O assunto da semana foi uma bunda.

Normal em um país que tem a mesma como paixão nacional, é repleto de bundões e governado por um, mas ser o centro das atenções em momento tão turbulento é sim algo inesperado.

Falo do novo clipe do fenômeno Anitta. Antes de mais nada, quero dizer que sou admirador da artista, acho Anitta bastante talentosa, carismática e sem dúvidas é a principal estrela pop do momento no Brasil. As crianças e jovens adoram suas músicas, dança, jeito de ser e tenho uma menina de oito anos em casa que é uma de suas fãs.

Mas a tal polêmica é apenas mais uma prova do quão vazio é o tempo em que vivemos porque não tem nada demais. O clipe de “Vai malandra”, sua nova música lançada na última semana, mostra a cantora em uma favela. Em algumas cenas, vestida apenas com um biquíni feito com fitas isolantes e em outros, aí vem a polêmica, close da sua bunda.

A polêmica vem desde o fato de ter close em bunda, para alguns um ato contra “a moral e os bons costumes” e também pelo simples fato dela ter celulite.

É um país ao mesmo tempo liberal e hipócrita desde que foi descoberto com portugueses ficando loucos com as índias nuas, mas não pode admitir isso, é errado gostar de sexo e por isso gostamos e apreciamos como um voyeur vendo pelo buraco da fechadura como sempre disse Nelson Rodrigues.

E outra… Celulite? Em pleno 2017 se discutindo celulite? Isso é de uma hipocrisia enorme de todas as partes. Das pessoas que criticam não vendo que celulite é algo democrático que todas as mulheres tem e hipocrisia de quem aplaude pela cantora mostrar as suas e ao mesmo tempo detona a vizinha desconhecida por estar acima do peso ou a amiga com estria. De novo, a velha hipocrisia acima descrita.

O Brasil é realmente um país esquisitão criado pela avó e necessita de análise. Vinte anos atrás Carla Perez rebolar a bunda para uma câmera era um fetiche machista, hoje em dia empoderamento feminino. Não vejo isso como atitude machista nem feminista e sim uma das armas de uma artista muito inteligente.

Anitta é muito inteligente por mais que a “intelectualidade” brasileira torça o nariz. Ela fez um clipe que já está com milhões de visualizações, ficou ainda mais conhecida, rica e discutem tudo que tem nele e que pseudo representa, menos a música, que é uma das fracas que produziu. Música hoje é o de menos, o que conta e o entorno.

Música é o de menos no caso de Anitta, Luan Santana e outros artistas menos cotados e que dominam o cenário da música brasileira. Por isso entendo Lulu Santos quando ele reclama e diz que a música brasileira está cada vez mais parecida com “sexo anal”. O problema não é ter esse estilo de música, ela existe desde que o mundo é mundo. Problema é hoje em dia só tocar isso. A música brasileira comercial nessa segunda década dos anos 2000 se resume a SBB, Sarrada Bebida Bunda.

E quem realmente se dá bem com tudo isso? Anitta, como eu disse acima e cada vez mais, se firma como grande artista. E o Gilmar Mendes, que, enquanto discutimos a bunda alheia, solta todos os bandidos do colarinho branco e se firma como o maior câncer do Brasil sem ser incomodado.

É, os bundões somos nós.

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