
A meu juízo, este modelo eleitoral é extremamente instável e facilita a formação de conchavos no Poder Legislativo.
Por quê ? Simples. Como o voto não é vinculado, normalmente se elege uma chapa majoritária sem o necessário respaldo no Legislativo. O PMDB, que é o maior partido no Congresso, por exemplo, se acostomou a ser o fiel da balança do Executivo. Normalmente ele não lança candidatos a Presidência, mas mantém o Presidente como “refém”.
As pessoas e a imprensa politiqueira reclamam da aproximação do Presidente Lula com figuras como Sarney, Collor e Renan Calheiros, por exemplo, mas esquecem-se que os pilares do ex-presidente FHC eram o tão abjeto quanto Antônio Carlos Magalhães e o deputado Michel Temer, entre outros. O PSDB se aliou a parte do PMDB e às oligarquias nordestinas abrigadas no PFL para conseguir governar.
O ex-presidente está errado ? Não. Lula está errado ? Também não. Na prática, a diferença entre um e outro, neste aspecto, são apenas os nomes. Que fique claro: apenas neste aspecto.
Infelizmente, ou você se compõe com estas figuras ou não consegue governar.
Outra grande diferença é o papel da grande imprensa, que afetada no bolso optou por abraçar as teses econômicas conservadoras e americanófilas de PSDB/PFL. Por quê ? Porque o governo federal descentralizou as verbas de publicidade, causando perdas financeiras a estas instituições.
Voltando ao nosso escopo: a um Legislativo extremamemente fragmentado, some-se o modelo eleitoral brasileiro, que acaba condicionando o voto na pessoa e não na idéia. Com isso, o deputado, vereador ou senador acaba tendo uma postura paroquial a fim de poder se reeleger. Mais importante a obra em seu espaço eleitoral que o debate das grandes questões do país.
Traduzindo, um modelo eleitoral personalista somado a uma composição congressual esfacelada e que impede ao equilíbrio leva o Poder Executivo a ter de fazer concessões para governar. Vem sendo assim, pelo menos, desde a redemocratização.
Hoje Sarney é a crise, assim como o foram ontem ACM, Renan Calheiros, Jader Barbalho e outros. Entretanto, enquanto não houver uma reforma política que dê sustentação ao Congresso e altere o modelo de negociação política, vamos continuar assim: o paroquial à frente do que é realmente importante.
E abrem-se as portas da corrupção. Todavia, isto é outra história.
O recente episódio envolvendo o Senador Mercadante é um bom exemplo disso. Excelente matéria da Carta Capital desta semana mostra que ele foi “boi de piranha” de um grande acordo entre o PMDB e o PSDB. Porque este último defende a moralidade, mas só se for para os outros. A si mesmo não vale.
Portanto, aos defensores da moralidade alheia, um alerta: se a oposição estivesse no poder estaria fazendo igualzinho, ou até pior. Haja visto os Anos FHC, de triste memória…
Outra coisa que precisa ser lembrada, e que foi explorada de forma brilhante em texto do jornalista Rodrigo Vianna: Lula sabe que para governar e vencer as eleições, precisa ter o PMDB do lado, repetindo as alianças de Vargas e JK.
Por outro lado, a oposição se dedica a criar factóides, porque o governo tomou todas as principais bandeiras: política social, economia em crescimento, expansão industrial, descobertas petrolíferas. Joga pesado, principalmente através da grande imprensa. O jornalista Luis Nassif publicou uma série de quatro textos, domingo, muito bons para se entender esta questão.
Não esgoto o assunto aqui, e voltarei ao tema proximamente. Tenham certeza de uma coisa, entretanto: efeitos não são causas.
Parei na Carta Capital, uma pessoa que se diz ou pelo menos tenta passar uma opinião isenta não pode se basear em Carta Capital. Folhetim meia-boca financiada pelo governo. TA DE SACANAGEM Migão!!!!
Cara, o problema é que não existe nehuma revista semanal isenta. Ou você vai me dizer que lê a Veja ?
Em relação a Carta Capital eu vou citar Raulzito “Mentir sozinho eu sou capaz…”
Migão qualquer coisa é melhor q esse folhetim do governo, qualquer coisa. Mercadante boi de piranha kkkkkkkk ta de sacanagem
Abraços
Pelo menos os caras assumem que têm lado, não fazem a linha escrota da veja.
A Época desta semana, segundo soube, veio com uma matéria parecida.
p.s. – espero seu pitaco no post sobre cervejas
Falou o ponto: “Não existe nenhuma revista semanal isenta”. E acrescento jornais e quaisquer veículos de mídia (televisão e rádio) também. Afinal com as verbas de publicidade espalhadas por aí, surge um interesse muito grande por elas… E agradar o cliente pode ser uma ótima maneira de atrair publicidade… Ou a paz da Globo com o Lula no primeiro ano de governo pode ser explicada pelo quê?
Assim como a guerra da mesma com o Lula atualmente vem muito pela descentralização das verbas publicitárias.
José Serra comprou nada menos que 7 mil assinaturas da Revista Veja para as escolas de São Paulo.
p.s. – por que a grande imprensa não noticia a situação da Yeda Crusius no RS, onde a roubalheira e a corrupção são muito mais explícitas ? Ah, ela é tucana…