Campo Olímpico de Golfe é uma obra recheadas de polêmicas em sua breve história. Para quem não se lembra: o golfe não estava incluído no dossiê de candidatura do Rio, pois sua inclusão como esporte olímpico só foi votada 4 dias após a escolha da cidade como sede olímpica. Parecia natural que a competição fosse feita no Itanhangá Golf Club, o campo de golfe mais tradicional do Rio, que fica a poucos quilômetros da Vila Olímpica.
Porém o prefeito Eduardo Paes insistiu que a cidade precisava de um campo público de golfe e que, além de ser imoral a prefeitura bancar a reforma de um clube particular, os Jogos Olímpicos seriam a alavanca necessária para a construção de tal campo público de golfe – o primeiro da cidade. Assim foi feito e outra parceria-público-privada foi assinada para a construção do campo de golfe.
Para complicar aquilo que já era polêmico, a parceria previu que o Campo seria construído na Reserva de Marapendi, uma área de proteção ambiental. Para permitir essa redução da área de proteção, o Ministério Público exigiu uma série de contrapartidas para diminuir o impacto da construção do campo ao meio ambiente e isso foi alvo de inúmeras tentativas do MP de interromper a obra porque alguma contrapartida não estava sendo feita.
Após muita indefinição, em março de 2015, a justiça deu ganho de causa no processo à Prefeitura e manteve a construção do campo de golfe. O Ministério Público decidiu não recorrer da decisão e assim finalmente a situação jurídica da construção do Campo de Golfe ficou mais tranquila.
Até por causa da indefinição do local, a construção do local só começou em fevereiro de 2013 e foi outra obra que precisou ser bastante acelerada. Hoje a obra do campo já acabou e apenas se está cultivando a grama até chegar no ponto correto para as competições, algo que, apesar de demorar mais de 1 ano, será conseguido com tranquilidade antes dos Jogos Olímpicos. O presidente da Federação Internacional de Golfe já afirmou em entrevista na semana retrasada que o campo já está pronto para se jogar neste momento.
Porém tais atrasos ainda preocupam pois as obras de toda infraestrutura do Campo estão no limite do aceitável: mesmo se considerando um cronograma acelerado e a previsão de término é em junho de 2016, mais um prazo bastante apertado para os Jogos Olímpicos. É outra obra que inspira atenção, ainda sem desesperos, com luz amarela.
Assim, terminamos nosso passeio na Região Barra. Na próxima coluna, abordaremos as Regiões Copacabana e Maracanã.
Imagens: Cidade Olímpica, Argosfoto e Globoesporte.com
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