
Longe de fazer análises técnicas sobre as operações policiais e sua eficácia, queria chamar a atenção para o fato de que, cada vez mais, o favelado, morador de comunidade, é visto como um inimigo por parte do Estado.
As comunidades, as favelas, são vistas como fator de desestabilização social que precisam ser contidas ou exterminadas. Removê-las seria o ideal, queimá-las no ‘microondas’, melhor ainda. Como estas não são “soluções” previstas e aceitas, recorre-se à força policial indiscriminada.
Marginal se prende em trabalho de inteligência, não subindo o morro e matando a três por dois, na maioria de casos pessoas sem antecedentes criminais. Caveirão é política do confronto e do extermínio.
O confronto deve ser a última solução para a dissuasão de práticas criminosas.
Como já afirmei em outras ocasiões, o problema da violência só se fará equacionado a hora em que o Estado estiver na comunidade não somente através da Polícia, mas também com Saúde, Educação, Saneamento e, especialmente, Emprego. Sem isso, é “enxugar gelo”, praticar extermínio e tapar o sol com a peneira.
Ajuda muito, destarte, uma limpeza na Polícia, deixando nela realmente quem tem vocação e expurgando quem está na corporação com outros tipos de interesses.
Também não adianta remover favelas. Precisamos lembrar-nos que elas estão ali muito por conveniência do pessoal do asfalto que contrata a sua mão de obra, desde o início do século passado. Fica mais perto do trabalho e o patrão não precisa pagar a passagem…
Remover somente vai satisfazer à “dondocada” do Leblon e adjacências, sem atacar o problema maior. Outra coisa: onde realocar estas favelas ?
Parece uma melhor solução retomar o controle das comunidades pelo Estado e permitir a geração de infraestrutura adequada, transformando-as em bairros com um mínimo de condições de vida. Impor a primazia da lei oficial, não da oficiosa.
Sinceramente, cada vez mais acho equivocadas as políticas de segurança pública e de ocupação do espaço urbano aqui do Rio de Janeiro.
O problema é que essa política errada começou lá atrás, durante a ditadura e se agravou a partir do governo Brizola. Favela não era pra existir, não pq afronta as dondocas do Leblon (acho que pra elas, é ate melhor q exista favela, pq enquanto elas vão ao salão de beleza chique, a favelada esta isolada no morro), mas pq tse trata de questão de saúde pública, saneamento básico e alta dor-de-cabeça pra defesa civil: sempre que cai uma chuva de mais de 30 minutos, desabamentos ocorrem aonde? Nos morros…
Eu acho q a favela tem q acabar. Mas antes, os governos tem que expandir o Rio rumo a zona oeste (areas desabitadas) e o mais importante: criar condições de saúde, moradia, emprego e diversão para essas comunidades nos novos espaços.
Um outro problema da favela atualmente é que os chefões do tráfico utilizam-na como esconderijo, diante das dificuldades que a policia tem em subir o morro. É como se Bin Laden resolvesse se esconder nas vielas ingremes do Afeganistão.
Pq a favela nao acaba – e só cresce? Pq nao interessa aos políticos que aí estao perder seus nichos de voto. E tampouco ao tráfico… e tampouco às milícias.
Um outro ponto que quero tocar é decorrente das favelas: diariamente, nos horarios de rush, varios vendedores ambulantes se avolumam na Linha Vermelha, vendendo seus “produtos”. A principio nada contra eles (podiam estar roubando, estao ali, honestamente). Mas… numa via expressa como a Linha Vermelha, não pode ne? Pode ter acidente, atropelamento.. alem disso, contribui ainda mais pro congestionamento (o cara compra biscoito “grobo”, não tem troco pra 10 reais aí já viu).
Pior que a cada dia cresce o movimento dos ambulantes.. ja vi dois ali no viaduto de são cristóvão (qualquer dia estao na Lagoa)…
Cara, os ambulantes são um mal menor, onde eles estão, não tem assalto.
sobre os outros pontos, comento mais tarde.