A segunda noite do desfile das escolas de samba de São Paulo reúne pelo segundo ano seguido as duas escolas que dominam a folia paulistana nos últimos anos. Vai-Vai e Mocidade Alegre, somadas, venceram oito dos últimos nove desfiles na cidade. Acostumadas a protagonizar as disputas pela taça neste período, as duas escolas vêm frequentemente disputando espaço no sábado de Carnaval, como já aconteceu em 2007, 2008, 2009 e 2015. Nesses quatro anos, dois títulos para cada lado. Em 2007 e 2009, deu Mocidade, campeã ainda em 2012, 2013 e 2014. Em 2008 e 2015, deu Vai-Vai, que também levantou a taça em 2011. A curiosidade é que, neste ano, tal como em 2008, uma virá seguida da outra, o que deve facilitar ainda mais a comparação entre as duas grandes favoritas.
No entanto, as outras escolas que passarão pelo Anhembi também tem suas cartas na manga para brigarem pela taça. Além de Vai-Vai e Mocidade, outras três antigas campeãs desfilarão no Sambódromo. Uma delas é a Unidos do Peruche, que volta ao Grupo Especial com a ambição de se manter na elite. Nos três últimos desfiles que fez na primeira divisão, foi rebaixada – em 2007, 2009 e 2011. Uma das escolas mais fortes da cidade nos 50 e 60 e acostumada a brigar pelo título até o fim da década de 80, a escola aposta na tradição para voltar a figurar entre as grandes.
Ainda veremos na Avenida duas potências de tempos mais recentes. A X-9 Paulistana estreou na elite em 1995 e em 1997 já foi campeã, repetindo o feito em 2000 e brigando pelo título nos anos seguintes. De 2006 para cá, porém, a escola nunca mais ficou entre as cinco primeiras colocadas. Já a Império de Casa Verde começou sua trajetória entre as grandes em 2003. A “Caçula do Samba”, que já não é a mais nova da elite paulistana, já foi vice-campeã em 2004 e emplacou um bicampeonato em 2005 e 2006. A partir de 2008, no entanto, alternou bons e maus momentos. Nesse período, ficou de fora do desfile das campeãs seis vezes e não conseguiu nada melhor que um quinto lugar.
As outras escolas ainda não sentiram o gosto do título, mas mostraram nos últimos anos que não estão a passeio no Carnaval. A Acadêmicos do Tucuruvi, que completou 40 anos na última segunda-feira, era uma escola acostumada a perambular entre a primeira e a segunda divisões. A partir de 1998, no entanto, chegou para não sair mais, mas, ainda assim, ficou anos e anos nas posições inferiores da tabela. Em 2010, chegou em oitavo, mas já surpreendeu ao perder ponto em apenas um quesito, evolução. Em 2011, conseguiu o vice-campeonato e, desde então, já chegou ao desfile das campeãs mais uma vez, em 2014. Nos demais anos, ficou sempre em sexto lugar, sendo, assim, a única escola que ficou no G-6 nos últimos cinco desfiles. Já a Dragões da Real – essa sim a mais nova do grupo, fundada em 2000 – estreou na elite em 2012 conseguindo um fantástico sétimo lugar. Nos três anos seguintes, se colocou entre as cinco primeiras três vezes: quarto lugar em 2013 e quinto lugar nos últimos dois anos.
A segunda noite novamente se destacará pela pluralidade dos temas abordados pelas escolas. Depois de uma homenagem aos 100 anos do samba, o público presente no Anhembi viajará pelos mistérios da história da humanidade, pelas festas religiosas do Brasil, pelos ritmos ancestrais que deram origem ao samba (em outra homenagem ao centenário do gênero), passeará pelo glamour, pela história e pelos costumes da França, receberá presentes e conhecerá a lenda da origem do açaí em uma homenagem aos 400 anos da cidade de Belém do Pará.
O desfile será aberto pela Unidos do Peruche, que será seguida por Império de Casa Verde, Acadêmicos do Tucuruvi, Mocidade Alegre, Vai-Vai, Dragões da Real e X-9 Paulistana. Os desfiles começam às 22h30. Cada escola tem de 55 a 65 minutos para realizar suas apresentações no Anhembi.
Peruche celebra o centenário do samba em sua volta ao Grupo Especial
Dona de cinco títulos no Grupo Especial de São Paulo, a Peruche está há mais de 25 anos sem saber o que é brigar por um título de Grupo Especial. Mais que isso, atravessou ao longo da última década um período de acessos e descensos. Caiu em 2000, subiu em 2001, foi salva por uma anulação no rebaixamento em 2003, caiu de vez em 2004, subiu em 2005, caiu em 2007, subiu em 2008, caiu em 2009, subiu em 2010 e caiu mais uma vez em 2011.
De lá para cá, porém, a Peruche interrompeu o período de “ioiô” para atravessar o pior momento de sua história. O rebaixamento para o Grupo I da UESP, a terceira divisão na hierarquia do samba paulistano, já se revelou uma ameaça em 2012 e 2013, mas ganhou contornos reais em 2014. A escola somou o menor número de pontos de todo o grupo, mas foi salva por uma perda de três pontos por parte da Estrela do Terceiro Milênio, salvando assim a Filial do Samba da queda. Quando tudo parecia perdido, a Peruche renasceu com um Carnaval brilhante em 2015, vencendo o Grupo de Acesso e voltando à elite após cinco anos.
Para conseguir enfim se firmar novamente na elite, a Peruche aposta em um enredo popular. Tomando como ponto de partida os 100 anos da gravação de “Pelo Telefone”, composto por Donga e considerado o primeiro samba da história, a Filial contará na Avenida o enredo “Ponha um pouco de amor numa cadência e verá que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba… 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”. O Carnavalesco Murilo Lobo pretende contar toda a história do gênero desde suas origens nos terreiros de Tia Ciata, passando pela popularização do ritmo através de grandes sucessos através das variáveis como o samba-canção e as marchinhas, além, claro, dos grandes bambas e das próprias escolas de samba.
Além do tema popular, a escola aposta em fantasias e alegorias de simples leitura e em um samba alegre e com boas referências. Composta por Jairo Roizen, Ronny Potolski, Madureira, Marcelo Madureira, Alex Barbosa, Sukatinha, Bagé, Tubino, Igor Vianna, Thiago Sousa, Gilson, Kaballa, Victor e Meiners, a obra está entre as mais aclamadas do ano e deve impulsionar o desfile perucheano. Para ajudar na tarefa de levantar o público logo no início dos desfiles, o intérprete Toninho Penteado, que de 2010 para cá só não foi a voz da escola em 2012, conta com a irreverência de Quinho, o lendário intérprete do Salgueiro que ajudou a eternizar o refrão “Explode coração / Na maior felicidade / É lindo o meu Salgueiro / Contagiando e sacudindo essa cidade”. A última aparição de Quinho no Anhembi foi em 2011, pela Unidos de Vila Maria. A Peruche tenta ainda confirmar uma tendência. De 2007 para cá, além da própria Peruche em 2009, apenas a Pérola Negra em 2014 chegou como campeã do Grupo de Acesso e voltou para a segunda divisão.
Previsão de entrada na Avenida: 22h30min
Empolgada, Império de Casa Verde promete luxo em desfile sobre os mistérios da humanidade
Apesar de nova, a Império de Casa Verde já experimentou diversas sensações. Já foi uma estreante, em 2003, uma surpresa, em 2004, já foi a escola a ser batida após o bicampeonato de 2005 e 2006, já foi a mais luxuosa escola de São Paulo e talvez a única que conseguiu fazer a folia paulistana ser comparada em luxo com os desfiles do Rio de Janeiro e já experimentou também o gosto amargo da decadência. Os tigres, outrora enormes, diminuíram. O protagonismo foi perdido. Até mesmo o rebaixamento foi um risco real após o 11º lugar de 2011 e o 12º lugar de 2012. Apesar do quinto lugar de 2013, o oitavo lugar de 2014 e 2015 mostrou que a escola definitivamente não vive um grande momento.
E olha que de 2007 para cá a escola já apostou em muitos carnavalescos: dos cariocas Renato Lage e Alexandre Louzada aos paulistanos Marco Aurélio Ruffim e André Machado, passando por nomes que fizeram sucesso na própria Caçula do Samba, como Paulo Führo e Roberto Szaniecki, o Tigre tentou de tudo, sem sucesso, para resgatar sua identidade de luxo e visual impactante. Pois agora a aposta em Jorge Freitas parece ter surtido efeito. Após uma passagem brilhante pela Rosas de Ouro, que durou de 2008 a 2015, o Carnavalesco aceitou o desafio de levar a Império de Casa Verde de volta ao posto de potência do Carnaval paulistano e, a julgar pelas primeiras imagens do Sambódromo do Anhembi, tem tudo para conseguir.
O enredo “O Império dos Mistérios” ajuda. Ao viajar pelos grandes mistérios da história da humanidade, Freitas explora temas que propiciam um visual de impacto como o mistério da vida, da morte e do surgimento do mundo, além dos mistérios da natureza. Isso sem falar em histórias instigantes como a de Atlântida, o continente submarino que intrigou tantas gerações, e os mistérios de inscrições e escrituras sagradas do Egito Antigo, além do grande mistério que é o amanhã. Para garantir que tudo saia como planejado, a escola não realizou disputa de samba e confiou a Carlos Jr, Fabiano Sorriso e Fabinho Ls a composição da obra que segue características muito marcantes na curta discografia da escola, como o refrão longo e melodioso. Carlos Júnior, campeão pela escola em 2005 e 2006 e também em 2008 pela Vai-Vai tenta seu quarto título. Se conseguir, se juntará a Ernesto Teixeira (que venceu quatro vezes com a Gaviões) como o segundo intérprete com o maior número de títulos na história do Anhembi, ficando atrás apenas de Royce do Cavaco (três vezes campeão com a Rosas de Ouro e duas com a X-9).
Previsão de entrada na Avenida: entre 23h25min e 23h35min
Modesta no meio das gigantes, Tucuruvi aposta na fé para surpreender
A Acadêmicos do Tucuruvi é uma das duas escolas que desfilam neste sábado e que nunca venceram o Grupo Especial. Mais que isso, vem desfilando entra aquelas que devem ser as escolas mais aguardadas da noite: depois da Império de Casa Verde e antes de Vai-Vai e Mocidade. Para se sobressair no meio dessa briga, a escola aposta em um enredo simples e em um desfile leve, marca do Carnavalesco Wagner Santos. Na escola desde 2010, Wagner alçou a Tucuruvi ao posto grande escola e tenta agora conquistar o título que escapou no detalhe em várias oportunidades ao longo da carreira.
Além de viajar por celebrações religiosas conhecidas do grande público, o enredo “Celebrando a religiosidade, Tucuruvi canta as festas de fé” terá um cunho histórico, mostrando as celebrações responsáveis por unir nativos e colonizadores em uma mesma fé. O desfile ainda convocará o público à uma celebração familiar em torno de uma fé cristã. Se Wagner Santos é figurinha carimbada nos desfiles da escola de Seu Jammil, o mesmo não pode ser dito sobre a posição de intérprete. Depois da marcante passagem de Fredy Vianna, hoje na Mancha Verde, pelo Zaca entre 2001 e 2011, a escola simplesmente não conseguiu mais manter um mesmo intérprete por dois anos seguidos: Igor Vianna em 2012, Igor Sorriso em 2013, Wantuir em 2014 e Clayton Reis em 2015 passaram e não ficaram. Isso sem falar em Vaguinho, primeiro contratado para 2012, e Silvinho e Walter Júnior, que fariam trio com Clayton em 2015, que sequer completaram um ciclo na escola.
Dessa vez, a aposta é em Alex Soares. Ele já foi cantor de apoio da Mocidade Alegre e em 2015 dividiu com Marcelo Rodrigues o microfone principal da Unidos de Bangu, no Rio de Janeiro. Alex interpretará na Avenida o samba composto por Arlindo Neto, Bruno Govetri, Carlos Jr, Igor Soró, João Batucada, Leandro Augusto, Marcelo Pires e Tim Peixoto.
Previsão de entrada na Avenida: entre 00h20min e 00h40min
Maior campeã do século, Mocidade resgata temática africana para voltar a levantar a taça
Hoje em dia falar de Mocidade Alegre é falar de troféu de campeã. A imagem da Presidente Solange Bichara agarrada aos terços e fazendo discursos emocionados diante de um batalhão de repórteres ávidos por ouvir as primeiras palavras da Presidente campeã do Carnaval de São Paulo já foi vista seis vezes de 2004 para cá. Nenhuma outra escola foi tantas vezes campeã no Século XXI. Nem mesmo a Vai-Vai, maior campeã da história, que de 2001 para cá venceu em quatro oportunidades.
Entretanto, antes de se tornar a maior potência do Carnaval paulistano – de 2003 para cá, só não foi ao desfile das campeãs em 2011, quando um eixo quebrado impediu a entrada do último carro na Avenida e a Mocidade caiu para o sétimo lugar – a Mocidade viveu tempos difíceis. Depois do infeliz desfile de 2002, a Mocidade era tida como “bola da vez” para ser rebaixada para o Grupo de Acesso. Mas a então Presidente Elaine Bichara apostou em um enredo afro chamado “Omi – o berço da civilização Iorubá” e, com ele, a escola renasceu. Vice-campeã, pavimentou o caminho para vencer em 2004, já sob o comando de Solange, que substituiu Elaine, que morreu meses depois de escrever o enredo que inauguraria a era mais vitoriosa da história da Mocidade. O resto, é história.
De lá para cá, porém, a Mocidade deixou um pouco de lado os enredos de temática africana. Nesse período, apenas a homenagem à Jorge Amado em 2012 bebeu da fonte dos enredos afro. Agora, um ano depois de perder por três décimos a chance de ser tetracampeã do Carnaval, a Mocidade aproveita o centenário do samba para apresentar o enredo “Ayo – A alma ancestral do samba”. Se a Unidos do Peruche usará o surgimento do samba como ponto de partida para seu enredo, a Morada do Samba dos Carnavalescos Sidnei França e Márcio Gonçalves voltará mais um pouco na história. Afro como há muito tempo não se via, a escola do Limão os ritmos que deram origem ao samba lá no Continente Africano. Os batuques ancestrais e sua relação com a religião serão o ponto de partida para uma viagem através de nossa própria história.
É que o desfile também vai mostrar, como não poderia deixar de ser, a chegada desses batuques ancestrais ao Brasil. Os escravos africanos deixaram aqui uma herança da cultura negra com seus sons, suas gingas e suas danças. Aí, com mais uma mistura aqui e um toque de brasilidade ali, nasceu o samba como o conhecemos. Em uma disputa equilibrada, que contou com obras das mais diversas linhas de composição, se sobressaiu o samba de Gui Cruz, Luciano Rosa, Portuga, Rafael Falanga, Rodrigo Minuetto e Vitor Gabriel. Alegre, não é “pesado” como costumam ser os sambas do gênero e aposta em uma melodia vibrante para contagiar o público. O carioca Igor Sorriso é pelo terceiro ano seguido o cantor principal da Mocidade Alegre. Tal como em 2013, quando ainda cantava pela Tucuruvi, e no ano passado, ele terá menos de 48 horas para recuperar a voz já que na segunda-feira ele estreia como cantor principal da Unidos de Vila Isabel, no Rio, após uma passagem de cinco anos pela São Clemente. Nada impossível para quem, em 2014, teve um hiato de menos de 24 horas entre as duas apresentações.
Previsão de entrada na Avenida: entre 01h15min e 01h45min
Com Renato e Márcia Lage, Vai-Vai canta a França e promete luxo na busca pelo bicampeonato
O nono lugar de 2014 teve um gosto para lá de amargo para a Vai-Vai. Pela primeira vez, a maior campeã do Carnaval de São Paulo ficou dois anos seguidos fora dos cinco primeiros lugares. O que é normal para a grande maioria das escolas foi um alerta máximo para a Saracura. Tradicional desde o nascimento, a Escola do Povo assumiu de vez o posto de maior vencedora a partir da transferência dos desfiles para o Anhembi. Campeã em 1993, 1996, 1998, 1999, 2000 e 2001, a Vai-Vai conquistou uma supremacia que seria reafirmada com as conquistas de 2008, 2011 e 2015.
Após o título do ano passado, a escola perdeu o carnavalesco Alexandre Louzada e não se abalou. Foi atrás de um dos carnavalescos mais consagrados do Carnaval Carioca, Renato Lage e de sua esposa, Márcia Lage, que havia se comprometido com o desfile da Viradouro, na Série A do Rio. Renato teve apenas uma passagem pelo Anhembi: foi em 2007, num extraordinário e luxuoso desfile pelo Império de Casa Verde, que acabou terminando apenas em quinto lugar. Em sua volta à Terra da Garoa, Lage e sua esposa desenvolvem o enredo “Je Suis Vai-Vai, bem-vindos à França”. A dupla aposta em todo o charme e requinte do país europeu, e também em sua história riquíssima, para unir a força da escola a um visual luxuoso e cheio de glamour.
Fazendo valer o verso “doce perfume no ar envolve a avenida”, a Saracura vai ter até carro alegórico espalhando perfume pela pista. Tudo para marcar mais uma vez na história um desfile seu. Ser campeã este ano trará também um gosto especial, já que desde o tetracampeonato de 1998 a 2001 o povo do Bixiga não solta o grito de campeão por dois anos consecutivos. E como as conquistas de 1999, 2000 e 2001 foram divididas respectivamente com Gaviões, X-9 e Nenê, o bicampeonato absoluto, sem ter que dividir a taça com ninguém, não vem desde o tri de 1986 a 1988. A escola também resgatou Wander Pires, que cantou pela Escola do Povo de 2011 a 2013 e nos últimos dois carnavais esteve na Tatuapé. Se o gogó de Igor Sorriso já será bastante exigido, o de Wander nem se fala. O desfile da Vai-Vai deve terminar por volta das quatro da manhã e às 21h30 da noite, 17 horas depois de interpretar o samba de Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos, Ronaldinho Fundo de Quintal e Dodô Monteiro, lá estará ele na Sapucaí cantando pela Estácio de Sá. Wander chegou após a escolha do samba-enredo, ocupando o cargo que em 2015 foi da dupla Gilsinho e Márcio Alexandre.
Previsão de entrada na Avenida: entre 02h10min e 02h50min
Mais nova do Grupo Especial, Dragões mantém estilo para conquistar título inédito
No ano 2000, 12 das 14 escolas que hoje disputam o Grupo Especial já tinham desfilado na elite, sendo 10 delas na Era Anhembi. Dessas 10, sete já tinham sido campeãs. E a Dragões da Real sequer existia. Única das escolas do Grupo Especial fundada após a virada do milênio, ela nasceu como torcida organizada do São Paulo, mas seguiu um rumo próprio no Carnaval. Situada na Vila Anastácio, subiu meteoricamente até o Grupo de Acesso e por lá ficou por seis Carnavais até chegar à elite.
E chegou chutando a porta… Para uma estreante, o sétimo lugar de 2012 foi fantástico. E quem achou que foi por acidente sofreu mais um susto com o quarto lugar de 2013. Alçada ao posto de mais nova potência, a Dragões parecia apenas não encontrar um Carnavalesco. Em 2012, foi Eduardo Caetano. Em 2013, André Cezari. Em 2014, ninguém menos que Rosa Magalhães. Já aguardada como favorita, ficou em quinto, resultado repetido em 2015 com mais uma troca de carnavalesco.
Mas seja lá quem for o responsável pelo carnaval – Flávio Campello consegue esse ano emplacar uma sequência de dois anos seguidos – uma coisa não muda: o jeito de fazer. Mães, uma corte encantada, os anos 80, uma história digna de faz de conta… Os temas leves, propícios para um bom visual, seguem sendo a aposta da escola que em 2016 comemora seus 15 anos com o enredo “Surpresa! Adivinha o que eu trouxe pra você?”.
O enredo sobre os presentes disserta sobre o ato de presentear. Relembra datas marcadas pela troca de presentes, relembra presentes famosos como o “presente de grego” que foi o Cavalo de Tróia e prepara uma surpresa para o fim: a própria Dragões da Real. Ser a surpresa do Carnaval pode não combinar com uma escola já acostumada a figurar entre as primeiras, mas faz sentido graças aos olhares ainda desconfiados recebidos pela Dragões. Apostando em um desfile descontraído e em um samba alegre, a escola mais uma vez conta com a voz de Daniel Collete para dar vida à obra de Armênio Poesia, Xandinho Nocera, Wagner Rodrigues, Fredy Vianna, Maurinho da Mazzei e Tuca Maia.
Previsão de entrada na Avenida: entre 03h05min e 03h55min
X-9 encerra os desfiles contando a história do açaí
Os dois títulos nos seis primeiros anos de Grupo Especial fizeram a X-9 ser uma escola temida por todos. Acostumada a brigar pelo título, a agremiação da Parada Inglesa vive um incômodo jejum de 10 anos longe do desfile das campeãs. Pior que isso, não consegue nada melhor que um 10º lugar desde 2010. Entre a ameaça do rebaixamento e a esperança por dias melhores, a X tenta retomar sua grandeza com o enredo “Açaí guardiã! Do amor de Iaça ao esplendor de Belém do Pará”.
O Carnavalesco André Machado, pelo segundo ano seguido à frente da X-9, não poupou esforços ao fazer uma pesquisa cuidadosa acerca das lendas sobre a origem do açaí. A temática indígena mostrará na Avenida que o fruto que hoje faz sucesso no Brasil inteiro nasceu das lágrimas de Iaça (que, repare, é “açaí” escrito ao contrário). Muito antes da popularização do açaí, o fruto esteve envolvido em celebrações religiosas. Deu força aos guerreiros cabanos. Virou um patrimônio paraense, um orgulho para o povo local. Para deixar essa mensagem bem clara, a X-9 aposta em um visual de alto impacto e também na emoção.
Além de falar do açaí, a X-9 vai homenagear os 400 anos da cidade de Belém e encerrará o seu desfile mostrando a procissão do Círio de Nazaré. A escola também aposta em um samba-enredo forte, de autoria de Accyoly Filho, Saulo Mesquita, Turko, Maradona, Fabio X9, Thiago Japa, Rafa do Cavaco, Mixaria, Carlos Alberto, Dom Henrique e MP08, na voz conhecida de Royce do Cavaco e na estreia de um mestre de bateria carioca, Vitor da Candelária, para segurar o público do Anhembi até o último minuto de desfile.
Previsão de entrada na Avenida: entre 04h00min e 06h00min