O bicho tá pegando nos Estados Unidos entre o presidente Donald Trump e os esportistas americanos.

Trump é aquele que deve desesperar assessores quando abre as redes socais para escrever. Cada postagem dele no Twitter equivale a uma bomba atômica e as últimas postagens desagradaram à Coreia do Norte e aos jogadores da NBA e NFL.

Primeiro teve a polêmica com o jogador do Golden States Warriors Stephen Curry, que disse não saber se iria à Casa Branca com o time ser homenageado por Trump. É uma tradição dos esportes americanos os times vencedores irem à Casa Branca.

Trump, com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais, retirou o convite à franquia provocando a fúria não só do GSW como de toda a NBA, chegando ao fato de um dos principais astros do basquete, LeBron James, lhe chamar de “vagabundo”.

O problema com a NFL, a principal liga americana, vem do fato de alguns jogadores se ajoelharem na hora do hino nacional em protesto como a forma que o negro é tratado no país. O primeiro a fazer isso foi o quaterback do San Francisco 49ers Colin Kaepernick, que por coincidência ou não pagou o gesto com o emprego.

O presidente Trump pediu que os donos de equipes demitissem os jogadores que se recusassem a ouvir de pé o hino nacional e a resposta foi imediata com a maioria dos jogadores ouvindo ajoelhados ou com braços entrelaçados o hino na rodada seguinte do futebol americano.

Trump conseguiu unir dois dos principais esportes americanos, tendo esses jogadores modo de pensar diferente uns dos outros, contra ele.

É nítido que o esportista americano tem um nível intelectual maior que o brasileiro, principalmente os negros. O negro americano desde cedo aprende a ter orgulho de sua raça e não abaixar a cabeça pro sistema feito por brancos e para brancos. O negro americano sabe desde pequeno que o racismo existe, sim, e ele tem que aprender a se defender dele, ao contrário do Brasil, onde existe um racismo velado e hipócrita.

Eles levam isso para a vida adulta, não esquecem suas raízes mesmo quando enriquecem, e se tornam astros consagrados. Isso irrita o sistema, irrita o branco acostumado a ter todas as suas vontades feitas como Donald Trump.

Dizem que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas e tendo a concordar com isso. Donald Trump é um presidente cercado de vários problemas, que não tem a confiança plena nem de seus pares de Partido Republicano e está cada vez mais próximo de uma guerra imbecil com a Coreia do Norte. Trump viu no nacionalismo e na exaltação desse nacionalismo contra o esporte uma forma de desviar o foco e passar um pretenso patriotismo.

Alguns caem nisso porque existe nos Estados Unidos uma enorme parcela da população que põe a “América” e seus símbolos acima de tudo. Geralmente são pessoas mais velhas e fora das grandes cidades americanas, mas a verdade é que esse discurso não combina com a tão falada democracia americana. Pedir a demissão de esportistas que se recusam a ficar de pé na execução de um hino é coisa das piores ditaduras sul-americanas.

Sinceramente, como um cara que gosta de esportes, invejo esses atletas americanos e sinto falta disso aqui. O atleta brasileiro não se preocupa com suas raízes e com o que acontece em seu país. Uma das poucas tentativas de discutir pelo menos a situação esportiva no Brasil foi ridicularizada como o “Bom Senso”.

Políticos brasileiros sempre foram propensos a usar o esporte, como nos discursos de Getúlio em São Januário, no sufoco político que levou a Seleção de 1950, ,o tricampeonato de 1970 usado pela ditadura e os campeonatos brasileiros dos anos 70, que inchavam para agradar a todos os estados fazendo trabalho para o partido do governo, a Arena.

Poucas foram as vezes que o esporte brasileiro reagiu a esse jogo politico como na democracia corintiana. Normalmente nosso esporte reflete a passividade do povo brasileiro.

O momento brasileiro pedia jogadores ajoelhados na hora do hino, mas isso não irá ocorrer.

Sentimento de luta vem de berço.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Alosio Villar

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