Essa semana assisti à entrevista do Buchecha para o Rica Perrone na internet e, entre os vários assuntos que tocou, falou diretamente do “jabá” que existe em rádios.

Para quem não conhece o termo “jabá”, ele significa que artista, empresário, gravadora, ou alguém diretamente relacionado, paga para que as rádios executem a música do artista.

Buchecha disse claramente que o sistema existe, que ele mesmo já pagou para ter músicas tocadas e reclamou do que o sertanejo universitário vem fazendo. Alegou que o sistema que cerca esse tipo de música encareceu o mercado e até carro Land Rover oferecem para que o artista toque.

O artista contou a situação de forma bem humorada, rindo, mas falou sério e é um assunto muito sério e que explica muita coisa. Explica o monopólio musical que existe no país hoje, em que só se toca um gênero musical.

Não vou entrar no mérito do gosto porque ele é relativo, eu pessoalmente não gosto dele, mas impor a um país de dimensão continental com tantos ritmos, variedade de cultura, de artistas, um único estilo musical é um crime, mesmo que fosse um gênero que eu gosto não é certo, é monopólio.

É ruim, é escroto e nos faz pensar. Durante muitos anos ouvimos que as rádios e programas de TV tocam aquilo que o povo quer e se o tal sertanejo universitário toca muito hoje é porque o povo gosta. Sim, é verdade não tem como negar que a maioria das pessoas gosta, mas é aquela questão do Tostines e quem tem mais de 30 anos conhece.

O biscoito vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Sertanejo universitário ou qualquer gênero dominante toca mais porque o povo gosta ou o povo gosta porque toca mais?

Buchecha começou a responder a essa pergunta antiga e intrigante. Se um gênero ou um artista começa a tocar de forma maciça em rádio, tv,traz toda a mídia para si as pessoas não ficarão indiferentes amarão ou odiarão.

A proporção de quem ama e odeia pode até ser parecida, muitos podem começar detonar, reclamar, mas isso não importa para o sistema já que é isso que eles querem, que chame a atenção porque daí vem fama, business e dinheiro.

Acaba que uma lavagem cerebral é feita e o circulo vicioso se completa. O jabá que é pago lá atrás com Land Rover acaba rendendo mais de 100 Land Rover pra quem pagou e a missão é cumprida. E muitos artistas, estilos e culturas, vão morrendo com o Brasil ficando monotemático.

Todos os tipos de monopólio são ruins. O monopólio da Globo é ruim porque faz o povo pensar aquilo que ela quer que pense. O monopólio da CBF é ruim porque mata o futebol brasileiro, então não adianta a gente comemorar que a Globo não mostrará a Seleção se uma entidade com seus dirigentes acusados de corrupção têm o controle da situação.

O monopólio do judiciário e legislativo que tem o poder de derrubar e absolver presidentes apenas por seus interesses sem ouvir o povo brasileiro. Monopólio que dá ao Gilmar Mendes o poder de decidir o destino de 200 milhões de pessoas.

Monopólio da Liesa sobre nosso Carnaval, no qual ela faz o que quer, como quer, afastando o povo do Carnaval e dando a mínima e não fazendo mudanças para dar segurança para às pessoas. O que já foi feito para que não se repita o que ocorreu no último Carnaval? Nada fará feito porque o povo do samba mesmo já está esquecendo pensando em enredos e sinopses.

Monopólio no cinema com as comédias engraçadinhas, monopólio de artistas consagrados com leis de incentivo fazendo peças vazias e musicais sobre artistas consagrados levando milhões de reais, monopólio, monopólio, monopólio para todos os gostos com apenas um sentido. Nos escravizar em seus gostos e vontades.

Ainda dizem que vivemos em uma democracia, isso só pode ser uma piada.

E seguimos assim nessa vida de gado levando ferro todos os dias enquanto outros levam rand lover. Músicas medíocres para um momento medíocre, músicas vazias ocupando mentes cheias de espaço e assim “Os 10% aumenta”.

Por favor garçom, troque o DVD.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar