Nesta semana a coluna “Samba na Garoa” entrevista uma das principais revelações do carnaval paulistano nos últimos anos e que recentemente mudou de escola para o carnaval 2018.

Trata-se da coreógrafa Roberta Melo, que comandou a comissão de frente do Vai Vai neste ano e garantiu os 30 pontos para a  “Escola do Povo”; agora ela será responsável pelo quesito na Dragões da Real.

Roberta é bailarina desde muito nova. Sua formação passa pelo Teatro Municipal de São Paulo e pelas principais escolas de ballet e de jazz da cidade. Como dançarina trabalhou em muitos programas de televisão e com diversas duplas sertanejas em shows pelo Brasil e pelo mundo. A artista também escreve e monta peças de teatro, com três espetáculos previstos para 2017.

Após desfilar como bailarina em 2013 pelo Vai Vai decidiu ingressar no mundo do carnaval e dois anos depois estreou a frente da comissão no ano em que a escola foi campeã homenageando Elis Regina.

Confira a entrevista exclusiva com a coreógrafa:

OT – Porquê a escolha de assumir a comissão de frente da Dragões da Real em 2018?

Roberta Melo – Creio que será um novo desafio profissional, eu adoro o Vai Vai, foi incrível trabalhar e ser campeã na escola. Agora chego em mais uma agremiação com sede de vitória e creio que faremos juntos um grande trabalho.

Além disso estou muito encantada com o carinho das pessoas ao me receber e por ser uma pessoa que trabalha com o que ama, esta energia só agrega para que o trabalho seja feito com um grande envolvimento.

OT – O quesito Comissão de Frente hoje em dia tem se modernizado, cada vez com mais elementos que se unem a coreografia, vimos seu trabalho neste ano interagindo com uma alegoria. Você prefere uma comissão que dance mais ou gosta dela mais cênica?

Roberta Melo – Tudo depende da proposta e do perfil do coreógrafo. Por exemplo, minha primeira formação é a dança, vou sempre pensar primeiro no movimento e não vejo problema em ter um elemento alegórico, basta poder ensaiar com ele; mas este ano aconteceu uma coisa engraçada. Montei uma coreografia de dança que depois virou uma peça de teatro, porque não dava para dançar com a proposta que foi apresentada.

A criação não foi minha, então tinha que respeitar a obra, foi uma experiência bárbara; ficou uma história contada, porém seguindo o regulamento de sincronia e alinhamento além de saudar a platéia e apresentar o pavilhão.

OT – Esta versatilidade é interessante pois a Dragões da Real criou uma identidade cênica com o Anderson Rodrigues, que em 2016 levou a comissão em cima de um palco. A sua chegada é com uma proposta de continuidade ou de um novo estilo de comissão para a escola?

Roberta Melo – Amo o trabalho do Anderson, além dele ser um grande amigo meu, mas não tem como dar continuidade num trabalho e seguir o mesmo caminho, já que somos profissionais com formações diferentes e histórias de vida diferentes também.

Acredito que quando se tem uma mudança tudo pode acontecer e isso não foi exigido quando fui contratada; mas não sou fechada, se couber interpretação faremos, se couber uma dança também faremos, o que quero é fazer o meu melhor sem estar amarrada num formato. Quero a nota e quero ganhar o carnaval com a Dragões.

OT – Como é gabaritar o quesito e como deve ser a preparação para alcançar este feito novamente?

Roberta Melo – O ensaio diminuí o risco dos erros, eu venho do ballet, então sou exigente e um pouco militar. Ensaio muito com o elenco para não deixarmos nenhuma dúvida a quem está assistindo relacionado a posição do corpo e desenhos coreográficos.

Sigo à risca o regulamento, filmo quase todos os ensaios pra ver se tem algum erro ou algo que traga uma estranheza ao assistir e sempre tenho um ou dois assistentes anotando nos ensaios o que está errado. E ensaia, ensaia, ensaia… (Risos)

OT – Como é o trabalho com o seu elenco, como extrair dos integrantes o melhor desempenho para a apresentação?

Roberta Melo – Tomo muito cuidado com o meu elenco, gosto de percebe-los ver se estão bem, converso bastante com eles. Convivemos muito tempo juntos, afinal de contas não estamos lidando com robôs e sim seres humanos repletos de sentimentos. Viram filhos…

Sou uma operária da arte e amo demais meu trabalho. Para completar esta intensidade ao desenvolver o tema da comissão trabalho com um psicólogo para me auxiliar com o elenco e assim podermos extrair o máximo de cada integrante do elenco; além de motiva-los, já que ensaiamos muito a fim diminuir o risco de possíveis erros.

OT – Você tem se destacado muito nos últimos anos, seria a hora de fazer um projeto a longo prazo e permanecer por mais tempo em uma escola para fixar sua identidade?

Roberta Melo – Pode ser, mas tem que ser natural. Estou iniciando um relacionamento com a Dragões da Real e estou encantada com o carinho das pessoas, se vir a se tornar um casamento e for bom para ambos ficarei por muito tempo com certeza.

Imagem: Assessoria

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