Antes de mais nada dizer que “passaralho” é a expressão usada quando há uma demissão em massa na área de jornalismo de algum veículo.
Isto posto podemos dizer que essas demissões em massa estão atingindo os veículos em massa. Recentemente tivemos no Esporte Interativo, Editora Abril, Rádio Globo e agora chegou na ESPN. Emissora que sempre foi considerada diferente das demais, uma emissora que privilegiava o conteúdo.
Já foi mais assim. Houve um tempo em que o Linha de Passe da emissora contava com PVC, José Trajano, Juca Kfouri, Fernando Calazans, Marcio Guedes e ainda tínhamos Lúcio de Castro participando das edições do “Bate bola”. Um luxo que começou a acabar quando João Palomino assumiu o jornalismo da emissora e vários desses saíram, inclusive o Trajano que foi o mentor da emissora. Agora por coincidência, ou não, quem saiu foi o Palomino.
Como eu disse a ESPN era diferente. Vivemos uma era de “ThiagoLeifertização” do jornalismo. Para sermos justos isso começou um pouco na época do Fernando Vanucci, mas nada parecido com o que surgiu com o Thiago Leifert. Depois deles vários surgiram e hoje até temos uma emissora que é especialista nesse tipo de “jornalismo” que é a Fox dando pena de Eugênio Leal e PVC no meio desses jornalistas comediantes.
Na Globo tem o Alex Escobar e o Tadeu Schmidt que puxam para esse lado (gosto dos dois), na Fox quase todo mundo e não gosto de quase ninguém nessa imitação sem graça do PopBola, no antigo EI que agora se espalhou pelos canais da Turner tem a turma que gosta de gritar e aquele que pra mim é o símbolo desses jornalistas comediantes que é o Alê Oliveira (detesto), na própria ESPN tem jornalista assim, e eu gosto, que é o Rômulo Mendonça.
Mas tinha gente séria lá e o que espanta e preocupa é que a maioria desses sérios sucumbiram ao “passaralho” ficando os engraçadinhos.
A ESPN assim deu seu recado. Irá se “adequar” aos novos tempos onde confundem entretenimento com o jornalismo. Uma praga que não é apenas do jornalismo esportivo, mas em vários ramos do jornalismo, inclusive o de carnaval. Para chamarem atenção para algum programa dizem que é “um debate leve e alto astral” como se a seriedade fosse algo ruim.
Não que a coisa tenha que ser sisuda, mal humorada ou virar personagem de si mesmo como é o caso do Mauro Cezar Pereira, mas a impressão que dá é que quanto mais investem no humor e alto astral para chamar atenção mais o jornalista perde o foco. O jornalista não é notícia, ele não tem que ser a notícia, referência ou qualquer coisa assim, jornalista de verdade dá a notícia, sua vaidade tem que ser dar a notícia certa, não ser quem ele é
É uma pena ver o jornalismo se dividindo atualmente entre os engraçadinhos e aqueles que querem dar o furo sempre, as bombas sem checar direito veracidade apenas para ser o primeiro. Dessa forma gente séria como o bom Rafael Oliveira fica sem emprego quando um monte de “Paulos Gustavos” tomam conta da imprensa esportiva, de carnaval e geral.
Fazer jornalismo tem que ser muito mais que contar uma piada, gritar, soltar uma bomba ou transformar um programa em cafezinho ou boteco. Fazer jornalismo, antes de tudo, é informar.
O jornalismo brasileiro hoje está a cara do Brasil.
Só serve para embrulhar peixes e laranjas.
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