Lula e o preconceito

Na última resenha literária deste blog, anunciei que a próxima leitura que faria seria a biografia – na verdade, uma série de entrevistas dele, de familiares e de pessoas importantes em sua formação – do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em verdade, ainda não terminei o livro. Acho que não li nem 20% dele.

Porém, o que eu já li deixa claro como a sociedade brasileira é preconceituosa.

O Presidente Lula sempre foi acusado de “ser um vagabundo”. Agora, uma coisa que pergunto e que a parte inicial do livro deixa clara: como pode “não gostar de trabalhar” uma pessoa que catava lenha pra vender, vendia amendoim e doces com oito anos de idade, fez o ginásio profissionalizante no Senai, passa dez anos no “chão de fábrica”, perde um dedo na prensa – mas não se aposenta por invalidez – e entra para o sindicato para cuidar das funções administrativas ?

Respeito quem discorda da política econômica ou da condução do presidente no jogo político. Também tenho minhas ressalvas, embora pense que, apesar dos pesares, ele está fazendo um bom governo. E as alternativas, em especial em termos de políticas econômica e social, são muito piores.

Agora, o que não dá para se dizer é que ele não gostava de trabalhar ou que seja burro. Olhando retrospectivamente a trajetória dele, a família que ele tinha, os anos de estudo que ele teve podem ser considerados fruto de um grande esforço. O normal seria ele ser, no máximo, alfabetizado.

Um cara que sai de retirante nordestino a Presidente da República pode ser acusado de qualquer coisa, menos de vagabundo ou burro.

Penso que esta imagem é basicamente forma de preconceito pelo fato de sua origem não estar nas classes médias ou altas urbanas, ou na Academia. O ser humano tem a tendência de rejeitar aqueles que não são “um dos seus”, em especial se há alguma deficiência de formação.

Preconceito puro.

Aliás, em tempo: o brasileiro deveria dar mais valor àqueles que vencem na vida e superam situações adversas. Contudo, quando se observa um exemplo destes, a tendência é se desqualificar o esforço empreendido, quando se deveria olhar com admiração e como um exemplo.

P.S. – Aos meus leitores que se interessarem pelo livro, na Saraiva está R$ 32.