Ainda sob os ecos da polêmica vitória da Imperatriz Leopoldinense, a escolas iniciaram a preparação visando ao desfile de 1996. O que se perguntava na crítica especializada e nas rodas de bar era: se em 1995 a Imperatriz levou o título mesmo com a falta de um carro alegórico na pista, alguma outra escola conseguiria detê-la?
Difícil imaginar, até porque, a despeito da contestada vitória de 1995, nenhuma outra agremiação mantinha um padrão tão elevado de qualidade em suas apresentações nos sete anos anteriores. Os enredos eram interessantes, os sambas, bem escolhidos, e os desfiles, bem realizados. Outras escolas tinham bons momentos, mas oscilavam.
Pois bem, nada mais natural então que a Imperatriz fosse favorita ao tricampeonato. Até porque o enredo “A Imperatriz Leopoldinense honrosamente apresenta: Leopoldina, a Imperatriz do Brasil” prometia mais uma apresentação exuberante. O samba de Dominguinhos do Estácio, Jurandir, China e De Marco era um dos melhores do ano.
A participação de Dominguinhos na eliminatória de sambas da Imperatriz não agradou ao presidente da Estácio de Sá, Acyr Pereira, e o consagrado cantor deixou a Vermelho e Branco, sendo substituído por David do Pandeiro. O samba da Estácio era sobre a modernização do Rio e o Teleporto, construído bem onde era a quadra da escola, na Cidade Nova.
Depois do doído vice em 1995, a Portela escolheu outro enredo de fácil comunicação com o público: “Essa gente bronzeada mostra seu valor” falaria sobre a Música Popular Brasileira. Mas o samba estava longe de ser aquela “pedrada” como a do ano anterior.
Já a Beija-Flor apostaria num enredo mais denso, sobre o que seria a origem do homem no Brasil. A Mocidade teria uma temática bem diferente: o enredo “Criador e Criatura” contaria a história das criações divinas e dos grandes artistas e inventores da humanidade dos séculos anteriores até os anos contemporâneos.
O Salgueiro entraria na avenida com um enredo exaltando a cultura italiana no Brasil, enquanto a Mangueira, com novo carnavalesco (Oswaldo Jardim), levaria ao público as lendas e histórias do Maranhão. A Vila Isabel também falaria sobre a cultura de um estado, o Rio Grande do Sul.
Brasileira também desfilaria a Viradouro de Joãosinho Trinta, que exaltaria os aspectos tipicamente nacionais. Já o Império Serrano também teria um enredo nacional, mas crítico: “E verás que um filho teu não foge à luta” homenagearia o sociólogo Betinho e prometia um severo alerta ao problema da fome no país. O samba era sensacional.
A Grande Rio, por sua vez, contaria como foi a época da colonização brasileira marcada pela influência espanhola. A Unidos da Tijuca também escolheu um enredo histórico, sobre Zumbi dos Palmares.
Outras escolas teriam temáticas mais leves: a União da Ilha contaria a história da galinha d’Angola, a Caprichosos faria um passeio pelo universo do chocolate, a Tradição teria um enredo sobre a cerveja, e o tema da Unidos da Ponte era sobre as sombras (guarda-chuvas e guarda-sóis).
Completavam o Grupo Especial de 1996 a estreante Unidos do Porto da Pedra, com um enredo sobre a história da folia de Carnaval em todos os cantos do planeta, e o Império da Tijuca, com um tema curioso: como seria a vida do Nordeste se a região fosse independente do Brasil?
OS DESFILES
O Imperinho abriu os desfiles com uma atração nos bastidores: o ator Miguel Falabella, no auge da popularidade como apresentador do Vídeo Show, seguia como carnavalesco da escola.
“O Reino Unido Independente do Nordeste” até que era um enredo com boas sacadas, mas a quebra de alegorias atrapalhou muito a escola, que teve uma irregularidade no conjunto visual pela limitação de recursos.
“Foi uma ideia simpática, mostrando a presença da mão de obra nordestina na construção do Brasil. Poderia ter sido desenvolvida melhor se houvesse melhores condições. Não deixou de ser um desfile muito simpático, pela vontade e crença de seus desfilantes”, comentou Haroldo Costa.
Segunda a desfilar, a Grande Rio teve problemas na fase pré-carnavalesca, pois só foi ter barracão a 36 dias do desfile. Mas o enredo “Na Era dos Felipes, o Brasil era Espanhol” foi bem desenvolvido pelo carnavalesco Roberto Szaniecki, num conjunto alegórico e de fantasias com bom efeito.
Mesmo com a quebra do carro abre-alas e descompassos na evolução no começo do cortejo, a escola se assentou e conseguiu levar ao público a história dos espanhóis que acompanharam os portugueses em expedições ao Brasil no século XVI, sobretudo no sul.
O samba foi um sacode, principalmente no refrão “Imponho, sou Grande Rio, amor/Dando um banho de cultura, eu vou/Pro abraço da galera, me leva/Lindo como o pôr do sol, eu sou”. A bateria de Mestre Maurício teve excelente andamento e ganhou o Estandarte de Ouro. A escola se recuperou do começo difícil com seu melhor desfile desde 1993, quando voltou ao Grupo Especial.
A Caprichosos apostou mais uma vez na irreverência no seu enredo “Samba sabor chocolate”, do carnavalesco Alexandre Louzada, mas teve uma apresentação irregular, embora longe de ser desastrosa.
O excelente quarteto de intérpretes formado por Luizito, Carlinhos de Pilares, este de volta à escola após quatro anos, e os jovens Jackson Martins e Zé Paulo Sierra, até levantou o samba, que foi criticado antes do desfile mas caiu no gosto do público.
A divisão cromática da escola foi multicolorida, já que o marrom do chocolate tornava impossível a tarefa de respeitar o azul e branco da escola. As alegorias e fantasias estavam adequadas. No entanto, a evolução da escola foi lenta e confusa, o que poderia render perda de pontos na apuração.
“A Caprichosos fez o maior desfile da sua história desde que começou a se apresentar na Marquês de Sapucaí”, exagerou o saudoso presidente Fernando Leandro.
O Salgueiro entrou com força na avenida para defender o enredo “Anarquistas, sim, mas nem todos” sobre a imigração italiana. O samba era animado e foi defendido com garra por Quinho, e a bateria de Mestre Louro, que tinha até a triatleta Fernanda Keller tocando surdo, era quase certeza de uma chuva de notas 10. As bandeirinhas distribuídas pela diretoria aos torcedores renderam um belo espetáculo na arquibancada.
A comissão de frente com pierrôs conquistou o público com belíssimas fantasias brancas e suas evoluções bastante simpáticas. O abre-alas concebido pelo carnavalesco Fabio Borges e simbolizava um coração com o símbolo do Salgueiro em homenagem a dois de seus fundadores que eram italianos, Pedro Siciliano (Peru) e Paulinho Santoro (Italianinho). O grande Xangô era o destaque do carro, que tinha grande impacto.
Já as demais alegorias e alas abordaram diversos aspectos ítalo-brasileiros como as colônias agrícolas, o crescimento de São Paulo e até a Sociedade Esportiva Palmeiras. O conjunto visual foi extremamente criticado por Fernando Pamplona na transmissão da TV Manchete.
Lamentavelmente o terço final do desfile foi marcado por descompassos na evolução. Como de costume, o Salgueiro desfilou com um contingente muito grande, sem contar o excesso de penetras com camisas da escola mas sem terem nada a ver com o desfile citado por Pamplona.
A União da Ilha foi a escola seguinte a desfilar, com o enredo “A Viagem da Pintada Encantada”, do carnavalesco Chico Spinoza, e começou muito bem sua exibição, com uma criativa comissão de frente com caravelas como adereços simbolizando a navegação que ajudou a levar a galinha d’Angola a outras regiões do mundo. A ligação com o candomblé também foi apresentada. O problema foi a lentidão da apresentação da comissão, o que atrapalhou a evolução.
O excelente samba foi defendido com perfeição por Ito Melodia, estreante como cantor principal, mas um outro problema atravancou ainda mais a apresentação da escola: uma das alegorias ficou empacada no viaduto próximo à Sapucaí.
Esse problema até foi resolvido rapidamente, mas depois diversos buracos surgiram, sobretudo na passagem da ala das baianas. Claro, a escola teve de correr, e a direção de harmonia decidiu que a bateria não entraria no box.
Isso comprometeu completamente o terço final do desfile, e as últimas alas passaram desanimadas, sem a sustentação da bateria, contrastando com o começo do desfile. Pena.
Aguardada com ansiedade depois da ótima apresentação do ano anterior, a Portela nem de longe reeditou aqueles momentos inesquecíveis. O enredo “Essa gente bronzeada mostra seu valor” até que prometia, mas ficou um gosto de quero mais depois do desfile.
Principalmente porque o samba-enredo não era dos melhores, e o refrão “A Portela demorou, mas abalou!/E o povo canta novamente já ganhou!” só empolgou no começo, mesmo contando com Rixxa no canto e a grande bateria na sustentação.
A águia foi um pouco mais tímida do que as anteriores e, embora muito bem acabada, com belos movimentos e jogo de luzes, não causou aquele impacto que dela sempre se espera. As demais alegorias e fantasias também estavam com bom acabamento e cores, mas não tinham tanta criatividade.
Para piorar, a evolução foi bastante lenta, e alegorias como o abre-alas empacaram na dispersão. Infelizmente, a escola acabou estourando o tempo em dois minutos, o que certamente causaria uma perda importante de pontos. A imagem das baianas correndo como podiam na Praça da Apoteose foi triste.
Houve atraso para a entrada da Unidos do Viradouro na avenida devido aos problemas com as alegorias da Portela. Mesmo com a questão ainda não totalmente resolvida, o desfile começou com uma grande queima de fogos, mas a festa acabou ali.
Surpreendentemente o acabamento e a concepção das alegorias do enredo de Joãosinho Trinta “Aquarela do Brasil no ano 2000” deixou a desejar, a ponto de o carnavalesco dizer que o maior efeito especial da escola seria estar na avenida.
As fantasias estavam pouco superiores, mas os elementos caíam pela pista, mas foram mesmo os problemas no conjunto alegórico pesaram negativamente no que foi um dos piores desfiles da Viradouro em sua passagem pelo Grupo Especial.
Além do mais, o samba não era dos melhores da safra e, inexplicavelmente, da metade para o fim do desfile passou a ser cantado num tom abaixo do normal, o que contribuiu para arrastar a harmonia da escola. O desastre só não foi maior graças ao desempenho da bateria do estreante Mestre Jorjão.
No fim, os carros da Viradouro ainda se embolaram com os da Portela na dispersão, o que deixou exaltados os diretores da escola de Niterói. É claro que isso atrapalhou o fim do desfile, mas na verdade toda a apresentação havia sido decepcionante.
Se o atraso para a entrada da Viradouro na pista já foi grande, o começo da apresentação da Mocidade Independente de Padre Miguel demorou ainda mais. Houve uma enorme dificuldade para que as alegorias de Portela e Viradouro fossem retiradas da Praça da Apoteose (foto).
Alegava a diretoria da Viradouro que, como a Portela não conseguia levar os carros da Rua Frei Caneca (nas proximidades da Praça da Apoteose) para mais longe, não era possível escoar as demais alegorias.
Para desespero da Mocidade, o dia já estava clareando, e a escola desfilaria sob sol, o que arrefeceria o impacto visual dos efeitos especiais das alegorias preparadas por Renato Lage. O intérprete Wander Pires teve de se desdobrar ao cantar vários sambas de esquenta (inclusive “Ziriguidum 2001”, que teve cinco passadas) para animar os componentes.
Ainda sem que todas as alegorias da Viradouro tivessem sido retiradas, a Mocidade finalmente iniciou o seu desfile, com quase três horas de atraso. E foi sem dúvida, a melhor apresentação de domingo. Mesmo sem que os efeitos especiais tivessem todo o impacto, as alegorias se mostraram espetaculares, passando com perfeição a proposta do enredo, que abordava as criações do homem e as divinas.
A comissão de frente simbolizava “o criador e suas criaturas”, e estava extraordinária, com seus componentes fantasiados de Frankenstein e o ator Cesar Macedo fantasiado com seu próprio personagem na Escolinha do Professor Raimundo, o professor Eugênio.
O exuberante abre-alas se chamava “… E se fez o mundo”, com um globo metade metálico, metade com terra e mar, e ainda soltava fumaça. Em seguida, começou uma viagem brilhante pelas origens da criação do mundo, com destaque para a alegoria “Elementos da Natureza”, que tinham plantas e animais.
Mas nada chamou mais a atenção do que a alegoria de Adão e Eva, com o ator Beto Simas e a modelo Luiza Ambiel, que estava no auge da popularidade pelo sucesso na Banheira do Gugu. Outro carro muito bonito era o que simbolizava a criação dos bebês de laboratório.
As fantasias, multicoloridas de acordo com cada estágio do enredo, renderam belíssimo efeito e estavam à altura das alegorias. A fantasia de Robocop dos componentes da bateria também era supercriativa. Fernando Pamplona resumiu: “A Mocidade foi perfeita e Renato Lage mostrou seu estilo personalíssimo”.
A bateria de Mestre Coé esteve cadenciada e conquistou o público com suas paradinhas, mas numa dela apresentou problemas, tanto que seria despontuada. Com uma evolução vibrante e sem descompassos, a Mocidade chegou à Apoteose credenciada a brigar pelo campeonato. O samba não era o melhor da safra, mas o trecho do refrão principal que dizia “A bomba que explode nesse Carnaval/É a Mocidade levantando o seu astral” foi cumprido à risca.
Encerrou o desfile de domingo, já na segunda de manhã, a Unidos da Ponte, numa antítese do que foi a Mocidade. O enredo sobre as sombrinhas não teve um samba dos mais cotados, alegorias pequenas e enredo que poderia ter sido mais bem desenvolvido para os críticos.
Salvaram-se a empolgação dos componentes, principalmente do meio para o fim do desfile, e a famosa bateria de São Mateus, porque até mesmo a evolução, apesar do número menor de desfilantes, teve buracos.
O público, que já resistia bravamente ao sol até o desfile da Mocidade, não aguentou e deixou o sambódromo às moscas. A Ponte terminou sua exibição mais de três horas depois do previsto.
Por outro lado, a segunda-feira começou com uma agradabilíssima surpresa vinda de São Gonçalo. No seu primeiro desfile no Grupo Especial, a Unidos do Porto da Pedra brilhou com o enredo “Um carnaval dos carnavais”, que mostrava como era a folia por todo o planeta.
O carnavalesco Mauro Quintaes obteve êxito na concepção plástica da escola, que agradou do começo ao fim com suas alas e alegorias multicoloridas e o belo acabamento de todo o conjunto. O carro sobre o Carnaval de Veneza foi o grande destaque do cortejo.
Em dado momento, um susto: o carro da China engatou a pata de um enorme dragão no carro de som, o que causou preocupação, mas a direção de harmonia agiu com velocidade e evitou que as alas à frente evoluíssem. Tão logo a escola desenganchou a alegoria, o público vibrou.
O samba contava bem o enredo e tinha boa melodia, e o cantor Wantuir, que fazia sua estreia como primeiro intérprete de uma escola do Grupo Especial, mostrou a categoria que marcaria sua carreira dali em diante.
Passada a boa apresentação da Porto da Pedra, o Império Serrano entrou na pista para se recuperar dos maus desfiles dos dois anos anteriores. E obteve total sucesso, mesmo envolto em dificuldades financeiras. Foi um desfile emocionante e inesquecível – o Migão já escreveu sobre isso no blog.
O enredo sobre o programa “Ação Contra a Fome”, na verdade uma grande homenagem ao sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, rendeu um samba antológico de Arlindo Cruz, Aluísio Machado, Lula, Beto Pernada e Índio do Império.
E o já conhecido cantor Jorginho do Império, filho do grande Mano Décio da Viola, defendeu de graça um samba na avenida pela primeira vez para ajudar a escola do coração.
– Eu nunca fui puxador, mas precisava ajudar a minha escola. Eu já fiz de tudo um pouco no Império – contou Jorginho.
A escola entrou com uma garra impressionante. Cantou e contou muito bem o enredo, apesar da limitação estética pela situação financeira crítica, e clamou por um tratamento melhor aos mais pobres. A bateria, como de costume, esteve maravilhosamente cadenciada e o samba rendeu de forma espetacular.
Um dos grandes momentos do desfile foi a ala em homenagem aos trabalhadores do campo, fielmente trajados. Atores como o casal formado por Nicette Bruno e Paulo Goulart, e mãe e filha Ângela e Leandra Leal desfilaram com muita garra no chão.
Mas a maior emoção ocorreu mesmo quando Betinho desfilou no último carro (foto acima), não à toa chamado “Um ser de luz”. Um ano e meio antes de morrer de Aids (contraída numa transfusão de sangue, necessária pela sua hemofilia), o sociólogo levou muita gente às lágrimas.
“Nunca vi na minha vida um tema tão importante quanto esse ser tratado de forma tão boa e tão bonita, com muita poesia, com muita sensibilidade. E foi por isso que eu aceitei vir, porque corresponde exatamente às ideias centrais e à emoção da solidariedade que a nossa campanha provoca no brasileiro. Descansei ao máximo, comi uma sopa de mocotó e vim embora”, comentou Betinho à TV Manchete ainda na concentração.
Se não dava para brigar com o poderio das escolas mais bem estruturadas da época, como Imperatriz, Mocidade, Salgueiro e Beija-Flor, o Menino de 47 mostrou que estava vivo. O samba agradeceu com uma reverência.
Terceira agremiação a desfilar, a Estácio de Sá ficou devendo no enredo “De um novo mundo eu sou, uma nova cidade serei”. De forma bizarra, o tema homenageou o Teleporto erguido na Cidade Nova, justamente onde ficava a sede da escola, que… ficou sem quadra!
O samba era agradável, com o famoso refrão do “Teleporto está no ar” na bela interpretação de David do Pandeiro (que substituiu Dominguinhos), e a bateria de Mestre Ciça esteve firme. Os componentes sabiam da situação difícil da escola e cantaram com muita garra.
Mas o conjunto alegórico pecou em criatividade e acabamento, pela falta de recursos patente – o barracão foi concluído em cima da hora. O enredo acabou se tornando um tanto confuso para público e crítica.
Já a Unidos da Tijuca teve um desfile caótico. Desenvolvido pelo carnavalesco Lucas Pinto, o enredo sobre Zumbi dos Palmares, cuja morte completava 300 anos, teve um excelente samba-enredo puxado por Paulinho Mocidade.
Mas um incêndio (rapidamente controlado) no carro abre-alas foi o prenúncio do que viria a seguir, com alegorias quebradas, evolução embolada e confusa e correria das últimas alas.
Quando o carro pegou fogo no começo do desfile, o presidente Fernando Horta passou mal e desmaiou, mas acabou se recuperando. Diante de tantos problemas estéticos e nos quesitos de chão, havia risco de rebaixamento.
A Unidos de Vila Isabel foi outra agremiação que não reeditou seus grandes momentos. O enredo sobre o Rio Grande do Sul era chamado de “A heróica cavalgada de um povo”, mas de heroico o desfile não teve tanto.
Isso porque o samba-enredo, embora tivesse boa letra e melodia, não tinha a pegada características da histórica galeria de obras da Vila Isabel – o samba derrotado de André Diniz era considerado superior.
Como resultado, a escola passou sem cantar com a garra costumeira. Alegorias e fantasias até que estavam corretas, embora não fossem de grande impacto. Foi o típico desfile de meio de tabela.
A sexta escola a desfilar na segunda-feira foi a bicampeã Imperatriz Leopoldinense, que, num enredo bem à sua feição, fez uma exibição impecável ao contar a história da imperatriz do Brasil, Dona Leopoldina, que foi casada com Dom Pedro I.
Como já escrevi, o samba era excepcional, e Preto Jóia teve a ilustre companhia de Dominguinhos do Estácio no carro de som. O lindo esquenta com o samba de quadra “Rainha de Ramos” também contou com o gresilense Elymar Santos ao lado dos dois intérpretes (foto). Belo começo para um desfile igualmente belo.
A agremiação teve ajuda financeira do governo da Áustria, já que, como dizia o samba, “E foi da Áustria, a escolhida/Carolina Josefa Leopoldina”. A comissão de frente (foto) foi um dos destaques, com os componentes munidos de violinos, como se estivessem no casamento de Leopoldina com D.Pedro.
Mas o conjunto de alegorias e fantasias concebido por Rosa Magalhães foi ainda mais deslumbrante. O carro abre-alas, por exemplo, mesclava o bom gosto nas esculturas de pássaros típicos do Brasil com efeitos de luzes. Já a alegoria “Passeio de Trenó” simulava uma tempestade de neve típica da Áustria, com excelente efeito.
Um dos destaques que representaram D.Pedro I foi o cantor Sidney Magal, na alegoria que retratava o noivado com Leopoldina (foto). Outro D.Pedro saiu no último carro, que representava o monumento à Independência na Praça Tiradentes. Todos os carros com concepção, acabamento e mensagem absolutamente cristalinas.
Com tanto luxo e requinte, a Imperatriz apenas deu uma pequena vacilada em evolução, já que as fantasias, apesar de maravilhosas e pertinentes ao enredo, de fato eram grandes. Mesmo assim, mesmo sem ter tido uma exibição quente como as de Mocidade e Império Serrano, a escola terminou sua apresentação como candidatíssima a mais um título.
Outra bela apresentação da noite foi feita pela Beija-Flor. O enredo “Aurora do povo brasileiro”, de Milton Cunha, procurava na Serra da Capivara, no estado do Piauí, a explicação para o elo perdido e a evolução do homem no território brasileiro.
E, embora, segundo os críticos, tenha havido um certo exagero no momento em que se colocaram órgãos sexuais enormes nas chamadas pinturas rupestres, o enredo foi muito bem desenvolvido, com fantasias e alegorias adequadas, relembrando os gigantescos animais e o crânio de Luzia.
O ano de 1996 marcou na Beija-Flor a chegada do casal formado pela porta-bandeira Selminha Sorriso e pelo mestre-sala Claudinho. Os dois marcariam época na escola de Nilópolis e já começaram com uma chuva de notas 10.
O samba era forte, e a comunidade nilopolitana, como de costume, teve excelente harmonia, mantendo o pique do começo ao fim do desfile. Sem dúvida a Beija-Flor brigaria pelas primeiras posições, mas com um conjunto um pouco abaixo do que apresentaram Imperatriz e Mocidade, além de não ter emocionado como Império Serrano.
A penúltima escola a desfilar foi a Tradição, que levou ao público uma cerveja daquelas que não descem direito. A carnavalesca Lícia Lacerda deixou a agremiação ainda durante a fase pré-carnavalesca por entender que havia interferência em seu trabalho, e a preparação acabou prejudicada – Orlando Júnior completou o desenvolvimento.
Em fase financeira complicada, a escola apresentou um conjunto plástico fraco, e o samba, que não era considerado dos melhores da safra, de fato não funcionou no desfile. Ao contrário de anos anteriores, os componentes não passaram animados e a escola corria risco de cair.
Por outro lado, quem passou com muita garra e simpatia foi a rainha de bateria Luma de Oliveira, apenas dois meses depois do nascimento do filho Olin. Foi o último desfile da modelo pela Tradição após 11 carnavais.
Já a Estação Primeira de Mangueira encerrou muito bem os desfiles de 1996. Depois de anos de problemas, a Verde e Rosa tinha novo presidente (Elmo José dos Santos, o Rato do Tamborim) e o slogan da escola era “Muda, Mangueira!” E, com dia claro, a Velha Manga mostrou realmente que estava mudando.
O enredo “Os tambores da Mangueira na Terra da Encantaria”, do carnavalesco Oswaldo Jardim, falava sobre o Maranhão e o conjunto plástico da escola foi criativo e bem acabado como há tempos não se via. Lançando mão de uma de suas mais marcantes características, o carnavalesco usou materiais mais baratos e leves, como a espuma, e conseguiu ótimo efeito como nas alegorias “Brincando de ser índio” (com um enorme sapo), “Corsários do Velho Mundo” e “Ana Jansen”.
Mas a Mangueira não deixou de lado sua grande força: a garra e emoção. Para começar, o abre-alas levava baluartes como os saudosos Carlos Cachaça, Delegado, Mocinha, Dona Zica e Dona Neuma. Simplesmente emocionante. E o samba, que ninguém dava tanta bola antes do desfile, rendeu muito bem, com a escola cantando do começo ao fim com o inigualável Jamelão, que acabaria agraciado de novo com o Estandarte de Ouro.
A bateria como sempre esteve firme e o conjunto da Estação Primeira foi corretíssimo, com uma acertada divisão cromática de fantasias e alegorias, que, se não estavam no nível de uma Mocidade ou uma Imperatriz, contavam muito bem o enredo. Já com sol forte, a Mangueira terminou o desfile dando a impressão de que voltaria no sábado das campeãs.
“Um feliz encontro de tradição e modernidade da Mangueira, que teve um casamento perfeito com o Oswaldo Jardim. Até o samba mostra a vitalidade da escola, pois mostra a possibilidade de mudar, garantindo a reafirmação de sua identidade”, comentou Maria Augusta ao Jornal do Brasil.
REPERCUSSÃO E APURAÇÃO
Terminado o desfile, o consenso era de que Imperatriz e Mocidade brigariam palmo a palmo pelo campeonato. Era a técnica e requinte de Rosa Magalhães contra a criatividade e tecnologia de Renato Lage. Salgueiro, Beija-Flor, Império Serrano e Mangueira também realizaram alguns dos bons desfiles do ano, mas corriam por fora.
Na apuração, Imperatriz, Mocidade, Beija-Flor e Mangueira largaram na frente como se esperava, mas a escola de Nilópolis e a Estação Primeira ficaram para trás depois do quesito Conjunto, deixando a liderança dividida entre as duas Verde e Branco.
No quesito Evolução, a Imperatriz levou um 8,5 que acabou descartado, mas um 9,5 fez a escola sair da liderança, e a Mocidade ficou isolada na frente. No fim, a escola de Padre Miguel até teve menos notas 10 no geral do que a Imperatriz, mas em nenhum quesito teve menos do que quatro 10, o que garantiu a vitória graças aos descartes da pior nota.
Vale lembrar que se a apuração de 1996 fosse por “pontos corridos”, sem descartes, a Rainha de Ramos teria sido tricampeã. Mas o “se” não joga e nem ganha Carnaval, e por isso o título ficou em boas mãos. Era o terceiro título da Mocidade tendo Renato Lage como carnavalesco.
Pelos lados de Ramos, o lamento foi grande. De qualquer forma, em 1995 a Imperatriz foi bicampeã com uma alegoria a menos e com outra escola – no caso a Portela – tendo feito uma apresentação mais elogiada. Coisas do Carnaval.
Completaram as seis primeiras posições a Beija-Flor em terceiro, Mangueira em quarto, Salgueiro em quinto e o Império Serrano brilhantemente em sexto lugar. Caíram quatro agremiações: Caprichosos (um exagero para alguns), Tradição, Império da Tijuca e Unidos da Ponte.
No Desfile das Campeãs, a Mocidade pôde desfilar à noite como pretendia e conseguiu mostrar todos os efeitos especiais planejados para a apresentação oficial. E foi tudo espetacular. Os integrantes da comissão de frente tiraram as máscaras e saudaram a todos. A bateria do saudoso Mestre Coé esteve ainda mais cadenciada, valorizando o samba.
RESULTADO FINAL
POS. | ESCOLA | PONTOS |
1º | Mocidade Independente de Padre Miguel | 300 |
2º | Imperatriz Leopoldinense | 299,5 |
3º | Beija-Flor de Nilópolis | 299 |
4º | Estação Primeira de Mangueira | 297,5 |
5º | Acadêmicos do Salgueiro | 297,5 |
6º | Império Serrano | 294 |
7º | Unidos de Vila Isabel | 292 |
8º | Portela | 291,5 |
9º | Unidos do Porto da Pedra | 289,5 |
10º | Estácio de Sá | 287,5 |
11º | Acadêmicos do Grande Rio | 286,5 |
12º | União da Ilha do Governador | 286 |
13º | Unidos do Viradouro | 284,5 |
14º | Unidos da Tijuca | 283 |
15º | Caprichosos de Pilares | 283 (rebaixada) |
16º | Tradição | 275 (rebaixada) |
17º | Império da Tijuca | 254 (rebaixada) |
18º | Unidos da Ponte | 251 (rebaixada) |
Do Acesso A, subiram para o Grupo Especial a Acadêmicos de Santa Cruz, seis anos depois do último rebaixamento, e a Acadêmicos da Rocinha, que pela primeira vez conseguiu uma vaga na elite.
Com o enredo “Ribalta, sonho, luz e ilusão”, sobre o teatro, a Verde e Branco fez um desfile bastante luxuoso e com alegorias de nível de Grupo Especial. A comissão de frente chegou a ter problemas com os esplendores, mas isso não impediu que a escola passasse com muita correção em todos os quesitos.
Já a Rocinha, última escola a desfilar, finalmente conseguiu o objetivo de subir de grupo com um enredo em homenagem à Bahia, e passou com muita animação. A terceira colocação ficou com a São Clemente, que ficou a 1,5 ponto da Rocinha.
Caíram para o Acesso B quatro escolas: Arrastão de Cascadura, Acadêmicos do Engenho da Rainha, Acadêmicos do Cubango e Unidos de Villa Rica. Um ano depois de passar pelo Grupo Especial, infelizmente a escola de Copacabana atravessava grave crise, e simplesmente não desfilou.
O título do Grupo de Acesso B ficou com o campeão Arranco do Engenho de Dentro e a vice Acadêmicos do Dendê. Isso até rendeu um curioso título para a matéria de “O Globo” sobre o desfile: “Acadêmicos do Dendê dá molho em desfile insosso”.
Lamentavelmente a Mocidade Unida de Jacarepaguá foi bastante afetada pela enchente que arrasou a comunidade da Cidade de Deus uma semana antes. Além dos danos a alegorias e fantasias, diversos componentes morreram. Enlutada, a Mocidade fez um desfile simbólico com apenas 100 pessoas e um componente tocando surdo. Foi a última vez em que a escola desfilou no Sambódromo.
CURIOSIDADES
– Durante o desfile da União da Ilha, o narrador Paulo Stein fez uma emocionante homenagem ao fundador da TV Manchete, Adolpho Bloch, morto meses antes. A equipe contava ainda com a jovem repórter Ana Paula Araújo, que anos mais tarde brilharia ancorando telejornais e até mesmo a transmissão do carnaval da Globo. Outra novidade era o experiente Tarlis Batista, famoso pelas coberturas esportivas e que já havia sido assessor de comunicação da Beija-Flor.
– Foi o último título da Mocidade Independente de Padre Miguel antes de enfrentar um jejum de 21 anos sem ganhar o Carnaval.
– O 13º lugar com a Unidos do Viradouro em 1996 foi o pior resultado de Joãosinho Trinta como carnavalesco de uma escola de samba no Grupo Especial.
– Com o rebaixamento, o Império da Tijuca amargou 17 carnavais consecutivos nos grupos de Acesso. A escola só voltaria à elite em 2014, de onde foi rebaixada de novo (injustamente para muitos).
– A excelente apresentação na estreia no Grupo Especial rendeu à Unidos do Porto da Pedra uma rara premiação: o Estandarte de Ouro de revelação do Carnaval-96. Rara porque em apenas numa outra ocasião, uma agremiação foi eleita a revelação: a Caprichosos de Pilares, em 1983.
– Falando em Caprichosos, foi o primeiro rebaixamento da escola desde a chegada à elite em 1983. A escola voltaria ao Grupo Especial em 1998 e ficaria até 2006, quando seria definitivamente rebaixada.
– O refrão principal do samba do Estácio acabaria sendo adaptado para a propaganda do Telecurso 2000, da TV Globo. O original “O teleporto está no ar/É nessa que eu vou me ligar/Na era da modernidade/Uma nova cidade será” virou “O telecurso está no ar/É nessa que eu vou me ligar/Na era da modernidade/É assim que eu vou estudar”.
CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão
Confesso que discordo do Fred e acho muito justa a vitória da Mocidade Independente, a que assisti do antigo Setor 4 (hoje, 10). O desfile da Imperatriz foi um dos mais frios a que assisti na minha vida – a escola passou gelada.
A Portela sofreu com a quebra de um carro exatamente à frente de onde estava, o que acabou acarretando no estouro do tempo. Reza a lenda que o (fraco) samba se sagrou vencedor no concurso pelo fato da parceria ter pago contas de luz e água atrasadas da escola.
Por falar em disputa de samba a da Vila Isabel deste ano é conhecida entre torcedores e simpatizantes como “A Heroica Marmelada de um Povo”, em título autoexplicativo. Muita gente diz que o resultado foi determinado pela “rapaziada”, preterindo o belo samba do compositor André Diniz.
Conta o amigo Aydano André Motta em seu recém lançado livro sobre porta bandeiras que Rita, do Império Serrano, teve uma áspera discussão com a então vice presidente Neide Coimbra porque seu resplendor estava inadequado e ela queria tirar. Ela tirou, o mestre sala Claudinho (filho de Neide) não, e este despencou em frente ao primeiro jurado…
A carteirinha que ganhei do carnavalesco Ernesto do Nascimento para frequentar os ensaios do Império Serrano foi minha primeira ligação formal com uma escola de samba. Também foi a primeira vez em que acompanhei de perto a preparação de um desfile – muita gente na escola acha até hoje que sou filho do falecido carnavalesco.
É com felicidade que hoje vejo o sensacional samba do Império claramente datado. O Brasil superou quase que totalmente a fome.
Apesar dos inúmeros problemas enfrentados, deve-se ressaltar a brilhante performance da bateria e do puxador Paulinho Mocidade no desfile da Tijuca. Aliás, Zumbi é considerado um tema “azarado” nos desfiles.
A Estácio de Sá, que já sofria com problemas financeiros, teve na perda de sua quadra um golpe definitivo.
Onde eu estava se cantava assim o refrão do Império da Tijuca: “Eu acordei / foi ilusão / Voltei direto pra Segunda Divisão…”
Me causou espanto o abre alas da Mangueira todo em neon às oito da manhã… Mas sem dúvida foi um belo desfile da escola.
Links
O desfile campeão da Mocidade Independente em 1996
A grande exibição da Imperatriz Leopoldinense
A apresentação que marcou a ressurreição da Mangueira
O emocionante e inesquecível desfile do Império Serrano
Fotos: O Globo, Extra e reprodução de internet
1996 foi um ano de uma disputa belíssima entre imperatriz e mocidade.
o samba da beija-flor é feio que doi,mas até que é simpático.
a porto da pedra conseguiu com seu bom desfile se manter na elite.mas o casamento mais duradouro durou de 2002 a 2012,11 anos portanto,esse foi o segundo de 1996 a 1998
o samba do estácio me satisfaz bem .
fred uma dúvida o desfile da ponte foi horrível mesmo como dizem,ou não mas devido a começar o desfile pelas 8 hrs da manhã,o povão ficou desanimado
e por entanto é isso,que venha 97,na que considero a pior safra do rj.
Luciano,
Frente seus comentários, também considero o samba da Beija-Flor interessante ou divertido, usando seu termo.
Curioso que 97 considero uma das melhores safras! Mas é questão de gosto.
Sim, Luciano. Eu assisti o desfile da Unidos da Ponte. Foi terrível. Nem comissão de frente tinha.
Pobre do Serginho do Porto que terminou o desfile sem camisa e sem sapato!!
obrigado vilela.
como assim sem sapato.
Ele tirou o sapato no meio da avenida e foi descalço até o fim!!! O mesmo contou em entrevista há algum tempo!
E pra mim, 1997 só “ganha” de 2009 como pior safra!!! =D
Concordo com o autor do artigo a respeito das suas considerações sobre o desfile da Imperatriz. O desfile foi impecável mesmo e perdemos para a “bomba” da Mocidade naquele ano, que tinha um samba bem fraco, mas desfilou sob o impacto da comissão de frente (Franksteins) e as enormes alegorias do Renato Lage. Discordo apenas quando afirma que em 1996 a Imperatriz fez seu melhor desfile na década; como torcedor da escola, considero o desfile de 1993 (o desfile sobre o Marquês de Sapucaí) da escola um desfile antológico, com a comissão de frente representando mascarados bailando, um samba maravilhoso (que contou com Rixxa no apoio ao carro de som) e um belo desenvolvimento de enredo de Rosa Magalhães. Muitos torcedores da escola amém consideram aquele ano (1993) como o melhor da década. Saudações.
E há quem não aceite o título do Salgueiro, deixando o mérito do mesmo exclusivamente ao samba, visto que a Imperatriz era puro requinte e bom gosto na pista!
Mesmo com os belos desfiles, o que acho mais impressionante na Imperatriz é a sequência de grandes sambas no período 93-96. Nenhuma outra escola do Grupo Especial conseguiu emplacar quatro sambas seguidos com essa qualidade na década de 90! (Portela 91-94 até chegou perto)
Excluiu o samba de 1995 da Portela?!?!?!?!
Boa tarde!
Prezado Fred Sabino:
Acredito que a Mocidade tenha se saído melhor que a Imperatriz no balanço geral dos desfiles por dois motivos:
– O “calor” da apresentação, como já destacou o Migão;
– Enredo mais comunicativo. As alegorias e os figurinos de Rosa Magalhães são de encher os olhos, mas as definições dos mesmos dentro da idéia do enredo não eram tão compreensíveis como na adorável crítica de Renato Lage (A começar pela comissão de frente).
O desfile da Unidos da Tijuca foi algo além de desastroso. Uma das alegorias que não entrou chegou a rasgar (Literalmente!) o asfalto da Presidente Vargas, e era toda confeccionada com cordas. Um belo trabalho que não foi visto.
Devido à redução do Acesso A, os desfiles deste grupo passaram a ser apenas no sábado. O B desfilava na sexta para um sambódromo às moscas na maior parte do tempo.
Com o amanhecer, era possível contar nos dedos a quantidade de pessoas em cada arquibancada…
Que venha 1997!
Atenciosamente
Fellipe Barroso
Este desfile da Mocidade, deixando de lado o protecionismo de um torcedor, foi esplendido. A comissão de frente uma das mais criativas, apesar da coreografia ser basicamente em “câmera lenta” simulando o andar do monstro. Detalhe: no desfile das campeãs, os Frankenstein, tiraram suas mascaras na frente da cabine de TV.
Mas é evidente que a Imperatriz estava majestosa. Mas uma aula de historia da Rosa! Requinte e luxo servindo perfeitamente para contar o enredo.
Gosto muito do samba da Ilha e da Porto da Pedra e o da Beija-Flor meio cara de São Clemente, devido a descontração e leveza.
O samba da Império entra no meu TOP 10. É de uma poesia ímpar e de uma bela homenagem. Tenho o pensamento que é diferente homenagear Beto Carreiro, Silvio Santos, Ronaldo Fenômeno, que foram e são homens de business, mercantilistas. Agora você homenagear homens que fizeram a diferença pelo próximo, como Betinho ou Josué de Castro (pioneiro no mapeamento e ações contra a fome) que foi homenageado pela extinta Independente da Praça da Bandeira em 2005, aí o desfile fica mais emocionante.
O ano de 96 foi interessante para o carnaval na minha opinião.
Concordo com o autor do texto, Fred Sabino, de que a Imperatriz merecia o título. Samba maravilhoso, fantasias luxuosas, muito requinte nas alegorias, uma bela bateria, comissão de frente… Na minha humilde opinião, melhor desfile da Imperatriz na década e melhor trabalho da Rosa Magalhães. Mas não dá pra dizer que o título da Mocidade foi injusto, também foi um belíssimo desfile, ficou muito perto mesmo da Imperatriz, com a vantagem de ter sido mais animado e que, talvez, pudesse ter cativado ainda mais o público com suas alegorias, pois Renato Lage as imaginou para um desfile de noite. Lembro que já nas campeãs a diferença era considerável, com os efeitos.
Grande desfile da minha verde e rosa, marcando uma nova era para a escola com o Muda Mangueira, com Jamelão entoando o nome do movimento no grito de guerra no CD. Para mim, era 3º lugar com folga, e se lembro que ocorreu um problema que quase fez a harmonia desandar logo no início do desfile, quando o sistema de som da sapucaí começou a tocar uma música de incentivo ao uso da camisinha que até ficou famosa na época, mestre Jamelão estava p… depois do desfile com isso, mas felizmente não gerou grandes problemas.
Salgueiro se não estivesse com um contingente tão exagerado, disputava palmo a palmo esse terceiro lugar com a Mangueira.
Império Serrano fazendo um desfile, depois de muito tempo, como Império Serrano. Emocionante, com garra, amor a escola, e um samba excelente, tudo isso, somado a emoção da passagem do Betinho, para mim seria mais do que suficiente para a escola voltar nas campeãs. Infelizmente os jurados discordaram.
Aliás, apesar de ter feito um desfile animado e sem grandes erros, não colocaria a Beija-Flor nas campeãs. Mílton Cunha, apesar de bastante criativo e inteligente (se não me engano, nesse ano causou furor com as “mulheres aladas” numa alegoria), começou a praticar os excessos que acabaram marcando um pouco sua carreira e o impedindo até de alçar vôos mais altos no Carnaval.
O refrão da Grande Rio, além de “pegar” no desfile, acabou virando alusivo da escola nos carnavais seguintes, uma pena o terem esquecido hoje…
Lembro de ver os desfiles do Acesso B na CNT, para um público muito reduzido. A imagem da Mocidade Unida de Jacarepaguá caminhando pela avenida com seus componentes chorando e se consolando ao som de um surdo é, junto com o incêndio na alegoria da Viradouro em 92, as cenas mais tristes que já vi no desfile das escolas de samba…
*me lembro
Concordo com voce Luis Fernando sobre as cenas tristes: o da Mocidade Unida é de longe, por toda a circunstancia fora do carnaval, a tragedia e mortes, o mais triste.
Considero tambem triste, mas para o Carnaval, a Portela em 2005. A Águia não merecia, mas a dignidade da Velha Guarda é exemplar.
Ladislau, considero 2005 o momento mais triste da história da Portela, com a covardia feita contra a velha guarda, porém o desfile, apesar da águia e da comissão de frente, até que teve seus bons momentos, excetuando, claro, o final melancólico. Já 2011, em termos de desfile, apesar de não ter uma imagem revoltante para o carnaval como aquela, considero o pior momento da Portela em sua gloriosa história. Mas sim, 2005 foi muito triste mesmo, se para mim deu raiva como nunca senti antes vendo um desfile, imagino para os portelenses…
Sobre a Portela, 2010 também achei a minha Mocidade em 2009.
Ficou confuso o que escrevi antes, o certo é:
Sobre a Portela, 2010 também achei um pouco ruim. Mais ruim só a minha Mocidade em 2009 ( com o péssimo cebola, que só vingou e mais ou menos em SP)>
Os desfiles do Acesso B só foram ter público, mesmo, a partir de 2005.
Já me disseram que 2009 teve um público excelente, quase de especial, não sei se é exagero, mas em todo o caso, legal a valorização que parecia acontecer com os desfiles desse grupo por parte do público. Pena hoje não poderem desfilar na Sapucaí.
Luis,
Um desfile que não é necessariamente do Acesso B, mas sim do RJ-1 em 2009, da Corações Unidos Amarelinho (hoje após a união com a Favo de Acari virou Corações Unidos do Acari). O enredo foi sobre o hino nacional e tem um samba lindo, com um refrão do meio:
“A liberdade não havia
Mas eis que ela floresceu
Meu bisavô liberto um dia
Negro e brasileiro como eu”
Quem quiser dar uma olhada:
https://www.youtube.com/watch?v=59Q3gD1YNlY
Esse era o Acesso B na ocasião. O desfile foi muito trash – o dono da escola foi preso e o dinheiro parou de jorrar
Um ano que guardo com muito carinho. Foi a primeira vez em que trabalhei na pista, na concentração, e pude sentir de perto o esquenta de cada escola. Dali, da pista, o termômetro do samba me faz ser da opinião que a Mocidade mereceu o campeonato. Mesmo anos depois, ao rever e reviver aquelas duas noites, não me convenci de que a Imperatriz deveria ter se consagrado tricampeã. Em um único momento avisei meus supervisores que precisava “largar” o trabalho por uma horinha. E segui o cortejo imperial sem parar de chorar um instante. Foi a primeira vez que ouvi as arquibancadas populares do Sambódromo gritando “é campeão” para o Império Serrano. Eu sabia que era impossível. Muitos percalços, alegorias com visíveis problemas de acabamento. Mas considero esse desfile um título para nós. Uma das maiores emoções que tive na vida também foi estar ao lado do carro de som ouvindo Jamelão entoar “Mangueira, teu cenário é uma beleza”, na manhã de terça-feira, na prévia de uma linda apresentação dessa gigante Estação Primeira. Por outro lado, o “desfile” da Mocidade Unida de Jacarepaguá, me deu, e a todos (os poucos) que estavam ali na sexta-feira, no Grupo B, uma tristeza enorme. Embora aquele surdo também representasse a imortalidade do samba.
Que saudade do tempo em que o glorioso Império estava no Grupo Especial nos brindando com grandes desfiles! Torço absolutamente pelo reerguimento do Menino de 47!
Com um pouco de atraso, vamos lá:
O que fizeram no CD de 96 foi de um amadorismo absurdo, espremeram as 18 em um disco e determinaram 4 minutos cravados pra cada um. Somando, dá cerca de 72 minutos de CD. Se eu fosse o produtor do disco, colocaria pelo menos 20 segundos a mais para cada escola.
A bomba explodiu! Mesmo sob a luz do dia a Mocidade deu show! Pena que este foi o último título da estrela guia…
Imperatriz fez um grande desfile também, um samba-enredo inesquecível, mas tava escrito na estrela que o tri não viria
Outro sambaço também era do da Beija-Flor! De arrepiar!
Fred, vou pedir licença para usar uma frase sua: O samba da Ponte era uma bosta, mas era divertido. Aliás, último carnaval da azul e branca na elite…
Voltando a falar do CD, o momento mais emocionante foi o dueto de Aroldo e Ito Melodia. Fantástico!
O samba do teleporto foi a última grande obra da Estácio.
Na apuração, o Jorge Castanheira estava um tanto que amargo.
Aliás, o canal “História Mocidade Independente” resgatou a parte final desta apuração.
O atraso para o início do desfile da Mocidade consagrou uma frase do Renato Lage. Abordado sobre tal atraso pela repórter da Manchete, ele soltou: “Porque Deus é brasileiro, porra!”
Que venha 1997, meu carnaval favorito!
carlos,me tire uma dúvida como assim tava amargo na apuração o castanheira.
Ele estava nervoso em dado momento, tanto que na hora de explicar que um jurado não tinha justificado uma nota, ele berrou um “tá dando pra ouvir?” enquanto discutia com alguém num rádio transmissor.
Sério que você acha o samba da Beija-Flor bom?? =D
Na minha opinião, de 1987 até 1997, só se aproveitam os de 1989, 1994 (mediano) e 1995. O resto pode jogar no liquidificador, bater e espalhar pra ver se sai um decente!!
Não tem nada a ver com o Fred e nem com a opinião dele, que fique muito claro.
Meus dedos coçaram pra escrever isso e o dia chegou: O CHORORÔ JÁ DURA 20 ANOS!!!
A mesma escola que desdenha da Beija-Flor por causa de 1989 é a mesma que choraminga o titulo de 1996, depois de vencer de forma muito injusta em 1995!! E pra quem diz que o samba é fraco, sugiro rever os conceitos!!
Aliás, virou moda falar mal da Mocidade de uns tempos pra cá – o Paulo Vianna não tem nada a ver com a história GLORIOSA da verde e branco “que bate melhor no Carnaval”!! Uma pentacampeã merece mais respeito por parte de certos “torcedores” de co-irmãs! A bem da verdade, um dos motivos que estão ajudando a estragar o Carnaval é essa onda de “torcida organizada” que começa a infestar as escolas.
Posso até exagerar um pouco, mas o desfile da Mocidade é daqueles que a gente sabe que vai dar título ao chegar na Apoteose. E como eu pulei naquele 10 derradeiro…
Até porque o texto do Fred foi ESTUPENDAMENTE brilhante. Ele deixou claro: a Imperatriz foi mal em evolução. E a escola de Ramos perdeu ponto em Evolução. Então, parem de desmerecer o que a Mocidade fez. E isso porque desfilou de dia!!!
No mais, no mais. O Império Serrano saindo da avenida aos gritos de “campeã” e a Mocidade de JPA com um único surdo foram as maiores emoções do Carnaval, e ficaram para a história, com certeza.
Fred e Migão, desculpem o desabafo. Mas é uma resposta a quem diz por aí, nas redes sociais, que a Mocidade deveria acabar – e tem retardado que diz isso!!
Rodrigo,
Valeu a defesa da escola de Padre Miguel. De fato acredito que as escolas são mais que seus presidentes ou ex-presidentes. Respeito pela historia e titulos deve ser considerado.
Sobre o que você escreveu “…um dos motivos que estão ajudando a estragar o Carnaval é essa onda de “torcida organizada” que começa a infestar as escolas…”. Voce quer dizer que torcidas organizadas de times (exemplo: Youg Flu, Força Jovem) estão se envolvendo nas escolas. Ou os componentes das escolas começam a formar “organizadas” (como a Independente Mocidade) e começa a haver rachas.
Desculpe minha ignorancia, perguntei para entender todo o contexto do seu belo texto
Segunda opção, Ladislau. Nas redes sociais, é fácil perceber: faça uma crítica a alguma escola que os xingamentos vêm em peso.
O Bruno Malta, mesmo, ao fazer uma análise sobre a (horrível) safra de SP deste ano, tomou de todos os lados do pessoal da Dragões da Real. Claro, os que concordaram com o Bruno foram e o defenderam, esculachando mais ainda os “torcedores” da Dragões.
O que eu vejo no Rio é isso. Não se pode mais fazer uma crítica que os “torcedores” das escolas já descem o malho!!!
Entendido Rodrigo!
valeu,vilela acho que vai o samba é maravilhoso,o enredo embora muito luxuoso ,é patrocinado,wander pires voltou,na apuração a mocidade não vai chorar,uma volta nas campeãs é possível.
O respeito pelas co-irmãs vai se acabando aos poucos. Qualquer dia, ninguém mais terá respeito de suas escolas-madrinha!
Sinceramente não acredito que a “violência verbal” (E não verbal também…) de algumas torcidas seja um fenômeno de sua organização.
Infelizmente a violência está na história das Escolas de Samba.
– As cordas (Sustentadas geralmente por gente armada)
– Os homens vestidos de baianas (Escondendo facas sob suas fantasias)
– Incontáveis episódios de intervenção policial envolvendo os dirigentes das Agremiações (Natal era um que sangrava e fazia sangrar…).
A Internet deu a chance de as pessoas (Qualquer pessoa) se expressarem na comodidade de seus computadores.
Antes dessas máquinas, as brigas eram ao vivo, em cores, e no braço! Tinha que ter peito para fazer na hora e sem combinar nada com a “turma” antes.
Que fique claro: não sou defensor destas atitudes, mas não acho válida colocá-las como um fenômeno associado ao presente e certas formas de organização.
Eu não citei as TOs criadas de verdade, eu me refiro àqueles que não sabem ouvir críticas e não respeitam co-irmãs!!
E se até o Rodrigo Mattar – que é gresilense DOENTE – sabe que o desfile da Mocidade foi um puta desfile – ele queria ver a Imperatriz campeã, óbvio – é porque a vitória dela não foi por acaso!!
No mínimo cabia um empate em 1996. Já disse e repito: troco o título de 1995 por esse perdido pra Mocidade.
Um empate não seria de todo o mal, xará. Teu comentário é mais uma prova de que você é gresilense, mas não é tapado!!! Você soube reconhecer que a Mocidade fez um baita desfile!!!
Boa noite!
Prezado Fred Sabino:
Novamente escrevendo aqui para complementação de uma curiosidade que não poderia faltar!
Se em 1995 o samba da Imperatriz provocava quase que descaradamente o samba do Salgueiro de 1994…
…em 1996 o samba da Portela provocava (De forma discreta) a própria Imperatriz!
O refrão diz:
“A Portela demorou, mas abalou, e o povo canta NOVAMENTE ‘já ganhou’!”
numa clara alusão às manifestações do público e ao título que não veio no ano anterior.
Saudades dessas provocações!
Atenciosamente
Fellipe Barroso
Amigos, são tantas mensagens que só agora consegui ter tempo de ler tudo rs
Antes de tudo, muito obrigado pelas manifestações de bom nível. Como escrevi no começo da série, nem eu nem o Migão somos donos da verdade. E, evidentemente, não temos poder pra mudar resultado.
Sobre 1996, de novo: não acho a Mocidade uma campeã ilegítima como por exemplo a Mangueira em 1987 ou a Imperatriz em 1999, entre outras. Apenas acho que a Imperatriz no geral foi um pouquinho melhor, embora concorde com diversos argumentos aqui apresentados. No próprio conjunto absoluto de notas a Imperatriz teria vencido, mas a Mocidade foi campeã graças aos descartes. Mas não quer dizer que ela não tenha feito uma maravilhosa apresentação, nem que o título não tenha ficado em boas mãos. E 1996 talvez seja um dos raros casos em toda a Era Sambódromo em que há argumentos sólidos de ambos os lados na defesa de uma escola campeã. Isso só mostra a excelente apresentação que ambas fizeram.
Por fim, o que fico feliz com a série é que vocês têm até fornecido informações que não colocamos seja por questões de espaço ou memória (principalmente rs).
Que venham os próximos textos!
E você foi preciso no teu texto:
“Com tanto luxo e requinte, a Imperatriz apenas deu uma pequena vacilada em evolução, já que as fantasias, apesar de maravilhosas e pertinentes ao enredo, de fato eram grandes”.
E onde a Imperatriz perdeu ponto??? Justamente em evolução!!
Foram dois baita desfiles!! E, de novo, eu digo: transformem em livro!!! =D
Essa história de transformar em livro…
…QUERO COMPRAR O MEU AUTOGRAFADO!
O Carnaval de 1996 foi um dos mais legais da história com ótimos sambas e grande disputa mas o que mais me marcou foi a transmissão da Manchete que já era a melhor e esse ano teve forte patrocínio de uma cervejaria o que permitiu que a equipe fizesse talvez desde 84 e 87 sua maior cobertura na avenida.
Saudades desse carnaval, vejo que um empate entre Mocidade e Imperatriz o resultado mais justo porém o mais legal é que 20 anos depois ainda discutimos esse excelente carnaval.
O desfile da Ponte foi trash mas o samba era dos mais legais… canto até hoje rsrsrs
O samba da Imperatriz foi lindíssimo nesse ano e a qualidade da Rosinha Magalhães na pesquisa do enredo, confecção das fantasias e carros alegóricos era uma coisa que beirava a perfeição.
Achei a Imperatriz muito suntuosa e talvez merecesse o título de 96 também.
Mas o que me divertia mesmo em 96 era esse trecho da Beija Flor: “Pinta a pedra em “bacanal”/Ai… Que coisa sensual/É o macaco excitando o pessoal….” kkkk
1996 foi o último título da minha Estrela Guia.
Diferentemente da minha Vai-Vai (escola que amo aqui em São Paulo) que quase sempre vem forte, a estrela não tem me dado mais o orgulho de antigamente. Todo ano vejo os desfiles e aponto (sétimo, oitavo, nono, décimo, décimo primeiro lugar) uma colocação horrorosa. Nossa grandeza histórica nunca será questionada, mas é hora, aliás passou faz tempo, de voltar a brigar no G3 (Grupo das três primeiras – no mínimo chegar nas campeãs -).
Desfile impecável, assim como da Imperatriz, e que começou mostrando que a Padre Miguel viria para as cabeças. Beija, Salgueiro, Império (que saudade de vê-la forte) e Manga fizeram desfiles incríveis, mas abaixo das duas que disputaram palmo a palmo o carnaval. Que saudade dessa época em que ano sim e ano sim vinhamos para as cabeças. Mocidade entrava na Sapucaí com milhares de bandeirinhas de nossa torcida (ainda uma das maiores do país) e com brilho de brigar por títulos e, principalmente (o que vale de verdade), emocionar a todos com desfiles memoráveis. Carnaval é isso, acima de tudo, emoção. Colocar o desfile na história é mais “importante” que o título (me lembro muito de Rosas de Ouro em 2005 que foi histórico mais até que o desfile da Casa Verde que foi esplendoroso, mas menos marcante ou no Rio com Beija-Flor 89 em relação a Imperatriz 89) que é a cereja do bolo.
Única contestação de 1996 foi: Manchete tinha, e sempre teve, uma transmissão muito superior a da Globo. Sem contar que respeitava os direitos de transmissão. Rede Globo se preocupa mais com suas novelas do que nosso bem-estar. Corta sempre a primeira escola do Carnaval do Rio de Janeiro (não me desce ver a primeira depois que acabou o dia oficialmente e não me empolga), corta o desfile para mostrar a porcaria do camarote (esse ano em SP aos 51 minutos, em média, cortava pro estúdio e nos deixava sem os últimos 15 minutos do desfile – tenebroso -), muito protecionismo com a Beija-Flor (ninguém nunca vai discutir a grandeza da escola) mostrando desde o aquecimento da escola e começando várias das outras (inclusive a minha Mocidade) com quase 20 minutos no relógio e comentaristas e narradores muito inferiores ao que a Manchete apresentava #voltaManchete.
Comentarista da apuração global em 2015, no RJ, ficava a todo momento: “Mas é incrível e surpreendente a Beija-Flor perde pontos nesse quesito ou naquele outro.”
Como se fosse um desfile no nível da Mangueira ou Portela nesse ano.
Desculpe o desabafo nessa questão da Globo, pois não me desce.
No mais… belo texto.
em tempo: #VoltaMocidade
Corrigindo lá em cima: Constatação.