Sexta feira, feriadão, e uma  música bastante apropriada para o autor deste blog: “Roda Viva”, Chico Buarque de Holanda.
Escrita originalmente para a peça de mesmo nome – que enfrentou problemas com a censura vigente e, depois, com o CCC – Comando de Caça aos Comunistas – que espancou atores em São Paulo e Porto Alegre, a música foi finalista no Festival da Record de 1967.
Esta versão é a que apresento aos leitores, com o autor Chico Buarque e o MPB4. Bom feriadão.
Roda Viva
(Chico Buarque)
“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)”