O ano era 1964 e o Brasil começava a passar por um de seus piores momentos. A ditadura militar iria tirar, nos próximos 20 anos, a liberdade, direitos e a vida de muitas pessoas.
Paralelo a isso, a arte no Brasil não poderia parar. Na música, a Bossa Nova representava o país pelo mundo. A TV ainda era coisa da elite e rádio e teatro que comandavam ainda os grandes ídolos daquela época.
Na Zona Sul carioca, os shows das vedetes já estavam, aos poucos, saindo de moda e as casas de shows precisavam encontrar uma saída para atrair o público. Eis que o Teatro Rival abre as portas para um espetáculo com oito travestis.
Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios chegavam a fazer, no auge, shows doze shows por semana no teatro que fica na Cinelândia.
Toda a história delas é retratada no documentário “Divinas Divas” lançado nessa quinta-feira (22) em diversas cidades pelo país.
O documentário é a visão da atriz e diretora Leandra Leal, neta do dono do teatro Rival. Leandra quis falar do mundo em que ela cresceu. Falar dos corredores que foram sua casa na infância e sobre a importância dessas mulheres para ela e para a cultura brasileira.
Em 2004, as oito se reúnem novamente no teatro para um show comemorativo a pedido de Ângela Leal, mãe de Leandra, e colocam o nome do show de “Divinas Divas”. Dez anos depois, é a vez de Leandra convocar as Divas para o show e aproveitar e contar suas histórias.
O filme demorou quase dez anos para ficar pronto. Quando foi gravado, a discussão sobre gênero nem era pauta assídua como é hoje nos meios de comunicação e, por isso, não faz parte do enredo do documentário.
Contando as viagens para EUA e Europa, além de casos da noite carioca e a vida pessoal de cada uma, Divinas Divas traz uma história que não conhecemos. Traz representatividade para uma classe muitas vezes marginalizada. O documentário faz rir e chorar e mostra oito artistas que revolucionaram a sua época.

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