Uma das coisas boas deste final de semana foi que consegui dar uma adiantada boa na leitura. Portanto, esta semana a seção “Resenha Literária” do blog ganhará um bom acréscimo, depois de mais de um mês parada por absoluta falta de tempo para ler. 

Começo com uma leitura que já vinha se arrastando há algum tempo e que, finalmente, concluí: “Lula, o filho do Brasil”, de Denise Paraná.

O exemplar é uma costura de diversos depoimentos a fim de recuperar a memória da vida do presidente até a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Mostra a infância, adolescência e tempos adultos, a relação com a família, o período no sindicato – é bem elucidativo neste aspecto – a pobreza extrema e a formação familiar.

Na conclusão apresenta algumas teses sociológicas para explicar a trajetória de retirante nordestino a presidente. Sinceramente, achei dispensável, era melhor ficar apenas com os depoimentos. 

As entrevistas deixam claro que o Presidente Lula pode ser tudo na vida, menos duas coisas: vagabundo e burro. Com oito anos já vendia amendoim na rua para poder descolar uns trocados e ajudar a família extremamente pobre. Por outro lado, mostra uma rotina de trabalho em sindicato naquela época que não deveria ser brincadeira. Ainda mais em tempos de repressão e ditadura. 

Solidifica também a percepção sobre a formação familiar do presidente, calcada muito mais na figura da mãe que do pai – que largou duas vezes a família. Mostra a morte da primeira esposa e, simultaneamente, do primeiro filho, a tortura do irmão e o episódio de sua prisão.

Outro aspecto muito interessante que a autora destrincha é a extrema ahabilidade política, precocemente desenvolvida; em especial em momentos de grande tensão política. Os relatos sobre as greves de metalúrgicos de 1979/80 são bem produtivos para entendermos certos fenômenos atuais.

Todas as entrevistas que compõem o livro foram realizadas entre 1993 e 1994, de modo que não pega o período como presidente. Chega a ser engraçado porque, em alguns relatos, há assertivas do tipo “se ele chegar a Presidente”. O escopo do exemplar é retratar a história até a fundação do PT.

Em que pese a parte final do livro, absolutamente dispensável, é fundamental para entender a origem, a formação e, de certa forma, as políticas desenvolvidas pelo governo. Recomendo.

10 Replies to “Resenha Literária – "Lula, o filho do Brasil"”

  1. LuLa não é burro, muito pelo contrário…
    O que nos passa é que ele como dirigente sindical, não consegue se desvencilhar dessa corja que é o PT, ou melhor: dessa quadrilha que virou o PT após assumir a presidência.
    Mas há que se louvar a sua insistência política que o levou à presidência.
    Não votei nele e continuo a não votar!!!!
    Abs, nobre Rubro Negro!!!!

  2. Robi, eu resenho todos os livros que leio aqui. Calhou de ser esse desta vez.

    Tem mais duas resenhar para escrever, uma sobre um livro de futebol e outra, sobre Ataulfo Alves.

    Tarcísio, acho a oposição ainda pior. Mas você entendeu o espírito do post.

  3. Boa tarde/noite para todos.

    Eu não votei no Lula, para as pessoas que eu conheço e que votaram, já não o farão em virtude
    das suas últimas alianças políticas, com o Sarney, Renan e Collor, além do caso do mensalão, para estes eleitores, o LULA é o operário que poderia ter sido um grande presidente.

    Quanto a ser trabalhador e não ser burro, e ainda acrescento, ser de origem humilde e vencedor, o Brasil está cheio de ótimos exemplos, sem ter a pexa de pacto com o diabo!

    Um abração para todos.

    STSF Olavo

  4. Olavo, como escrevi outras vezes, infelizmente sem alianças não se governa este país.

    E a insatisfação com ele está restrita a parcelas da classe média, amplificadas pela imprensa golpista.

    Com a economia do jeito que está, deve fazer o sucessor.

    e valeu por finalmente comentar aqui ! alvíssaras !

  5. Migão, prazer foi o meu em comentar aqui!

    Tenho acompanhado o blog lendo alguns posts, pois dependo um pouco de tempo,
    mas você está de parabéns, suas considerações
    são muito boas!

    Um abração.

    STSF Olavo

  6. A raiz da direita no Brasil, mesmo passado os 500 anos, ainda existe, visto que temos mentalidades que pobre não pode dirigir uma nação. Lamentável. Uma pessoa ser pobre, não quer dizer que a mesma é incompetente. O projeto educacional no Brasil, foi idealizada para que os filhos dos ricos conseguisse o conhecimento, e assim, continuar governando a nação. Como sociologo, penso que com a transição de um governo neo liberal, para um governo de bem estar social com o desenvolvimento econômico levado pelo governo do presidente lula, demonstra a estratégia política traçada, para não aflorar a raiva da direita, mesmo que em 2005 ainda tentaram tira-lo da política com o suposto mensalão. Mais a rais desse novo modelo de governo, está sendo firmado e reconhecido pelo povo. O único governo que conseguiu transferir renda aos pobres, bem como gerar emprego, para que podesem sair do vício do clientelismo dos governos anteriores.

  7. tambem nao votei no lula mas ele merece esta na presidencia sua vida foi muito sofrida e ele conquistou isso com raça parabens….

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