Leio sobre a troca de comando na Polícia Militar do Rio, ocorrida após a denúncia de que 30 policiais foram alvo por parte do Ministério Público.

A impressão que eu tenho é de que o objetivo é reforçar os laços corporativos da instituição, haja visto a fama de “X-9” do comandante anterior. Talvez proteger os assassinos que, a pretexto de responder à sociedade, escolhem inocentes a esmo e metralham. Cerca de oitenta por cento dos mortos pela PM aqui no Rio não têm qualquer ficha judicial, nem na polícia.

Em seu brilhante livro sobre a Policia paulista, o jornalista Caco Barcelos esmiúça bem este mecanismo: as rondas escolhiam a esmo dois, três e matavam para dar satisfação à classe média “horrorizada”.

Aqui no Rio, isso tem um nome: “auto de resistência”. Não se prende mais ninguém: mata-se. Com o beneplácito superior.

Esta “política de segurança”, que eu chamaria de “enxugar gelo”, é calcada em uma palavra: extermínio. Enquanto o Estado só se fizer presente nas comunidades através da Polícia e do Caveirão, sem oferecer saúde, educação e especialmente emprego, não vai adiantar nada.

Pior: o policiamento das ruas e a investigação, função das polícias, estão em décimo plano. Mas os batalhões disputam quem mata mais, quem extorque mais, quem tem a Milícia mais poderosa e quem fica mais rico. Institucionalizou-se a “Polícia Mineira”, esta é a verdade.

Foi sintomático o pedido de baixa do Coronel Paulo Cesar Lopes. Sinal de que ele não compactua com o que vem por aí.

Oremos. E pensar que a minha Portela tinha entre suas opções de enredo uma homenagem a isso aí… Mas é assunto para outro post.

(Foto: O Dia)

P.S. – O que fazia uma patrulha da PM ontem (terça), às 22 horas, parada em frente à Quinta da Boa Vista conversando com prostitutas ? Ninguém me contou, eu vi, voltando do hospital. Prendendo as moças é que não estavam.