E o Botafogo fez mais uma bela partida pela Libertadores.
Já virou costume, é curioso que o Botafogo, que talvez só tenha mais tradição internacional do que a Chapecoense entre todos os brasileiros que estão no torneio, está jogando como se fosse um antigo frequentador de Libertadores, quebrando todos os prognósticos e empilhando vitórias sobre antigos campeões.
Vaticinaram que o Botafogo não passaria pelo Colo-Colo e passou, pelo Olímpia e passou, entrou no chamado “grupo da morte” e falaram “Ah, daí não passa” e o clube termina o turno com sete pontos tendo jogado duas partidas fora. Até aonde o Botafogo vai? Não sabemos, mas não dá mais para duvidar dele.
Aliás, não dá para duvidar desde o ano passado quando quase todos deram como certa a queda para a segunda divisão e o clube parou na Libertadores. Não tem um grande elenco, o time titular é “feio” de nomes, mas é sim o melhor time do Brasil hoje, ninguém joga melhor do que ele e poucas partidas são tão atraentes quanto aquelas que envolvem o Botafogo.
Por quê isso acontece? Porque o Botafogo tem um grande técnico. Até alguns meses atrás Jair famoso que passou pelo Botafogo era Jairzinho, o “furacão da copa” que foi um dos grandes nomes da história do clube. Ano passado Ricardo Gomes largou os cariocas atrás do canto da sereia do São Paulo. Nomes foram cogitados, até o de Milton Mendes hoje técnico do Vasco, mas sem dinheiro o Botafogo acabou efetivando o auxiliar filho de Jairzinho, o Jair Ventura.
Quando foi efetivado o comentário geral foi “agora caiu”. É, caiu sim, caiu Ricardo Gomes no São Paulo. Jair segue firme e forte e agora não tem mais apenas um Jair importante em sua história.
Jairzinho ainda não virou o “pai do Jair Ventura”, mas seu filho caminha sim não só para marcar seu nome no Botafogo como no futebol brasileiro. Jovem ainda, sério, humilde sem ser subserviente Jair se impôs e hoje podemos falar que é o melhor técnico atuando em clubes brasileiros. Mais do que o celebrado Roger Machado que hoje está no Atlético. Muito mais que Rogério Ceni, o “mito” da imprensa paulista que antes de apresentar um trabalho que fosse já era enaltecido.
Talvez o problema esteja aí. A grande imprensa esportiva de televisão do Brasil está em São Paulo e assim os principais assuntos se concentram no futebol paulista. Outro dia estava vendo uma das inúmeras mesas redondas da ESPN e comparavam Rogério Ceni com o Carille, mais uma vez essa comparação que é um dos assuntos preferidos deles e me toquei perguntando a mim mesmo “Quem são Rogério Ceni e Fabio Carille? O que eles fizeram de importante para tanto assunto em volta deles?”
E me lembrei do excelente Jair Ventura aqui. A dupla de São Paulo tem que comer muito arroz e feijão para fazer o que Jair já fez, o Zé Ricardo do Flamengo com seu “monoesquema” não chega aos pés do botafoguense.
Mas Jair é na dele, não faz marketing, não tem mídia, dirige um grande clube sim como o Botafogo, mas que é discriminado e acaba não tendo a mídia que Flamengo, Corinthians e Atlético tem. Olhem bem o elenco do Botafogo, o time que enfrentou o Barcelona na quinta, o que ele está fazendo com o Botafogo é sacanagem!!
Grande campanha na Libertadores e boa estratégia no carioca. Abriu mão da Taça Guanabara e fez uma Taça Rio suficiente para se classificar as semifinais do campeonato carioca. Mesmo jogando apenas pro gasto quase levou a Taça Rio e tem sim condições de levar o estadual do Rio.
O Botafogo vem empolgando tanto que até o sempre pessimista torcedor do clube está otimista e já fala em final de mundial contra a Juventus. Muitos riem quando o botafoguense diz isso, assim como riam de chegar na Libertadores, na fase de grupos, liderar o grupo da morte…Mas sinceramente? Acho difícil que role essa final de mundial entre Botafogo x Juventus. Acho que os italianos não passam pelo Real Madrid.
Não duvidem do Botafogo.
Não duvidem do excelente Jair.
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Sem dúvida o grande técnico de 2016. Excelente trabalho, com elenco limitado e ainda com inúmeros problemas na preparação física. Porém, ainda acho que precisa evoluir no aspecto de elaborar melhores estratégias para sua equipe propor o jogo. O Botafogo, desde a arrancada no brasileiro, se sai muito bem jogando no contra-ataque, amparado por uma forte defesa protegida por três cabeças-de-área que sabem jogar. Agora, quando enfrenta um adversário bem postado na defesa, costuma se enrolar, tanto que a chegada de Montillo foi para dar opções ao treinador, que até hoje não conseguiu armar um time com o argentino e Camilo juntos sem perder a capacidade de marcação. Não acho que é coincidência as melhores atuações do time no ano terem ocorrido após a contusão do Montillo e o retorno ao consagrado esquema com três cabeças-de-área que sabem jogar. Mas sim, é hoje um dos grandes treinadores do Brasil, e que, até pela pouca idade, tem muito o que evoluir e se aperfeiçoar para, quem sabe, chegar a seleção brasileira ou vencer em grandes clubes europeus. E concordo, estivesse fazendo esse trabalho num grande clube paulista, seria colocado como bola da vez (sem duplo sentido) para assumir a seleção após a Copa. E veríamos o quadro “quem é melhor?”, entre o subestimado Rodrigo Pimpão x Neymar…