Mais um dia de chuva na cidade. Depois do caos de ontem, transtornos para se chegar ao trabalho.
Tenho o hábito de comprar o jornal no sinal que fica na descida da Leopoldina, acesso da Linha Vermelha para a avenida Francisco Bicalho. Para quem não é aqui do Rio, fica perto da Rodoviária carioca.
Na verdade, compro mais o jornal para a Daniele, porque sou assinante do Lance e durante a semana praticamente só leio este. Mas ela gosta de ler O Dia.
Compro sempre com o mesmo vendedor, um jovem rapaz que sempre me atende com um sorriso. Como ele já conhece o meu carro, fica até mais fácil. Eu procuro facilitar o troco tendo sempre dinheiro trocado em mãos.
Hoje eu desci a alça de acesso à Francisco Bicalho debaixo de uma chuva torrencial. Imaginei muito justamente que não teria como comprar o exemplar tendo em vista o toró que caía.
Enganei-me redondamente. Lá estava ele, guarda chuva em uma mão e jornais – inacreditavelmente secos – na outra. Perguntei-lhe sobre a chuva e a resposta foi definitiva: “tenho de defender o meu”. Sempre com um sorriso nos lábios. Vendeu-me o jornal e ainda desejou um bom feriadão. Como de hábito, desejei-lhe um bom trabalho – sempre é bom sermos corteses e bondosos com aqueles que nos atendem.
Sinceramente, não gostaria de estar na pele dele. Ando em uma fase muito complicada no trabalho, com problemas dos mais variados, mas sem dúvida alguma tenho de agradecer pelo que tenho. Sei que muita gente gostaria de estar no meu lugar, assim como eu gostaria de, por exemplo, de estar no lugar do Emerson (ex-Flamengo) que ganhou dois Audis novos em folha do sheik dono do time dele… (foto abaixo)
Isso é inerente ao ser humano: a capacidade de sempre querer evoluir, progredir, melhorar. Contudo, não podemos reclamar do que temos, nem zombar daqueles que exercem tarefas braçais. Não existem trabalhos mais ou menos nobres. Todos são importantes e necessários para a nossa vida.
Por outro lado, não podemos reclamar em demasia. Sempre poderia ser pior, por um lado, e a vida é muito curta para a desperdiçarmos em condutas que, decididamente, não valem a pena. Minha vida é muito boa, nossa vida é muito boa. Está certo que há fases absolutamente chatas, mas faz parte do show.
O jovem vendedor de jornal, embaixo de chuva, me deu uma grande lição hoje.
Foto: Globoesporte.com