Demorei dois dias para tomar coragem e escrever sobre Pedro Migão, o pai. Ele deixou este plano no último sábado e peço licença ao Migão filho para escrever umas poucas e singelas palavras sobre uma figura que vi poucas, mas intensas vezes. O suficiente para parecer uma convivência de muitos anos.

Sempre sorridente e brincalhão, tinha uma incrível capacidade de agregar as pessoas a sua volta. Bom contador de causos e sempre antenado com o que acontecia, carregava consigo a sabedoria de quem passou por poucas e boas nessa vida e tinha muito a falar. E aconselhar…

É claro que nas nossas rodinhas o assunto, de uma forma ou de outra, sempre parava no Flamengo, passando pelo Carnaval e a Portela – sua segunda paixão, e uma paixão motivada pelo filho, já que originalmente ele era Império Serrano.

Tudo, é claro, ao som de clássicos do samba-enredo e sempre regado a uma boa cerveja, já que o Migão filho é um apreciador – para não dizer conhecedor – de cervejas de qualidade! Aliás, Migão, você precisa voltar a escrever sobre cervejas…

O que me chamava a atenção no Pedro Migão pai é que, mesmo quando falávamos sobre a absurda situação deste país e cidade em que vivemos, ele conseguia encontrar uma forma de sorrir e dar uma risada no fim das contas.

Por um motivo ou outro, nunca assisti a um desfile com o Migão pai. Ora eu morava em São Paulo e não podia vir, ora eu estava de plantão na redação, ora eu estava na sala de imprensa do sambódromo. Mas achava um barato como ele acompanhava os desfiles ali nas frisas junto ao filho e aos amigos.

Amigos que naqueles momentos de bate-papo agradável se transformavam, por que não dizer, em filhos que se agregavam aos três biológicos! Enfim, devia ser uma farra muito bacana ver os desfiles ao lado dele. Não conseguirei fazer isso, lamentavelmente.

Mas posso dizer que estive na Olimpíada com o Migão pai! Aliás, logo depois da semifinal do basquete masculino entre Estados Unidos e Espanha, nos encontramos, os Migões e eu (imagem ao alto), e era muito engraçado ele perguntando na miúda os times pelos quais os narradores do SporTV torciam!

É, que pena que não vamos mais ter essas resenhas. Agora, o momento ainda é de tristeza, mas quando a dor passar, estou certo de que todos daremos as risadas que o Migão pai dava!

E vamos chegar à conclusão de que não podemos nos cobrar tanto. Que essa vida precisa ser levada com mais leveza, no estilo Migão pai.

Vai lá, parceiro, descansa! Beijo na testa como sempre você fazia comigo e seus amigos!

Amém!

Fotos: arquivo pessoal, Luis Butti e Pedro Ivo Almeida

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