Faltando pouco mais de 7 meses para o início dos Jogos Olímpicos em solo carioca, vamos dar aquela primeira olhada na situação do Brasil em cada uma das modalidades. Quem já está classificado? Quais as chances de maiores classificações? Quais são as chances de medalha no Brasil na modalidade? Quem pode ser a surpresa? Quem pode não corresponder as expectativas?

São essas perguntas que começaremos a responder aqui. Nesses 7 meses muitos acontecimentos novos deverão mudar o quadro e essa coluna deverá ser atualizada no Ouro de Tolo a medida que os Jogos forem se aproximando. Hoje é apenas uma primeira impressão, em quatro partes – de hoje a quinta.

Atletismo

Classificados: salvo nos revezamentos, a classificação no atletismo é feita atingindo os “índices olímpicos”. O atleta que atinge o índice, estabelecido previamente pela IAAF, entre os dias 01/05/2015 e 11/07/2016 terá vaga assegurada nos jogos até o limite de 3 do mesmo país por prova. Caso a quantidade de classificados ultrapasse o limite, o Comitê Olímpico Nacional é livre para escolher os 3 nomes que irão participar.

Para os revezamentos, serão 16 países classificados para cada prova: os 8 finalistas do mundial de revezamentos de 2015 e os 8 melhores ranqueados em 12/07/2016. O Brasil foi finalista nos 4 revezamentos olímpicos e por isso já tem vaga assegurada em todos.

A única prova em que o Brasil já ultrapassou o limite de 3 é a maratona masculina, na qual já temos 7 atletas com o índice. Dificilmente as marcas obtidas por Marilson dos Santos e Paulo Roberto de Almeida serão batidas. A disputa deverá ser pela 3ª vaga, que hoje está com Solonei Rocha (que, eu acredito, também não será batida).

Chances de medalha: a chance mais óbvia, e talvez a única atleta que realmente dispute o ouro olímpico no atletismo, é a Fabi Murer no salto com vara.

Talento para disputar uma medalha o Mauro Vinícius (Duda) também tem no salto em distância, tanto que ele já foi campeão mundial indoor. Porém ele ainda está voltando de um série de problemas e sequer atingiu o índice olímpico ainda.

Ainda há o Thiago Braz, 5o colocado no ranking mundial do salto com vara, atleta no qual o COB e a CBAt depositam muita confiança, mas que ainda não implacou um bom resultado em uma competição de grande visibilidade.

A partir daqui as chances começam a ficar mais difíceis, mas não impossíveis: o revezamento 4×100 do Brasil pode beliscar um bronze em uma boa performance ou na desqualificação de favoritos (isso não é tão raro) e Marilson pode tentar algo na maratona, apesar do percurso ser o exato oposto da sua preferência.

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Classificados: o Brasil por ser país sede tem direito a 1 atleta na simples masculina e 1 atleta na simples feminina. Dificilmente haverá outras classificações do Brasil.

Chances de medalha: tendente a zero.

Basquete

Classificados: equipes masculina e feminina já classificadas pela vaga de país sede.

Chance de medalha: a equipe masculina tem boas chances de disputar semifinais e é uma aposta possível para ganhar o bronze junto com outras 3 ou 4 seleções. Com sorte nos cruzamentos, até a prata deixa de ser impossível. Já a equipe feminina, por vários motivos já discutidos neste espaço, sequer deve passar da primeira fase.

Boxe

Classificados: Robson Conceição (até 60kg).

Além de Robson, por ser país sede, o Brasil tem direito a 5 vagas no masculino e 1 vaga no feminino. Nenhum país poderá ter mais de 1 pugilista por categoria. O Brasil precisará indicar até o fim do ano nominalmente os pugilistas agraciados com a cota de país sede.

Ainda há muitos qualificatórios do boxe antes dos Jogos Olímpicos e é possível que o Brasil consiga ainda mais vagas. Creio inclusive que o Brasil consiga ter representante nas 3 categorias do boxe feminino.

Chances de medalha: mais uma vez, quem desponta aqui é Robson Conceição. Apesar dos problemas com a Confederação Brasileira de Boxe, Adriana Araújo, atual medalhista olímpica de bronze, também é uma aposta interessante.

Porém o boxe é um esporte que adora reservar surpresas olímpicas e com a mudança de regras, as surpresas estão ainda maiores. Ninguém está entendendo os julgamentos das lutas com as novas regras e prevejo raios e trovões nos Jogos Olímpicos. Ou seja, tudo pode acontecer.

isaquiasqueiroz_facebookCanoagem Velocidade

Classificados: a classificação aqui é do país e não nominal.  Brasil já está classificado no K1 500m fem., K1 1000m masc., C1 200m masc., C1 1000m masc. e C2 1000m masc.

Chances de medalha: é preciso muito cuidado aqui ao comentar. Naturalmente as chances de medalha do Brasil ficam com o bi campeão mundial do C1 500 e atual campeão mundial da C2 1000m (junto com Erlon Silva), Isaquias Queiroz. Na minha opinião, Isaquias é o melhor atleta olímpico brasileiro da atualidade.

Só que o que poucos sabem é que Isaquias é o único canhoto em um mar de destros e as condições mais comuns da Lagoa Rodrigo de Freitas (palco da canoagem em 2016) pela manhã, horário das finais, são terríveis para canhotos.

A Lagoa é um microclima a parte e é impossível prever com a mínima precisão o que ocorrerá no dia, ainda mais que ela é fortemente influenciada pela maré do oceano Atlântico; logo pode ser que no dia em si da competição tudo esteja perfeito para Isaquias. Mas fica o alerta para evitar decepções desnecessárias.

Canoagem Slalom

Classificados: classificação aqui é do país e não nominal. Brasil classificado no K1 fem., K1 masc. e C2 masc.

Chances de medalha: pequenas, mas há. Aqui tem uma atleta que estou de olho há algum tempo: Ana Sátila. Os jogos do Rio 2016 com certeza não serão seu ápice, afinal ela tem apenas 19 anos. Porém ela já desponta no cenário internacional desde os seus 16 anos de idade, quando foi a caçula da delegação brasileira em Londres 2012.

Sátila vai bem tanto na canoa como no caiaque, mas infelizmente a canoa feminina ainda não é prova olímpica. No último mundial ela foi 13ª colocada e é uma boa aposta para surpresa. A chance de medalha é bem maior em 2020, mas eu não descarto a possibilidade desse prodígio aprontar algo já no Rio.

Amanhã vamos à segunda parte.

Imagens: Globoesporte.com e Brasil2016.gov

5 Replies to “Primeiro olhar sobre a Delegação Brasileira na Rio 2016 – Parte I”

  1. Nunca imaginei que existia esse lance de “mar pra canhotos” e “mar pra destros”. Curioso que todos os sites especializados colocam o Isaquias como favorito, ignorando totalmente essa questão e criando uma expectativa sobre o cara que aparentemente não procede.

    Inclusive comprei ingresso pra essa prova, indo na onda do “Isaquias é um ouro certo”. rs

    1. André,

      Meu comentário não é para ser levado a ferro e a fogo, nem para o ceu nem para o inferno. Isso é esporte, perder ou ganhar é do jogo.

      Isaquias é favorito? É. Isaquias pode levar o ouro? Pode. Isaquias pode não levar o ouro? Também pode. Se isso ocorrer foi amarelada? Não.

      Isaquias concorre na canoa, no qual se rema com apenas um remo. Em uma lagoa neutra, como a maioria das que existem no mundo, ser destro ou canhoto não importa.

      Porém a Lagoa Rodrigo de Freitas é colada ao mar, do qual sofre influência aérea e marítima (como a Lagoa tem ligação com o oceano, a maré acaba influênciando também). E aí se o vento sopra para um lado, favorece os destros, se para outro, o inverso.

      Todos remadores e canoistas com experiência na Rodrigo de Freitas gostam de dizer que cada vez que eles comepetem lá, competem em uma lagoa diferente, exatamente pelas influências acima descritas.

      Pode chegar na hora da final e não estar ventando nada (difícil de ocorrer em agosto, mas não impossível), pode até ocorrer de termos uma inversão de vento e ele estar soprando para nordeste, mas o mais comum nessa época do ano na Lagoa é esse vento chato para canhotos.

      Como disse, a Lagoa é um microclima a parte.

      1. Entendi Rafael, obrigado pela explicação!

        Meu comentário foi mais no sentido de parabeniza-lo pelo trabalho e pela profundidade das análises mesmo, pois já li várias análises em muito site renomado, e nenhuma delas é tão boa como tem sido todas as “reportagens” deste blog, e não só as esportivas. A equipe de vcs é nota 10.

        Abraço!

        1. Obrigado, André! Essa é a proposta do Ouro de Tolo, mostrar o lado que ninguém olhou ou se interessou.

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