Em uma rodada marcada pelas grandes atuações dos goleiros e nenhum pênalti convertido (sete batidos, quatro defendidos e um na trave), gostaria de destacar não a atuação de Douglas Friedrich, que parou o melhor ataque do Brasileiro (Grêmio), mas sim a de Jefferson, que voltou ao gol do Botafogo depois de mais de um ano.
A última partida de Jefferson com a camisa do Alvinegro havia sido no dia 12 de maio do ano passado pela Copa do Brasil em duelo contra o Juazeirense. Naquele jogo, o goleiro precisou ser substituído aos 10 minutos do segundo tempo com dores no braço esquerdo.
O que parecia ser um incômodo logo se mostrou algo mais sério. O camisa 1 precisou passar por uma operação no local e a previsão era que voltasse três meses depois. No entanto, em novembro do ano passado, o goleiro, que continuava sentindo dores no local, procurou tratamento fora do clube e descobriu que precisaria operar novamente o tríceps do braço esquerdo.
Depois das duas cirurgias e as lentas recuperações, o goleiro só voltou a treinar em fevereiro. Em junho, voltou a ser relacionado e ficou no banco no clássico contra o Vasco.
A volta aos campos veio mesmo no último domingo, no jogo contra o Atlético Mineiro. Com o titular Gatito Fernández com um corte no joelho esquerdo, Jefferson enfim deve a chance de voltar a jogar.
E se havia alguma dúvida sobre a condição física do arqueiro, ela foi se dissipando na medida em que o jogo ia ocorrendo. Jefferson fez pelo menos três grandes defesas, uma delas em pênalti cobrado por Rafael Moura. Só foi vencido uma única vez e, mesmo assim, por conta do azar. No chute de fora da área de Marlone, a bola desviou na cabeça do zagueiro Emerson Silva e deixou o goleiro sem reação.
O que me impressionou nessa partida foi a forma de Jefferson. Retomar os reflexos e a agilidade depois de muito tempo parado é tarefa dificílima para um goleiro. Para um jogador de linha é mais fácil. Quando tem uma lesão grave, ele costuma voltar aos poucos, entra no fim de um jogo, vai aumentando o tempo aos poucos, até readquirir a condição física ideal.
Já com o goleiro, não. Não tem como ele entrar nos minutos finais. É tudo ou nada. Ele já volta disputando uma partida completa. Se falhar, não tem como alguém ajudar: é gol do adversário. E no caso de Jefferson, ele já voltou sendo (bastante) exigido por uma equipe que tem vocação ofensiva, como a do Atlético.
A volta de Jefferson foi celebrada até pelos adversários. Conversando com um colega do trabalho, atleticano, ele confessou que torceu pelo goleiro na hora do pênalti do domingo e rasgou elogios ao jogador.
Em entrevistas recentes, o goleiro demonstrou a vontade de servir novamente à Seleção Brasileira e participar outra vez de uma Copa do Mundo (ele já foi reserva de Julio Cesar em 2014). Acho que ainda é cedo demais para Jefferson pleitear uma vaga. Primeiro, ele precisa reassumir a vaga de titular no Botafogo. Gatito também vive uma fase espetacular como goleiro do clube e tem como triunfo um aproveitamento impressionante de 50% nas defesas de pênaltis. O paraguaio, no entanto, recebeu recentemente uma sondagem do Napoli, da Itália.
Caso consiga reassumir a titularidade no Botafogo, Jefferson vai ter pouco tempo para chamar a atenção do técnico Tite e disputar a Copa da Rússia. Mas ele tem dois pontos que podem contar a favor em uma possível convocação. Depois da primeira cirurgia, o técnico brasileiro chegou a procurar informações sobre a condição do goleiro, ou seja, Tite está de olho no atleta. E há vagas em aberto no gol da Seleção.
O titular Alisson, por exemplo, é reserva na Roma. Nas últimas listas, os reservas dele têm se alternado: Muralha, Diego Alves, Marcelo Grohe, Ederson e Weverton já foram convocados. Nenhum desses se firmou ainda. Cássio, do Corinthians, deve ser o próximo a ser testado. Dessa lista, acho que Jefferson, em forma, é superior a todos eles. E ainda tem a experiência de uma Copa no currículo.
Nesse momento, Jefferson deve procurar aproveitar todas as chances que receber e, assim, deixar em dúvida o técnico Jair Ventura. Reassumindo a titularidade, Jefferson pode sim sonhar com conquistas maiores e, quem sabe?, até a Seleção.
Imagens: Vitor Silva/SS Press/Botafogo e André Fabiano/Folhapress
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Para mim, a disputa de goleiro titular da seleção ficaria entre Jefferson (depois que recuperar sua posição no Botafogo, claro) e Diego Alves, com Cássio, Éderson e Vanderlei disputando a última vaga. Na verdade, Jefferson deveria ter sido titular já na última Copa.