No próximo fim de semana começa uma história com muitas aventuras, travessuras e uma turminha da pesada aprontando mil confusões. Não, infelizmente não é um filme do sessão da tarde. É o campeonato carioca.

O campeonato já foi o mais charmoso do país e na minha época de infância rivalizava em importância com o campeonato brasileiro. Nos anos 80 ocorreram decisões espetaculares, com times não menos fascinantes. As finais de 85 entre Fluminense x Bangu, 86 e 88 Flamengo x Vasco e 89 Flamengo x Botafogo. Vejo em reprise a final de 81 entre Flamengo x Vasco e mesmo em reprise, sabendo de cor e salteado tudo que ocorre, dá nervoso, emociona. Hoje os estaduais são nem sombra disso. Parecem uma certa escola de samba que já fui do grupo A e agoniza no E.

Em 1991, 1995 (uma das maiores finais que o Brasil já viu de qualquer campeonato) e 2001 o estadual ainda respirou. Mas a impressão é que ele acabou quando a bola de Petkovic entrou na rede vascaína. O que aconteceu?

Uma série de fatores traz a isso. O mais dolorido e que pode ser aceitável é que o mundo muda, é cíclico e o que foi importante um dia não é mais. O mesmo debate que envolve o campeonato estadual ocorre no desfile das escolas de samba. Vários são os motivos que trazem a decadência dos desfiles, entre eles a crueldade de saber que seu momento no gosto popular pode estar passando.

Mas não é só isso. É verdade, mas é um discurso conformista. É aceitar as coisas como elas são e fazer nada ao contrário. Evidente que os estaduais passam por decadência, que o brasileirão hoje tem muito mais atrativos, dinheiro. Mas dava para o carioca, ainda mais com o charme e tradição de cem anos, ser muito mais competitivo e interessante.

Não dá para fazer um campeonato com dezesseis times e uma interminável Taça Guanabara. O modelo até 2013 de semifinais e finais de turnos era mais interessante. O modelo ideal para o atual estadual foi até meados da década passada. Doze times divididos em dois grupos de seis. Eram clássicos quase todas as semanas e campeonatos de tiro curto em que uma equipe já tem que começar “ligada” para não ficar de fora.

https://www.youtube.com/watch?v=Pi4kE3yHs4c

Mas a FERJ, a famigerada federação estadual, estraga tudo fazendo campeonatos para agradar seus eleitores, na maioria os times pequenos; e Eurico Miranda, que não dirige um clube pequeno, mas é pequeno nas atitudes.

Flamengo e Fluminense romperam com a federação e a mesma faz nada para contornar isso; muito pelo contrário. Ameaça, prejudica essas equipes – que são maiores que a federação. Determinaram uma série de medidas que prejudica, entre outras coisas, os planos de sócio torcedor e ameaçaram de punição os que jogassem a primeira liga.

Ah, mas essa eu queria ver…

Queria ver se a FERJ tinha peito de punir duas instituições tão importantes para o Brasil. Se teriam peito de rebaixar Flamengo e Fluminense ou desfiliar. É uma briga que não leva a nada, a federação e os clubes se prejudicam e por consequência o torcedor – já prejudicado pelas faltas do Maracanã e Engenhão.

Deviam se sentar, aparar as arestas e junto com Vasco e Botafogo verem como viabilizar o campeonato. Tem como. Só deixarem a vaidade de lado. E a FERJ aceitar que não vive sem os clubes grandes e que Caixa D`Agua morreu e foi organizar campeonatos no colo do capiroto.

O torcedor gosta do estadual. Os dirigentes precisam gostar também.

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https://www.youtube.com/watch?v=whowN1PZN-4

One Reply to “Corra que a Ferj vem aí”

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