“Todas as vezes que retratei a vida de alguém tive a sorte de ser campeão”
Chegou a vez do Vai Vai na série que entrevista os carnavalescos do carnaval paulistano. A “Escola do Povo” vai contar a história de Mãe Menininha do Gantois na avenida, em um enredo assinado por uma comissão de carnaval, formada por Junior Schall, André Martins e Alexandre Louzada.
Este último é nosso entrevistado da semana. Louzada é um artista experiente e vencedor, tanto no Rio, com cinco conquistas, como em São Paulo, onde ganhou duas vezes.
O carnavalesco também conseguiu um feito histórico em 2011, quando foi campeão nos dois carnavais, ao homenagear Roberto Carlos na Beija Flor e o maestro João Carlos Martins, no Vai Vai.
Títulos como esses o consagraram como um especialista em enredos biográficos. Seu primeiro campeonato na carreira foi em 1998, quando levou à Sapucaí a vida e obra de Chico Buarque de Holanda; e o último foi em 2015, quando o Vai Vai cantou os sucessos da eterna Elis Regina.
Após assinar o desfile da Unidos de Vila Maria em 2016, Louzada retorna à escola do Bexiga e nos conta detalhes da preparação de um carnaval repleto de expectativa pelas apresentações do samba enredo.
SG – Como surgiu o desejo de retornar ao Vai Vai em 2017.
Louzada – O meu retorno para o Vai Vai se deu por convite, acredito que devido ao enredo proposto ser uma homenagem e eu tive a sorte de ser campeão em todas as vezes que atuei como carnavalesco nas agremiações que retrataram a vida de alguém.
E preciso colocar que mesmo ausente da Vai Vai, sempre mantive um estreito relacionamento com a Camila Silva, que sempre se hospeda em minha casa quando está no Rio.
SG – Na Vila Maria você apresentou um desfile bem criativo, com muito teatro nas alegorias, veremos algo parecido esse ano ou o enredo tem outra proposta?
Louzada – Em alguns momentos do desfile da Vai Vai, deve acontecer sim, pelo menos, nas reuniões que participei com meus colegas e a diretoria, ficou estabelecido que teríamos teatro em alegoria.
SG – Na Sinopse você escreveu que veremos o Anhembi se tornar um grande terreiro. Como será isso?
Louzada – É uma metáfora, como se fosse uma consagração daquele espaço para receber todo o Xire dos orixas, um clamor à entidade suprema, Olorum, que ele repita o ato da criação, transformando o Anhembi num Ilê, para receber todo o panteão de deuses, e os elementos da natureza – dos quais, emanam seus poderes, para fazerem uma grande festa em homenagem a Mãe Menininha.
SG – O samba tem tido performances arrebatadoras em todas as suas apresentações, isso interfere de alguma forma no seu trabalho?
Louzada – O samba enredo é um quesito transformador de qualquer projeto de carnaval. No caso do samba do Vai Vai, ele ajuda muito, pois além de descrever a proposta do enredo, ele traz em sua mensagem toda a emoção de que uma escola precisa para fazer um desfile arrebatador.
SG – Como funciona a comissão com você, o Júnior e o André?
Louzada – A relação entre nós carnavalescos é a melhor possível: um colabora com o outro e nos respeitamos. Coube a mim, a pesquisa e elaboração da sinopse do enredo e seu desenvolvimento, que foi decidido entre nós três.
Trocamos ideias sobre fantasias e alegorias e a execução do projeto ficou dividida entre as partes. O Schall elaborou o projeto dos carros, os figurinos, com o André e ele, como é o mais presente de todos, faz a coordenação geral da execução. Enfim, é um trabalho de equipe onde priorizamos o Vai Vai e não a vaidade de cada um de nós. O sucesso do Vai Vai é o nosso sucesso!
Você pode curtir o samba do Vai Vai na voz de Wander Pires nos ensaios de quadra todas as quintas e domingos. No Anhembi a escola ainda fará ensaios técnicos nas seguintes datas:
28/01 – 1h15
17/02 – 22h15
Imagem: Assessoria
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