Muito se falou, analisou e se ouviu após as chuvas de ontem e anteontem que assolaram a Cidade Maravilhosa. Parece claro que há uma conjunção de fatores que necessitam ser analisados.
Um ponto que pouca gente comentou e que é fundamental é a responsabilidade do ex-prefeito César Maia nesta situação. Ele foi prefeito por doze anos entre 1992 e 2008, e nos quatro anos restantes a cidade foi comandada pelo seu afilhado político Luiz Paulo Conde.
Em especial nos últimos oito anos Cesar Maia desmontou a GeoRio e os investimentos em conservação de encostas. Por outro lado a prioridade em reformas cosméticas, em especial na Zona Sul, deteriorou a infraestrutura da cidade necessária para enfrentar as chuvas. Hoje o Rio está menos preparado para enfrentar a chuva que em 1991.
Também é claro que o prefeito atual, Eduardo Paes, vem privilegiando em sua administração os bairros da Zona Sul da cidade. Aqui mesmo os leitores vem acompanhando tal preferência por parte da administração municipal.
O governador Sérgio Cabral é no mínimo leviano quando diz que a causa dos transtornos é do povo. Obviamente que não se deve construir em áreas de risco, mas lembro a meus 54 leitores que não há uma política habitacional na cidade há pelo menos trinta anos. A situação melhorou nos últimos cinco anos mas ainda muito precisa ser feito em termos de habitação, em especial para famílias de baixa renda.
Ressalvo que a ação do Governo Federal nos últimos anos vem sendo essencialmente correta. Depois de dez anos abandonado pelo governo federal o estado e a cidade vem sendo alvo de grandes investimentos na esfera federal.
Também tenho de ressaltar, como já fiz em posts anteriores, que a geografia da cidade é extremamente complicada. Locais como a Praça da Bandeira e a Leopoldina, por exemplo, ficam abaixo do nível do mar e qualquer chuva torna necessariamente estes locais um mar. Por exemplo, para resolver a questão da Praça da Bandeira seria necessário elevar todas as construções uns quatro ou cinco metros, o que seria inviável.
Embora não seja a única responsável como apontada pelo Governador, a população tem sua parcela de culpa quando joga lixo nas ruas e tira as tampas dos bueiros, por exemplo.
A quantidade anormal e absurda de chuva na última segunda feira também deve ser considerada. Eu me lembrei de uma noite há uns quinze anos atrás em que peguei água na canela na Avenida Rio Branco e levei seis horas também para chegar em Cascadura, onde morava à época. Anteontem foi ainda maior precipitação pluviométrica.
Concluindo, devo dizer que estou bastante irritado com a postura do Governador Sérgio Cabral durante esta tragédia. Além de ter demorado a aparecer, sua postura de culpar unicamente a população é de uma demagogia e covardia sem par. Sou crítico do prefeito Eduardo Paes mas desde as primeiras horas de ontem ele estava na imprensa dando a cara para bater.
A questão das chuvas na cidade sempre causará complicações devido à geografia carioca. Entretanto, uma ação coordenada dos poderes públicos pode mitigar bastante os problemas derivados das enchentes.
Tenho certeza que não foi essa a intenção. Cabral está nervoso, aliás, todos nós estamos nervosos com esses acontecimentos.
Prezado Anônimo, pode até ser. Mas não gostei nada das declarações do nosso Governador.
Ao que posso depreender de seu comentário, parece ser alguém do círculo do governador.
abs e seja bem vindo