Encerrando essa dolorida temporada 2017 da Justificando o Injustificável, chegou a vez do quesito Samba-Enredo.
Normalmente esse quesito é o que mais desperta paixões, até porque é o único que se pode discutir 4 ou 5 meses antes do carnaval, de forma que muitas pessoas já formam uma clara pré-percepção antes dos desfiles.
Porém o desastre esse ano foi tão generalizado que esse quesito foi completamente esquecido, mesmo tendo mais uma vez algumas notas difíceis de engolir e entender.
Vamos então as últimas análises do ano, lembrando que este quesito é dividido em dois subquesitos: letra e melodia, cada um deles variando entre 4.5 e 5.
Módulo 1
Julgador: Clayton Fabio Oliveira
Notas
- Tuiuti – 9.7 (letra 4.8 e melodia 4.9)
- Grande Rio – 10
- Imperatriz – 10
- Vila Isabel – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
- Salgueiro – 9.9 (melodia 4.9)
- Beija-Flor – 10
- Ilha – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
- São Clemente – 9.9 (letra 4.9)
- Mocidade – 9.9 (melodia 4.9)
- Unidos da Tijuca – 9.8 (letra 4.8)
- Portela – 10
- Mangueira – 10
Nos dois anos anteriores, Clayton apresentou cadernos tão ruins que eles ganharam meus dois “prêmios” de pior caderno do ano. O de 2015, especialmente, foi uma desgraça completa. Até por eles, o apelidei de Clayton “notas aleatórias” Oliveira, tamanha era a falta de critério do julgador.
Mais uma vez, as notas aleatórias atacaram. Para começar, um absurdo já salta aos olhos de qualquer um que goste minimamente de samba: enquanto os sambas, no mínimo, sem sal de Grande Rio e Imperatriz tiraram 10, ele tirou décimos de 2 dos 3 melhores sambas do ano: Mocidade e Vila Isabel. Os motivos, como vocês verão abaixo, andam entre o desleixado e o inacreditável.
Para reforçar o quanto essas notas são destoantes, ambas foram descartadas e as duas escolas saíram com 30 pontos do quesito.
Vila Isabel: “O samba relativamente curto faz com que a letra, diante da diversidade de citações no enredo, ‘empilhe’ as referências sugerindo um esforço para conter todo o tema, como na segunda metade da primeira estrofe. A melodia, praticamente toda em tom menor, possui uma frase solta e (sic),,, “soul” a mais perfeita forma de expressar” (sic)… que destoa do conjunto melódico.”
1º onde fica a licena poética? Sim, porque esse “soul” brincando com “sou” é uma licença poética que se encaixa perfeitamente no enredo e que foi aproveitada na melodia. Pelo contrário, essa frase faz a ponte no samba para a parte mais emociante do samba, aquele do “eu vou, eu vou” até “quando no terreiro novamente ecoar”
2º onde há “empilhamento” na 2ª metade da 1ª estrofe? Pelo contrário existem 3 versos inteiros apenas para reforçar o tango. Empilhamento de uma caixa só?
3º É sério que o julgador pegou isso para tirar 2 décimos desse sambaço da Vila? Para mim é demais…
Mocidade: “A frase melódica do trecho “Ó meu Brasil, abrace a humanidade”, que está num verso entre os dois refrões, é igual a frase melódica “Céu de Sherazade” que repete no segundo refrão, criando uma redundância melódica.”
Isso é motivo para se tirar a ferro e fogo um décimo inteiro de um samba como o da Mocidade?
Alias, eu não tenho conhecimento teórico musical, mas aos meus ouvidos os dois trechos pouco me soam parecidos. Se for tirar ponto disso em samba atualmente, não sobra um dez para dar. Sempre terá um verso mais parecido com outro.
Porém, o absurdo não acaba por aí. Vamos agora para a São Clemente: “A metade da segunda estrofe possui rimas indefinidas (jardins, chafariz, gentil) destoando do conjunto da beleza poética.”
Eu sempre achei que conseguir fazer rima com palavras que inicialmente não rimam é uma qualidade da melodia, não um defeito. Que isso realça ainda mais a beleza e dificuldade da composição musical. Estou tão errado assim e esse único motivo para tirar décimo é justo?
Por fim, para não me alongar demais em um julgador notoriamente complicado, escolho a justificativas do Salgueiro: “A melodia da primeira estrofe partir de ‘sou poeta delirante’ até ‘saciar o meu desejo’ e da segunda estrofe de ‘toca batuqueiro’ até ‘é feita para sambar’ são muito confusas. A ideia de simetria e ‘síncope do gênero’, citadas no caderno abre-alas, gerou um ‘zigue-zague’ de frases melódicas que se atropelam.”
Até concordo que 9.9 é uma nota justa para o samba do Salgueiro. Mas ele disse que praticamente metade do samba tem melodia confusa e atropelada. Isso é justificativa para 9.8 ou menos conforme a dosimetria maluca do caderno dele.
Terminando esse caderno para não me irritar mais uma vez, repito a pergunta do ano passado: o que esse julgador ainda está fazendo no corpo do julgadores? Três anos de péssimos cadernos, muitas vezes de forma totalmente ilógicas, não é o suficiente para um bilhete azul?
Julgador: Felipe Trotta
Notas
- Tuiuti – 9.9 (letra 4.9)
- Grande Rio – 10
- Imperatriz – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4,9)
- Vila Isabel – 10
- Salgueiro – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
- Beija-Flor – 9.9 (melodia 4.9)
- Ilha – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4,9)
- São Clemente – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4,9)
- Mocidade – 10
- Unidos da Tijuca – 10
- Portela – 9.9 (letra 4.9)
- Mangueira – 10
O julgador deixa bem claro em todas as justificativas os motivos dos descontos. O difícil é concordar com eles e com as notas finais.
No Tuiuti ele apenas tirou ponto pela letra fragmentada e a falta de conexão lógica entre os versos. Nada a falar sobre isso; mas como se perceberá pelos outros cadernos, ele ignorou vários outros problemas.
Na Imperatriz, ele reclamou de uma melodia muito segmentada, sem maior coerência e uma letra com trechos fortes sem serem refrães e vice-versa, o que desequilibrou o samba. Sem problemas quanto aos motivos, porém com o “esquecimento” dos problemas da Tuiuti a nota da Imperatriz já ficou menor que a da Tuiuti…
No Salgueiro, além da mesma justificativa de Clayton para a melodia, ele dá uma justificativa polêmica quanto a letra, mas ao menos cabe aqui o benefício da dúvida. Ele descontou o fato de que no meio do samba em 6 versos terminados no infinitivo “ar” em 8 possíveis, o que é pouco criativo.
Essa é uma justificativa daquelas que causam discussões acaloradas. Há quem ache um absurdo descontar isso, porque o samba pode ser bom e criativo mesmo com as repetições e há quem ache que a repetição em si já é uma demonstração de pobreza da letra. Porém, o efeito prático é o mesmo: o samba do Salgueiro é pior que o da Tuiuti para esse julgador.
Ele também foi o único julgador que tirou ponto do samba da Beija-flor, que foi o mais próximo da unanimidade que se chegou esse ano nos círculos carnavalescos. Motivo: a frase melódica ‘bate o coração de Moacir” tem uma modulação mal resolvida, o que dificulta o canto e a sequência melódico-harmônica.
É sério que por causa desse microproblema, para esse julgador, o samba do “Juremê” é pior que o da Grande Rio, da Unidos da Tijuca e igual a do Tuiuti?
Indo para Ilha, o problema para ele é melodia com pouca criatividade e letra de difícil entoação por vocábulos difíceis. Mais um 9,8, que pode até ser por motivos certos, mas evidencia algum problema sério na dosimetria e na comparação entre as escolas.
Na São Clemente, fiquei encucado. Ele diz que apesar de bem construído, o samba não arrisca nenhuma “invenção”, tornando-se previsível. O bom refrão não é suficiente para compensar essa previsibilidade.
Todo samba precisa “inventar” alguma coisa? Então o que a Grande Rio inventou para levar o dez? Ou então, caso o samba não invente, se o refrão for bom, isso substitui a necessidade de invenção? De onde o julgador tirou essa maluquice?
Não satisfeito, o décimo retirado em letra da São Clemente é porque o entendimento do enredo a partir do samba é precário. Eu nem sei o que dizer sobre isso. Pode-se querer tirar ponto da letra da São Clemente por vários motivos (eu não tiraria, mas entendo quem tire). Só o nosso colunista Dahi deve ter uns 40 destes, mas eu tenho certeza que nenhum deles é falta de entendimento do enredo na letra.
Pelo contrário, o samba da São Clemente é um dos sambas cuja letra melhor descreve o enredo. Mais relevante: um enredo difícil de ser colocado em letra de samba. Outra justificativa difícil de engolir e entender.
Por fim, mas não menos irritante, vem a justificativa da Portela: “O jogo entre o ‘rio’ e a ‘Portela’ presente no enredo, ficou desequilibrado no samba que enfatizou demais a ‘Portela’ do que o ‘rio’. Nesse sentido, apesar de algumas boas soluções, o samba não conseguiu se esquivar totalmente de alguns clichês poéticos já bastante utilizados no (extenso) repertório em homenagem a escola. Expressões desgastadas como ‘manto azul e branco’, a ‘jaqueira’, o ‘arrepio’ da passagem do rio, o caminho ‘alumiado’ e a ‘fonte’ de beber formam um quadro de referências repetitivas que enfraquecem a originalidade do samba.”
Primeiro ponto: só por isso o samba da Portela é igual ao da Tuiuti e pior que Grande Rio e Unidos da Tijuca?
Então por que também não tirou ponto do “tambor tem axé” “altar do samba” e “primeira estação” da Mangueira? Por que não tirou ponto do “Kizomba é a Vila” que também é tão batido quanto?
Não se pode proibir as escolas de fazerem referência ao seu passado, a sua história! Nem a Portela, nem a Mangueira e nem a Vila!
Outro caderno bastante complicado.
Julgadora: Alice Serrano
Notas
- Tuiuti – 9.9 (melodia 4.9)
- Grande Rio – 10
- Imperatriz – 10
- Vila Isabel – 10
- Salgueiro – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
- Beija-Flor – 9.9 (letra 4.9)
- Ilha – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4,9)
- São Clemente – 9.8 (letra 4.9)
- Mocidade – 10
- Unidos da Tijuca – 9.8 (melodia 4.8)
- Portela – 10
- Mangueira – 10
Alice foi uma das “injustiçadas” no corte geral de 2015 após fazer um bom julgamento em 2014. Após esse afastamento de 2 anos, retornou esse ano. Porém, ela flertou com a polêmica em algumas justificativas esse ano.
Comecemos pela Beija-Flor. “Um samba lindo com passagens líricas e emocionantes. Mas em relação a LETRA que apresenta muitas qualidade poética, vejo como um excesso a quantidade de palavras em tupi-guarani que que prejudicaram a compreensão em algumas partes. Após pesquisa em vários dicionários disponíveis (não logrando êxito em esclarecer alguns termos) foi possível constatar que elas estão adequadas à letra, que por sua vez narra com propriedade o enredo. Mas e o público? Será que entendeu que amerê (fumaça), areté (dia festivo) e anama (familia que seria purificada) são elementos presentes em ajucá (festa de jurema)? E os termos indígenas prosseguiram. Alguns mais fáceis de compreensão do todo e outros sem tanta sorte.”
1º ponto a se considerar: em lugar algum do Manual do Julgador diz que a compreensão do público deva ser levada em consideração no julgamento de samba enredo. A justificativa é muito clara ao apontar esse como o único motivo de desconto de um samba lindo e adequado ao enredo.
2º ponto a se considerar: só por isso a Beija-Flor merece um 9.9 enquanto os sambas bem medianos, para se dizer o mínimo, de Grande Rio e Imperatriz mereceram 10?
3º ponto a se considerar: o público não estava nem aí para a correta compreensão das palavras e adorou a brincadeira de duplo sentido implícita nesse refrão do amere, areté, anamá.
Ao menos, ela foi coerente e tirou ponto da Ilha pelo mesmo motivo. Alias, a própria julgadora se mostrou em uma crise de consciência sobre isso, como vocês verão nas considerações finais dela.
No Salgueiro, ela tirou ponto da letra porque “o refrão do meio sintetiza e expressa bem a ideia de parte do enredo, mas a compreensão completa está prejudicada.”
Mas o refrão sintetizar apenas parte do enredo. Se fosse para o refrão sintetizar o enredo inteiro, para que ter o resto do samba? Vamos voltar à década de 40 e fazer samba enredo de 8 linhas! No mínimo, a justificativa ficou incompleta, sem passar o real problema encontrado pela julgadora.
Esse problema de letra fica ainda mais evidente quando percebemos que a mesma foi a única julgadora a não canetar a letra pobre do samba do Tuiuti.
Outro problema nem foi o desconto, mas foi uma percepção bastante diferente da que eu tive. Antes de explicitar o motivo do desconto de letra da São Clemente, a julgadora escreveu que “LETRA é clara e narra o enredo com propriedade, além de fácil de cantar, contribuindo para um samba que empolgou.”
Concordo que a letra é clara e narra o enredo com muita propriedade. Já tenho alguma discordância quanto a facilidade de cantar. Mas se tem algo que o samba da São Clemente não fez na avenida foi empolgar! Eu até acredito que o samba nem teve muita culpa nisso e sim a tragédia que foi a harmonia da escola, mas não empolgou mesmo!
Fora os problemas apontados, que não são nada desprezíveis, o resto do caderno foi coerente e bem explicado.
Finalizo aqui com as considerações finais da julgadora, na qual ela mesmo demonstra a “crise de consciência” que citei na Beija-Flor. “Entendo que a letra do samba tem que ser clara e perfeitamente compreensível para o público, sem perder com isso a possibilidade de riqueza poética e criatividade.
Como então posicionar-me em relação aos vocábulos indígenas, iorubás, árabes e expressões da língua bantu africana entre outros?
O que por um lado prejudica a compreensão do samba e do enredo, por outro lado enriquece e faz desperte uma curiosidade e uma busca por esclarecimento, o que contribui para um enriquecimento cultural.
Por essas razões, prefiro ficar num meio termo e quando houver excesso de expressões, levar em consideração o prejuízo ocorrido na compreensão do enredo.”
Julgador: Alfredo Del Penho
Notas
- Tuiuti – 9.7 (letra 4.8 e melodia 4.9)
- Grande Rio – 9.8
- Imperatriz – 9.9
- Vila Isabel – 10
- Salgueiro – 10
- Beija-Flor – 10
- Ilha – 10
- São Clemente – 9.9 (melodia 4.9)
- Mocidade – 10
- Unidos da Tijuca – 9.8 (letra 4.8)
- Portela – 10
- Mangueira – 10
Mais uma vez, além de notas muito bem dadas, Del Penho tem justificativas muitíssimo bem feitas e em todas elas toca exatamente na ferida do samba em questão; apontando muitos dos defeitos que nós amantes de samba comentamos desde as escolhas das escolas. Destaco aqui alguns para ilustrar o que estou falando.
Grande Rio: “Letra – 0,1 Algumas frases perdem a continuidade do discurso poético e parecem forçar para caber na melodia adolescente, abraço o violão’ em vez de abracei. ‘Canto a minha verdade, africanidade‘ além de alguns clichês não justificáveis como referência a outra obra ‘sol inclemente, terra seca’.
Melodia – 0,1 O samba apresenta pouca sinuosidade no ritmo da melodia em relação a síncope. No momento em que brinca com o ritmo aproximando do frevo é interessante, mas perde ao não ser criativo ao variar pelo gênero dos samba.” (grifos do autor)
Imperatriz: “Melodia -0,1 Apesar de muitos momentos bonitos, exagera na extensão principalmente por algumas frases parecerem sobrar no discurso melódico ‘O paraíso fez aqui o seu lugar’, ‘tanta riqueza a cobiça destruiu’.”
São Clemente “Melodia -0,1 Apesar de trechos muito bonitos, os momentos mais fortes ‘chega ao fim…’ ‘A coroa do sol’ estão divididos apenas por uma estrofe curta e a partir daí o desenvolvimento não tem um pico tão inspirado em “O Sol” o que desequilibra a estrutura do samba.”
Unidos da Tijuca: “Letra -0,2 – 0,1 A letra parece não apresentar o enredo satisfatoriamente. É descritiva na forma mas aproveita pouco o tema principal e os momentos mais fortes da melodia tem associados a eles letras que não exploram o potencial do encontro entre Pixinguinha e Louis Armstrong. -0,1 Algumas imagens pouco inspiradas ‘E o meu Borel americanizou’ ‘Chega my brother’ ‘ta aí… um soul’. Não vejo problema no uso do inglês mas o uso de ‘chega’ em um diálogo entre os dois. Há também problema de prosódia em ‘vamos a luta’ e ‘melodia, música’.” (grifos do autor)
É tão difícil explicar direito os problemas? Acredito que não, como demonstrado acima. Pelo menos o último caderno dessa série, é para mim, o melhor do ano, mais uma vez.
Finalizando o quesito samba-enredo, eu sempre ressalto que o samba é a única coisa que nós podemos assegurar que não se altera a percepção em nenhuma das partes do desfile. Ou seja, o que o julgador está julgando é exatamente o mesmo em todas as cabines de julgamento.
Não obstante, vejam como pouco conversam os quatro cadernos do quesito. O caso da Unidos da Tijuca é emblemático: dois julgadores tiram 2 décimos de letra e nenhum de melodia, por motivos diferentes até. Outro julgador tira dois décimos de melodia e nenhum de letra. Para completar a bagunça, chega o 4º julgador e tasca logo um dez.
Nenhuma das quatro avaliações tem um ponto sequer minimamente em comum.
Essa falta de diálogo fica ainda mais escancarada quando comparamos as justificativas da São Clemente nos módulos 2 e 3 (logo o módulo duplo). Enquanto Trotta descontou a São Clemente porque “o entendimento do enredo a partir do samba é precário”, Alice Serrano elogiou a letra porque “é clara e narra o enredo com propriedade”. Ou um ou outro! As duas frases são incompatíveis para o mesmo samba!
Isso apenas é a prova final de quão falho foi o julgamento esse ano. Ao fim da série fico com a impressão que retrocedemos 3 ou 4 anos na qualidade do julgamento que, até então, vinha se aprimorando mesmo que a passos lentos. Porém, como em várias outras coisas nesse carnaval, não satisfeitos em voltar esses poucos passos lentos andados, ainda caminhamos muitos metros para trás.
Devo confessar que pela primeira vez desde que comecei fazer essa série, eu não sentir vontade de terminar. Meu desejo era largar tudo ainda no 2º ou 3º quesito, tamanhos foram os absurdos.
Espero que um ano seja suficiente para que eu volte a ter vontade de escrever a Justificando o Injustificável 2018. Porque, a continuar dessa forma, não perderei o meu tempo ano que vem.
Imagens: Ouro de Tolo
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Parabéns pelo trabalho ao longo da série, Rafael. Se antes já não deve ter sido fácil, imagino esse ano. Também acho muito bom o trabalho do Alfredo Del Penho, tanto ano passado quanto nesse, mas não acha que sete notas 10 foram um exagero?
E uma dúvida, que mistura com o quesito enredo: no samba da Mocidade, os compositores, com muito talento e criatividade, “ignoraram” a burocrática sinopse e apresentaram uma mistura Brasil e Marrocos, com claras referências como “Pra Alah conhecer meu Xangô”, “Põe Aladdin no agogô”, entre outras. Porém na avenida muito pouco se viu dessa proposta de misturas. Por causa disso, o samba deveria perder ponto? Ou seria o enredo? Ou nenhum dos dois, vale mais a licença poética e a beleza da obra?
Luis,
Em teoria concordo que sete notas dez, ainda mais esse ano é um exagero. Mas, comparando com a régua dos outros quesitos, especialmente esse ano, está na média.
Quanto a Mocidade, essa foi uma discussão bastante acalorada durante o pré-carnaval . Realmente o samba é impertinente ao enredo apresentado e, a ferro e a fogo, deveria ser descontado em samba-enredo. Mas há quem defenda uma maior liberdade nesse ponto para facilitar o trabalho do poeta e permitir um maior número de bons sambas.
Como a discussão é interminável, dê-se o benefício da dúvida.
“A melodia, praticamente toda em tom menor” ,é proibido fazer samba em tom menor?