Como torcedor vivi alguns grandes momentos de contratações. Quando o Flamengo contratou Romário em 95 e quando o Lakers contratou ano passado Lebron James. É sempre muito bom quando algo que você torce contrata o melhor do mundo, o que alguns chamam de “pica”.
Também torço pela União da Ilha, mas a Ilha, ao contrário de Flamengo e Lakers, é mais humilde, apesar de ser a escola dos sambas mais populares do carnaval não tem títulos e raramente frequenta o desfile das campeãs.
Ainda não é oficial, mas parece que a agremiação insulana se aproxima de seu “Romário” ou “Lebron James’. Melhor que isso, se aproxima de seu “Pelé’.
Pelé virou apelido para aquele que é o maior, o melhor, que não tem outro igual. O carnaval atual tem seu “Messi” que é Leandro Vieira e seu “CR7” que é Paulo Barros. Até pelas características dos dois, forma de encarar a auto promoção e vaidade vejo essa relação direta entre os carnavalescos e os jogadores, além que são os nomes do momento como os craques.
Mas Pelé é diferente. Pelé não é dessa época, é de todas as épocas, é atemporal. Pelé não está nesse momento fazendo sua história, Pelé é a história.
E o samba tem um Pelé que é o Laíla.
Até nisso posso comparar jogadores e sambistas. Pra mim Joãosinho Trinta é Garrincha, o gênio artista, do drible, da surpresa e que morreu em condições aquém do que merecia. Pelé é o cerebral, é o que se eternizou e soube até a velhice usufruir de sua genialidade. Laíla é assim, é veterano, não tem mais o mesmo vigor de outrora, não é “o cara do momento”, mas é o cara.
Preciso nem falar da contribuição que esse sujeito deu até hoje ao carnaval, basta lembrar que ele chegou junto com J30 em uma humilde escola da Baixada que nunca vencera um carnaval e ver no que ela se transformou com essa dupla chegada. Só ver que a dupla esteve junta no maior desfile já realizado na história do carnaval (Ratos e urubus, larguem minha fantasia), só lembrar que ele volta a Beija-Flor em 1998 com a escola amargando jejum de 15 anos e faz dela novamente devoradora de títulos, mais do que isso, só pensar que a Beija-Flor, a terceira maior vencedora da história do carnaval, nunca foi campeã sem Laíla.
Esqueçam esse passado e foquem nos últimos dois anos. Em 2018 a Beija-Flor foi campeã graças ao departamento que ele comandava. Laíla saiu, a escola manteve a plástica igual a do ano anterior só tendo de diferente o departamento que Laíla comandou e caiu dez posições na tabela. Só ver que a Tijuca com Laíla foi mais Beija-Flor que a própria Beija-Flor (Lado positivo da eficiência, negativo pela cópia) e merecia ter ficado pelo menos entre as quatro primeiras colocadas.
É esse cara que está metaforicamente prestes a atravessar o mar e desembarcar na Ilha do Governador, digo metaforicamente porque já é morador do bairro. Mas é o cara que a União da Ilha precisa para entrar no século XXI. Recentemente eu fiz uma coluna falando sobre a cara da Ilha, a perda de sua identidade e o conformismo que a agremiação se apresenta vivendo de seus sambas dos anos 70, 80 e 90 e se contentando em não cair.
Ele é a gasolina que falta para incendiar tudo de novo, fazer a União da Ilha voltar a ser União da Ilha, fazer a torcida sonhar com uma conquista inédita. É difícil? Para União da Ilha até hoje se mostrou impossível, mas para Laíla título é rotina.
Que venha..Faria muito bem a ele e a escola, principalmente, ao carnaval.
Vem fazer na Ilha seu milésimo gol Pelé!!
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