O leitor deve estar estranhando o título. Afinal de contas, na última sexta feira o Colégio Pedro II completou 179 anos de fundação.
Entretanto, este dezembro de 2016 marca uma data importante: há exatos 25 anos, minha turma se formava no antigo Segundo Grau. 1991 era o ano, Unidade São Cristóvão II.
O momento no qual minha vida se uniu ao colégio ocorreu durante três anos, entre 1989 e 1991. Cursei o antigo Ensino Fundamental – nunca sei qual é a nomenclatura atual – em diversos colégios, de forma que, na prática, não criei raízes em nenhum deles.
Mas fiz minha oitava série, então a última deste ciclo, como bolsista no Colégio Anglo Americano (no tempo em que a Barra da Tijuca era pouco mais que um imenso matagal), e acabou servindo como trampolim para uma aprovação até tranquila no concurso para o Pedro II.
A ponto de ter feito concurso para o turno noturno e ser remanejado para o diurno – isso uns 20 dias depois do início das aulas… Anos em que, tirando um susto passado em Matemática no primeiro ano e à minha crônica dificuldade com língua estrangeira, consegui ser aprovado sem grandes dificuldades.
O que não sabia naquele momento em que me integrei à então turma 2112, no turno vespertino, era que aqueles três anos marcariam de forma indelével a minha vida.
Não somente em minha vida acadêmica e posteriormente profissional, como em minha formação como ser humano. Aprender a respeitar as pessoas, aprender a respeitar as diferenças, formar amizades para a vida inteira.
O espírito do Colégio Pedro II sempre pairava sobre nós, formatando e nos moldando à sua tradição. Mal comparando, é como o espírito da Águia e sua influência sobre a Portela – aqui tradição e valores são, simultaneamente, as palavras chave.
Especificamente o terceiro ano, em 1991, marcou um momento semelhante ao que o Colégio vive hoje, de vanguarda na identidade de gênero. À época, a novidade era a divisão do terceiro ano em áreas temáticas, de acordo com as carreiras que os alunos prestariam no então vestibular.
Esta forma de organização do último ano havia se iniciado em 1990, mas se consolidara naquele 1991 no qual eu estava presente. As seis turmas do turno diurno eram divididas da seguinte forma: Tecnológica (duas turmas), Biomédica (duas), Humanas (uma) e a sexta, que era a minha e reunia carreiras que estavam em um meio termo no vestibular entre Tecnológica e Humanas. Basicamente Economia, Contabilidade, Administração, Arquitetura e mais uma ou duas cujas especialidades me escapam.
Curioso é que eu me lembro do nome de todas as turmas, menos a minha. Como o quórum nessa era menor, também recebemos alguns excedentes da turma Tecnológica. Funcionava da seguinte forma: a minha turma, por exemplo, recebia reforço em História, Geografia e Matemática. A Tecnológica, Matemática, Física e Química. E por aí vai.
O coordenador do terceiro ano era o professor de Química Oscar Halac, hoje Reitor geral do Colégio. Dois dias na semana havia aulas à tarde, complementando a formação básica e teórica. Acho que deu certo: afinal de contas, até aquele momento foi uma das turmas com maior índice de aprovação no vestibular.
Eu mesmo fui aprovado para as três universidades, públicas, para as quais prestei vestibular. E tenho consciência de que só obtive isso devido à qualidade de ensino do Pedro II, e mais que isso: à formação como ser humano.
Sinto saudades daqueles tempos. O Pedro II sempre foi a antítese do que observamos em nossa sociedade hoje: o mote era incluir. Estudavam o filho do diplomata e o filho da faxineira, o branco e o negro, o homem e a mulher. Todos sabíamos que a estrela, ali, não era o diretor, o coordenador, o professor ou o aluno: era o colégio.
Curiosamente, tenho pouquíssimos registros fotográficos daqueles anos, até por ter sido uma época de bastante dificuldade financeira em minha família. A foto que abre este post, que acredito ser dos dias finais do último ano, é uma das únicas lembranças daqueles tempos – sou o primeiro à direita, de óculos. As demais do encontro realizado em 2005.
Em compensação, tenho as lembranças vivas do contato com a minha turma até hoje. Lógico que os encontros presenciais são raros ao menos para mim, devido aos rumos que as vidas tomaram por si só. Mas estamos sempre nos falando, seja via redes sociais, seja via telefone.
E em todos nós há este mesmo sentimento de pertencimento. Não deixamos de pertencer ao Colégio Pedro II por termos nos formado; onde quer que estejamos, a condição de ex-aluno nos dá o passaporte para pertencer a uma família, a uma grande família. Somos os irmãos de 1991.
Não irei citar nomes para não ser injusto, mas fica aqui a minha lembrança desta efeméride. 25 anos se passaram. 25 anos são eternos.
Também é momento de agradecer a todos que foram instrumentos de nossa formação. Professores, inspetores, equipe pedagógica, equipe de limpeza… Não podemos nos olvidar em momento nenhum.
Um quarto de século se passou. Muitas histórias: algumas tocantes, outras engraçadas, todas marcantes. Qualquer hora irei relatar algumas destas neste espaço.
E que hoje me faz sentir um orgulho imenso. Zum, zum, zum, paratibum!
Imagens: Arquivo Pessoal
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Fiz parte exatamente da primeira turma de Humanas – a 1311 – em 1990. Compartilho dos mesmos sentimentos do Pedro em relação ao CPII. O máximo respeito à instituição, um puta orgulho de ter sido aluno e agora ser ex-aluno e principalmente essa característica de agregar pessoas dos mais diferentes estratos sociais.
E de fazer amigos pra vida inteira. Felizmente hoje as redes sociais estreitaram o contato.
Sou muito grato ao CPII. Muito grato ao professor, hoje Reitor, Oscar Halac, que foi tão importante para nós todos naquele momento. E também aos professores que me ajudaram a ser aprovado para pelo menos dois vestibulares em 1991.
PEDRO II TUDO OU NADA!
Parabéns pelo post Pedro! Nossa turma (1305) era chamada de Eco- Tec. Pelo que lembro a intenção inicial era fazer uma turma específica para a área de economia, mas acabaram agregando alguns alunos que tinham escolhido a área tecnológica nessa turma também.
Era isso mesmo, a 1305 era o pessoal da área financeira mais Arquitetura, só que alocaram alguns excedentes da Tecnológica lá. E ainda tinham a Rejane e a Alexandra que optaram por ficar lá mesmo pretendendo cursar outras carreiras.
Pedro, me identifiquei com seu orgulho de ter sido parte da família Pedro II.
Professores inspiradores, diversidade de pensamentos e formação de qualidade!
Sem dúvida, ser formada neste colégio de excelência foi fundamental para eu ingressar na carreira que escolhi.
No meu caso, a forma apaixonante de ensinar biologia do professor José Luiz Soares foi fundamental para eu me apaixonar pela ciência.
Sou da turma de 1991 também, e lembro até hoje da nossa formatura.
Nossa turma foi a última onde ele deu aula, e assim mesmo se aposentou no meio do ano. Bem lembrado
Obrigado pelas palavras