“O Cavalo de Tróia foi um grande cavalo de madeira usado pelos gregos durante a Guerra de Tróia, como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada de Tróia, cujas ruínas estão em terras hoje turcas.”
Essa é a definição dada pelo Wikipedia. Para quem não conhece a história os gregos ofereceram esse presente aos troianos, os mesmos aceitaram e levaram o imenso cavalo de madeira para dentro de suas terras sem perceber que havia inúmeros soldados gregos fortemente armados dentro do mesmo.
Cavalo de Tróia acabou virando sinônimo de “presente de grego” nos tempos atuais. Aquele presente que no fim pode dar uma grande dor de cabeça. Aula de história nessa altura do campeonato? Não, mas um exemplo de como o mundo é cíclico. Como a história se repente ao longo dos anos.
Essa última semana um cavalo de Tróia foi visto em Brasília. Saindo da Câmara dos Deputados.
O moleque sagaz deputado Eduardo Cunha está cada vez mais enrolado com escândalos de corrupção, cada vez mais aparece dinheiro em contas da Suíça em seu nome e ele tenta de todas as formas reverter uma possível cassação. Nessa busca procurou encontrar aliados e vinha tentando o apoio do PT. Em troca do apoio do partido governista brecaria as tentativas de instauração de processo de impeachment.
Com a vocação na alma pela busca da justiça social e de fazer grandes cagadas o PT deu mais ouvidos que devia ao deputado, protelou demais uma decisão simples, não seguiu o velho conselho da velha vozinha que dizia “quem se mistura com porcos farelo come” e só depois de muita pressão decidiu apoiar o processo de cassação de Cunha.
E que o nobre deputado fez? Como vingança, pirraça, chantagem dignas de um moleque de oito anos que é o dono da bola e acaba com o jogo quando o time está perdendo, logo depois aceitou abrir processo de impeachment.
De vingança, de pirraça mostrando quem realmente é. Um ser das trevas, obscuro, que representa tudo de pior que esse país tem hoje. Eduardo Cunha tem seu nome envolvido em caso de corrupção; em parceria com pastores homofóbicos quer restringir direitos civis e agora faz chantagem. Só falta ter montado a defesa do Flamengo. Para alguns loucos e alienados ele é o “guerreiro do povo brasileiro”. Para uma gente que deve ser louca para participar da peça dos macaquinhos.
Só que Eduardo Cunha é tão odiado, tão vilão de novela das 21 horas que ele com esse ato acaba conseguindo um efeito contrário. Consegue vitimizar a presidente Dilma e o PT (Partido dos Trapalhões).
Tirando a Veja e algumas outras mídias alucinadas a maioria da imprensa (inclusive aquela com viés de oposição) sabe o perigo que isso representa. Um processo de impeachment não é fácil. O país para, causa traumas, faz perigar a democracia. Quem é mais velho lembra: se com o Collor que era uma unanimidade contra foi um período traumático, imagine com Dilma, que racharia o Brasil ao meio?
Não se iludam com 9% de aprovação apenas. Não é porque alguém não aprova um governo que é a favor de sua derrubada. Eu não gosto do governador de São Paulo e seria contra sua deposição. Dilma Rousseff foi eleita de forma democrática e até agora não há subsídios que levem a seu impeachment.
E se mau governo fosse motivo quase nenhum se completaria.
Se querem derrubar governos por gestões ruins, que instituam o parlamentarismo de uma vez. Nem as tais “pedaladas” são subsídio. A OAB já se pronunciou alegando não ser motivo suficiente e seu nome não está envolvido em nenhum caso de corrupção.
Dilma de péssimo, enfraquecido e sem comando segundo governo encontrou o adversário que mamãe pediu a Deus. Dilma tem como rival Darth Vader, aquele que pelo cidadão comum é considerado o maior vilão do Brasil.
Virou vítima. Fez um discurso contundente falando de sua ficha limpa e dizendo não ter conta no exterior. Partiu pro confronto, pra “porrada” – e “porrada” contra alguém odiado sempre te fortalece.
Como eu disse, a grande mídia em vez de fermentar a situação como se esperaria age com precaução e alguns como o Estadão até foram contra Eduardo Cunha. As pessoas perplexas assistem a tudo e mesmo quem não tem experiência política percebeu a chantagem. Podem não saber do que Dilma e Cunha são acusados, como até hoje não sabem do que Collor foi. Mas sabem muito bem o que é vingança.
O fato de ser mulher, o que fez sofrer ataques machistas, ajuda nesse momento de virar vítima e já se lê apoio de quem é contra seu governo e frases como “Todos contra um mal maior, todos contra Cunha”. A hastag “Dilma fica, Cunha sai” entrou para os TTs do twitter e personalidades da mídia e intelectuais prestam apoio a ela.
Talvez essa abertura de processo de impeachment fosse o necessário para tirar o Brasil da morosidade, acabar com a “guerra fria” fazendo a coisa estourar de vez e quem sabe, fazendo tudo andar.
E por quê o cavalo de Tróia?
Porque deixa a oposição em uma situação complicada. Era a chance que ela queria de derrubar a presidenta, mas foi dada pelas mãos erradas. Faz-me lembrar outro cavalo de Tróia famoso no Brasil. O de Getúlio Vargas em forma de suicídio.
Quem vai querer sujar as mãos de sangue dessa vez? Quem vão querer ser coautor de uma derrubada de governo sendo parceiro de um chantagista com acusações de corrupção? Aécio parece querer ser. Será que a situação esquentando, fervendo não corre o risco de se queimar? Jogar por terra a eleição de 2018 onde é um dos favoritos? Para quê o risco de virar vilão? Algoz de uma “pobre mulher chantageada” quando pode deixar esse governo fazer trapalhadas e se envolver na lama até 2018 e assim se eleger falando “Eu não avisei?”. Para quê se arriscar a ressuscitar o PT e sua militância que anda adormecida, mas com certeza acordará enfurecida com esse processo levando muitos consigo?
Para mim é “cavalo de Tróia” ou como diria o filósofo Pedro de “Carga Pesada”: “É cilada Bino”.
Eduardo Cunha de Darth Vader. Não é que gostei dessa?
Vamos ver se o império contra ataca.
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[N.do.E.: eu vejo um segundo Cavalo de Tróia nesta história, que é o vice presidente Michel Temer. PM]