Foi com enorme perplexidade e tristeza que recebi na última segunda-feira a notícia do assassinato do presidente da Portela, Marcos Falcon. Não cabe aqui neste espaço escrever qualquer coisa a respeito do crime em si. Não é função nem minha nem deste Ouro de Tolo.

Vou me ater apenas ao legado deixado por Falcon.

Não o conhecia pessoalmente. Afinal, não sou frequentador assíduo da quadra da Rua Clara Nunes e, além disso, não me considero um sambista, mas sim um “sambeiro”; um cara que adora o universo das escolas de samba, estes organismos culturais que tantas emoções nos dão, mesmo sem estar tão inserido como gostaria.

Por isso, escreverei sobre o que ouço dos meus amigos portelenses e pelo que sempre soube deles a respeito de Falcon. E o que sempre ouvi foi um carinho muito grande de todos e uma admiração pelo trabalho dele à frente de diversos projetos ligados ao mundo do samba.

portela2015bO novo presidente Luis Carlos Magalhães, que passa a ocupar o cargo com o falecimento de Falcon, disse que este foi o maior líder portelense desde Natal – e isso é verdade. Ele reergueu uma agremiação combalida e a colocou em condições novamente de ser campeã, o que infelizmente não acontece desde 1984.

E mais: ele, primeiro como vice na gestão Serginho Procópio, e agora como presidente, fez o portelense acreditar de novo. Não só acreditar no título, mas acreditar em pisar na avenida com uma Portela pujante e temida pelas escolas adversárias.

Sob a liderança de Falcon, a Portela saiu de um delicadíssimo momento financeiro e aglutinou portelenses de coração em diversas esferas administrativas e de carnaval – entre eles, o Migão.

A Portela quase foi campeã em 2014 e 2016, e não por coincidência a entrada da águia (a da alegoria mesmo) voltou a ser aguardada. A águia de 2015 que se transformava em Cristo Redentor foi uma das imagens mais impactantes que vi nesses anos todos de desfiles.

Falcon também ajudou as tão carentes agremiações da Intendente com a cessão de um galpão para as escolas trabalharem e terem mínimas condições de colocarem o carnaval na rua, além de presidir a “Associação Samba é Nosso”, que se responsabilizou pelos desfiles dos grupos C, D e E.

Como ficarão agora essas escolas? Como ficará a Portela? alexandre_louzada,_selminha_sorriso_e_marcos_falcon_(2)_620

Ainda é muito cedo para cravar qualquer coisa e seria leviandade fazer isso com poucos dias decorridos do acontecido. Apenas deixo aqui minha solidariedade aos amigos portelenses, a Selminha Sorriso, sua companheira de muito tempo, e aos amantes do samba.

Que o legado dele seja preservado.

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