
Basicamente, existem três modelos de exploração dos campos de petróleo hoje em dia no mundo:
1) Monopólio: existente em vários dos grandes produtores (Arábia Saudita, Irã, Venezuela, México), onde o Estado detém o monopólio da extração e do refino do petróleo. Normalmente, há uma empresa estatal que é a operadora deste monopólio.
À guisa de exemplo, a Saudi Aramco, a maior empresa de petróleo do mundo, é a estatal da Arábia Saudita, país que detém as maiores reservas provadas do mundo.
2) Contratos de Concessão: modelo adotado no Brasil atualmente, é utilizado em países que não sejam exportadores expressivos de petróleo. Leiloam-se áreas de exploração (os “blocos), e as empresas vencedoras ganham o direito de explorar aquela área por determinado período.
Se não encontrarem petróleo ou gás natural, podem devolver as áreas, mas não recuperam o investimento. Caso encontrem, possuem a propriedade do óleo e do gás encontrados, pagando ao Estado as taxas determinadas.
No Brasil, hoje, o modelo é este. As empresas concessionárias pagam royalties às cidades pelo uso do território das mesmas e a “Participação Especial”, que pode ser definida como um “pedágio” pago pela empresa para poder vender livremente o óleo prospectado, encontrado e extraído.
3) Partilha de Produção: utilizado em países exportadores como a Noruega e a Bolívia, é o seguinte: o Estado contrata – através de licitação ou não – empresas para explorar e extrair óleo e gás a seu serviço, e remunera a operadora através de percentagem do petróleo extraído. A área prospectada não pertence às empresas, que, na prática, prestam um serviço ao Estado e são remunerados em petróleo por este.
Com as descobertas do pré sal, faz-se necessário mudar o atual marco regulatório brasileiro. Por quê ?
Porque somente com as descobertas já anunciadas, o Brasil muda totalmente de patamar na geopolítica do petróleo, pois passa de auto suficiente para um potencial exportador. Além disso, a decisão sobre a utilização ou não das reservas passa a ser política de Estado outra vez.
Outro ponto que deve ser considerado é a taxa de sucesso de praticamente 100% encontrada na perfuração dos poços na camada pré sal. Normalmente, a cada dez poços furados se acha óleo em, no máximo, quatro.
Vem se falando na criação de uma empresa nova, estatal, para administrar as reservas brasileiras. Seguiria o modelo da Noruega, onde a Statoil, empresa de economia mista, é a operadora dos campos, sozinha ou em parcerias, mas existe a Petoro unicamente para administrar as reservas.
Outro ponto importante é a participação da Petrobras no processo. Existe a possibilidade de a empresa ser “contratada” para operar os campos novos, por ser uma empresa de economia mista e por ser a líder tecnológica nas condições extremamente inóspitas de exploração em águas ultra-profundas.
Outra corrente defende o aumento da participação do Estado na empresa, tornando desnecessária a criação de uma nova empresa estatal. A Petrobras seria a fiel depositária e a operadora destes campos.
Setores da oposição parlamentar e da imprensa advogam a manutenção do sistema atual de parceria, com a proibição da atuação da Petrobras nas novas áreas e ampliação da presença transnacional na exploração de petróleo. Este seria transformado em pura “commodity”, com o Estado renunciando ao papel geopolítico de deter grandes reservas de óleo e gás.
No modelo de partilha de produção, o Estado fica com a maior parte da mesma. Daí, poderemos ter três formas de operação:
1) O Estado remunera com parte da renda do petróleo a empresa contratada;
2) Uma empresa, estatal, é determinada como operadora destas reservas;
3) Um modelo misto, formam-se consórcios, mas com a empresa operadora dos campos determinada pelo Estado;
Outro fator que precisa ser levado em consideração é o reembolso à Petrobras dos investimentos feitos no desenvolvimento da tecnologia adequada à perfuração (campos de sete quilômetros de profundidade, incluindo uns dois de sal, este em forma líquida devido à absurda pressão) e à pesquisa destes campos.
Parece mais ou menos claro que, mesmo que a empresa não seja determinada como operadora do Estado, seja reembolsada através da entrega de áreas sem licitação – que, neste modelo de partilha, é opcional.
Não arrisco indicar o modelo que o governo adotará, mas pessoalmente acredito que a Petrobras, através de um aumento de capital, estaria perfeitamente apta a desenvolver o papel de guardiã destas reservas e destes campos petrolíferos. A empresa é de controle estatal, tem tecnologia, tem acesso a crédito e pessoal qualificado.
Quanto ao modelo, acredito que é necessária a mudança para o modelo de partilha de produção. Todos os países exportadores não-monopólios procedem assim, pois contempla o papel geopolítico do óleo e do gás no tabuleiro internacional. Até porque não se sabe quanto de óleo há nas áreas não prospectadas.
Lógico que não esgoto o tema neste texto, mas já dá uma boa noção dos interesses que o tema envolve. E explica a CPI da Petrobras…
(Foto: Petrobras)
Se realmente houver essa capacidade de produção da camada pré sal, a Petrobrás vai ser pelo menso uma das treis maiores produtoras/extratoras de Petróleo…
Hummmmmmmm!!!!!!!
Será que o LuLa e sua troupe ainda vão estar no poder?????
Migão agora sério, me parece pelo que eu li a respeito, para extração desse petróleo do pré sal, será necessário um investimento absurdo que hoje a Petrobrás não possui…
Será verdade???
Abs
acabei de lhe enviar mais um email com uma matéria da carta capital sobre o assunto,a chapa vai esquentar meu amigo,tres trilhoes de reais é muita grana,um abraço,saudações rubro-negras,ronaldo.
Tarcísio, infelizmente muita coisa eu não posso falar, mas seu chute não parece tão chute assim não.
Mas procure ver o que já foi anunciado de reserva e extrapole para o total da área.
Quanto à questão financeira, não parece ser o maior problema, porque este desembolso é ao longo do tempo.
Ronaldo, já tinha visto a matéria. obrigado
Acabei de perder um comentário…:-(
vamos lá, de novo:
Oi Migão!
.
Ainda acho que o problema maior está por vir, principalmente quando forem discutir este novo modelo de concessão, se é que terá um novo modelo.
Se não estou enganada, o governo anterior já queria mudar este esquema de leilão, ou não?
Outra coisa, o TCU afirma não ter aprovado o que exatamente? quais tipos de contas?
E se vc, que atua lá dentro diz que seria necessário um novo modelo de partilha, imagine para o governo que está(rá) no poder quando este lucro todo começar a jorrar da bacia?
Aí, acho eu, que pra evitar um comportamento populista,seria necessário tornar sim a empresa menos estatal.
Outra coisa,esta matéria da carta capital está disponível no site?
Li, achei muito bom, levanta uma bola excelente. Não formei opinião sobre o melhor modelo, mas três coisas têm que ser salvaguardadas:
1 – A soberania nacional, inclusive e principalmente a possibilidade de tomada de decisões estratégicas quanto às reservas e seu uso. Com os novos campos, o Brasil passa a ter a dobradinha àgua potável+energia disponível, o que coloca o País numa posição privilegiada nas próximas décadas.
2 – O direito da Petrobrás, na posição de instituição de direito privado, e desenvolvedora das pesquisas e tecnologias necessárias para a descoberta e exploração das áreas.
3 – A competitividade econômica do País, principalmente em se levando em conta a utilização política das estruturas do Estado.
A meu ver, uma das opções possíveis – e nunca colocada à mesa – é um novo modelo societário/gerencial para a Petrobrás, blindando-a do Estado. Mais ou menos como a gente discute para o Flamengo. (rsrsrsrsr)
Se você permitir, gostaria de postar seu texto (com créditos, claro) para amigos meus.
Affonso Romero
Affonso, é claro que pode postar. Deve. Só peço para colocar junto o endereço do blog.
Quanto às suas ponderações, a única ressalva que eu faço é de que o petróleo é política de Estado em todos os detentores de grandes reservas. Portanto, a Petrobras não pode se dissociar de política de Estado. Fica meio difícil blindá-la, a partir do momento em que é a administradora da riqueza nacional.
Agora, por incrível quanto pareça a ingerência política na empresa diminuiu muito nos últimos anos.
Tati, eu acabei não escrevendo isso, mas a legislação também vai prever o destino dos recursos. Vai blindar também o uso político dos mesmos.
De uma coisa vocês podem ter certeza: petróleo é questão de Estado. Não dá para dissociar das empresas. Dissociar é entregar ao capital estrangeiro, entregando soberania.
Quanto ao TCU, abafa o caso. Mas diria, por alto, que eles procuram chifre em cabeça de galinha.
E quanto à ingerência política, imagino que possa mesmo ter diminuído, apesar do oba-oba da imprensa e da oposição em contrário. Eu trabalho numa empresa estatal num governo tucano, sei bem que estas coisas são universais.
O que eu dizia sobre blindagem, vale menos para o aspecto estratégico (que tem mais é que ser político mesmo, no sentido correto da expressão) e mais para a política pequena, do empreguismo, do contrato viciado, estas coisas. É varejinho, mas somando tudo dá um impacto fodido na competitividade de uma empresa (novamente, vide Flamengo). E como a Petrobrás é muito importante na economia brasileira, impacta na competitividade nacional.
Na minha época de petroleiro, havia (já) um conceito desenvolvido de gestão por delegação e resultados, com regras que liberassem a empresa da influência cotidiana de Brasília, deixando o dia-a-dia para a gerência técnica formada dentro da empresa. É meio utópico, mas deveria ser aprimorado e apresentado á sociedade como opção para algumas empresas e serviços do Estado.
Affonso Romero
Cara, eu lido com contratação de serviços aqui. Você não tem idéia dos controles que temos. Empreguismo também não ocorre porque é via concurso.
Só para dar um exemplo, o Diretor de E&P, apesar de indicação política, é um geólogo respeitadíssimo, com 30 anos de companhia.
Outra coisa ? Compare o lucro ano passado e o de 2002, último ano tucano lá.
Quanto ao seu último parágrafo, de certa forma já ocorre isso na Cia.
Observados o tamanho e o poder das duas empresas, a declaração de Morais é um despautério. As receitas da estatal mineira são hoje uma fração do faturamento da Petrobras, de 215,5 bilhões de reais no ano passado. O lucro, de 3,3 bilhões de reais em 2008, é um décimo do lucro da petrolífera, de 33 bilhões. O plano de investir 3 bilhões de reais até 2012 pode ser considerado tímido diante da previsão da Petrobras de aplicar 174 bilhões de dólares no mesmo período para explorar o pré-sal. Mas, guardadas todas as devidas proporções, há, sim, muitas semelhanças entre as duas. Assim como a Petrobras, que, sozinha, é a campeã em pagamento de impostos no Brasil, a Cemig é a maior arrecadadora de Minas.
tomei a liberdade de copiar e colar parte de uma matéria da revista exame para conhecimento de todos,a matéria como um todo está neste link e trata sobre a CEMIG,a menina dos olhos do governo aécio,abraços.
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0949/negocios/petrobras-aecio-489412.html
Ronaldo, tem outra diferença: os tucanos ODEIAM a Petrobras. O pesoal aqui conta histórias do arco da velha.
as eleições de 2010 serão decisivas, a meu ver, para o futuro do pré sal e da própria Petrobras.