Na tarde de ontem, sábado, participei de workshop ministrado pelo diretor de carnaval do Paraíso do Tuiuti Júnior Schall, com passagens por escolas como Vila Isabel, Mangueira, Portela e outras.
O workshop reuniu 20 pessoas, ligadas às mais diversas escolas e com as diferentes formações. Desde mestre de bateria até conselheiro fiscal, pessoas com as mais distintas vivências e experiências.
A linha do workshop foi montar a “linha do tempo” de um desfile, ressaltando especialmente em pontos como a integração entre a parte artística e a direção de carnaval, o conhecimento que a direção de Harmonia deverá ter de tudo que está planejado para um desfile e todo o processo de montagem de um desfile, desde a saída em comboio da Cidade do Samba até o retorno após o desfile.
Há detalhes que mesmo pessoas que militam há anos no mundo das escolas de samba não tem conhecimento, como por exemplo o fato de que a minutagem da passada do samba enredo determina o tempo de apresentação da comissão de frente e do primeiro casal de mestre sala e porta bandeira nas cabines de jurados. A regra geral é cada um destes segmentos ter exatamente uma passada inteira do samba para se apresentar.
Um outro exemplo relacionado a isso é que já no planejamento do desfile deve se saber em quanto tempo a escola irá completar sua apresentação, com alguma folga para imprevistos.
Schall deu o exemplo da Portela em 2019, que estava programada para desfilar em 72 minutos, mas como o problema do abre alas em frente à primeira cabine demandou uma passada inteira do samba para ser resolvido, consumiu a margem de erro – indo para 74. Tempo da Portela no desfile oficial? 74 minutos.
Em resumo, aprendi bastante sobre o processo de confecção e especialmente organização de um desfile de escola de samba que, ainda hoje, é bastante baseado nos conceitos fordista e taylorista de “tempos e movimentos”.
O workshop deverá ter novas edições e recomendo bastante àqueles que desejam se aprofundar no processo de construção de um desfile na Sapucaí. Coloco aqui extrato, versando sobre o processo de desmontagem na concentração – o desfile a que ele se refere é Portela 2018.
Aproveitando o ensejo, fiz entrevistas exclusivas com o próprio Júnior Schall e com o Mestre de Bateria da Vila Isabel Macaco Branco, que coloco aqui.
Macaco Branco:
Júnior Schall:
Imagem: Ouro de Tolo