Da porta do prédio até um dos acessos do São Carlos não chega a um quilômetro. Da minha baia, que é na janela e de frente para as favelas citadas, deve dar uns três ou quatro quilômetros de distância em linha reta.
Faço esta introdução para reportar que assistimos de camarote à operação policial nos morros citados na manhã de ontem. Não se ouvia o barulho dos tiros devido à blindagem dos vidros, mas assistimos a toda a movimentação dos helicópteros e às tentativas de fuga e respostas dos traficantes embaixo. Também vimos as balas traçantes que tentaram atingir um dos helicópteros.
O curioso é que juntou uma turma junto à minha baia para observar os acontecimentos. Vibravam como se fosse um filme de John Wayne. Tentavam antecipar os movimentos e debatiam estaratégias.
Chega a ser engraçada, uma nervosa graça, esta naturalidade com que nós cariocas enfrentamos e vemos estas operações. Já se integrou à paisagem da Cidade Maravilhosa, fruto de uma política de segurança claramente equivocada que se vem adotando nos últimos anos, de extermínio indiscriminado e repressão sem atuação social e de inteligência.
Obviamente que à distância, tendemos a considerar tudo uma grande brincadeira de “polícia e ladrão”, tal como fazia na minha infância.
Se bem que, pensando bem, esta brincadeira está meia datada, porque, hoje, é tudo a mesma coisa, ou quase isso…
(Foto: Extra)
Começando da sua última frase (…hoje, é tudo a mesma coisa,…) e juntando a sua defesa ao Lula queria colocar um comentário.
As pessoas desenvolvem meios incríveis para se defender da própria percepção.
Acreditar que a polícia vai prender os bandidos por que esta é a sua função.
Acreditar que a função do juiz é fazer justiça.
O problema de se ganhar uma percepção maior do mundo (por experiência, por inteligência, por perda da ingenuidade, ou por todos esses motivos) é o de ver que não há interesse algum em que mude ou que funcione. O importante é estar bem a qualquer custo, mesmo que se passe por cima de tudo.
No caso da segurança pública há 2 grupos teóricos: os que acreditam que o problema está em repressão, porque a índole do ser humano é essa e ele tende a tomar e desejar tudo para si; e que o problema é social, porque se tivessem oportunidades não estariam naquele mundo.
Ambos estão errados, se olhados isoladamente. Porque há aqueles com todas as oportunidades possíveis, mas ainda assim preferem ser criminosos ou aqueles que mesmo diante de toda a pobreza, não irão roubar ou ainda, aqueles que independentemente da repressão, das provas, das circunstâncias, continuarão a cometer crimes.
Onde o Lula entra? Ontem, em mais um espetáculo no nosso Circus Brasiliensis o Senado enterrou as acusações contra Sarney e contra Virgílio. Com ordem de Dom Inácio Corleone.
Sabemos que para governar é preciso o apoio do PMDB e outros fisiológicos. Mas para criar um projeto de eleição, Lula demonstra não ter qualquer pudor. Seus irmãos pedem abertamente dinheiros a empresários, seu filho cria uma empresa de US$ 1 milhão e vende a US$ 5 milhões em pouquíssimo tempo (e não é nenhum Google para vender a esse preço…) e joga até as idéias às traças.
Por mais que programas como o Bolsa Família (aperfeiçoado, mas não criado por ele) sejam de grande auxílio, o que ocorre é que Lula hoje é o coronel do país. E passa por cima do que for necessário (você, inclusive, como passou por cima da “conciliação” do PT) para garantir a sua parte nas benesses do poder.
Esse tipo de gente é capaz até de matar para continuar com seus benefícios.
Os outros (a oposição) não têm o mesmo objetivo. Sim. Não são capazes disso? Sim. Estamos cercados e perdidos sem nenhuma opção? Sim. O que fazer?
Minha opção: escolher alguém que eu ache que possa ser um bom administrador, porque ladrão, eu sei que ele será. O que o Lula não é, de forma alguma. Administrador no governo dele é o Henrique Meirelles (a raposa tomando conta do galinheiro). Por mais que não gostemos dele ou que ele possa ser lento em suas medidas, é o administrador do Governo e que dá credibilidade a ele.
Falta muito pouco para eu perder a fé definitivamente no ser humano. O pouco que me resta ainda acha que poderíamos ser um país responsável. Mas para isso precisamos de uma refundação. Começar alguns pontos de novo. No caso da segurança, infelizmente envolve perder vidas. Só que eles estão caçando as erradas. As certas, eles sabem onde estão. Têm endereço certo, comida e roupa lavada. Além de outras benesses como telefone celular concedidas por aqueles que deveriam cuidar de nos proteger deles… Para mim, mais bandidos que os próprios bandidos. Outros têm jeton, carro e gasolina pagas com nosso dinheiro. Mas nem por isso, contentam-se com tamanho benefício.
Bruno, se você vem lendo os meus posts sobre polícia e sobre política, verá que tenho uma posição extremamente crítica em relação aos dois assuntos.
Sobre Lula, penso que o governo dele não chega nem pertto do que gostaria, mas, se pegarmos os números frios, não é um governo ruim.
Sobre corrupção, não penso que este governo rouba mais ou menos que outros. A diferença é que o atual tem uma oposição da grande imprensa como nunca antes se viu. O grau de radicalização é semelhante à 1954/64.
e vamos à rabada ! (risos)
Migão quem é esse governo pra falar de radicalização? Tudo que eles mais fizeram na vida enquanto oposição foi radicalizar né?
Mas Robi, a grande imprensa no Brasil, hoje, está com o papel totalmente deturpado.