Mercadão de Madureira
“Sábado de manhã, Mercadão de Madureira. Um dos maiores centros populares de comércio carioca, ainda antes do incêndio e de sua posterior reforma.
Sentados em um dos bares do local, conversavam o vovozinho e a sua namorada, uns trinta anos mais jovem. Nosso herói vinha dando muito “trabalho” aos filhos ultimamente, com as suas aventuras e o esforço para que a vovó, com fama de brava, não soubesse.
Conversinha pra cá, beijinho pra lá, e eis que… surge a vovozinha caminhando enfurecida na direção deles !
“Meu Deus, fomos caguetados!”, grita o nosso amigo.
Entretanto, não daria tempo para nada. Enfurecida, sua esposa chega à mesa que o casal ocupava e, com uma raiva descomunal, empurra a mesa com toda a força no chão. Nem parecia uma senhora com seus setenta e poucos anos bem vividos.
Ato contínuo, a senhorinha discretamente se evade do local, entretanto nosso personagem não teria a mesma sorte. É pego pela orelha e arrastado literalmente até o táxi, que já esperava pelos pombinhos a arrulhar.
Sem dizer uma palavra, ela o soca dentro do automóvel e pede ao motorista: “toca esta joça”. Vai do Mercadão até o pequeno apartamento onde eles residiam cantando uma afinadíssima sinfonia de palavrões. Maria Callas não faria melhor.
No pequeno apartamento, o clima era de tribunal de júri. Os filhos e os netos já o esperavam para ver o que iria acontecer. Os filhos revoltados, e os netos a rir da traquinagem do avô.
Ao chegar em casa, o avô rapidamente se trancou no quarto. Sua senhora pegou um jarro, daqueles grandes, e partiu para cima dele. Um dos genros, um tremendo “armário”, tentou segurá-la; todavia levou um tremendo “cotovelaço” e caiu nocauteado no chão da cozinha. A vovozinha estava possessa.
A filha, ao invés de socorrer o marido desmaiado no chão, resolveu descontar nos filhos, que riam a cântaros: um esporro daqueles… Parecia uma casa de loucos.
Ligaram para o outro filho, morador no andar de baixo, para ver se ele conseguia acalmar a mãe e evitar uma tragédia. Ele almoçava placidamente e, ao ouvir a irmã desesperada ao telefone, saiu-se com esta: “não é a primeira vez, me deixe comer em paz. Eles se acertam.”
Enquanto isso, ouviu-se um estrondo: buuuuuuuuuuuummmm ! Era a porta do quarto cedendo ao impacto do jarro.
Com a pancada, o jarro quebrou em pedaços – e a porta, também. Foi a sorte de nosso amigo.
Ao ver o estrago, a vovozinha ficou catatônica. Rapidamente ordenou que as duas filhas começassem a varrer os cacos. Deu ordens aos netos para não se aproximarem, “pois iriam cortar os pés”.
Terminando a sessão arrumação, ela novamente se lembrou do marido e correu para dar-lhe uns bons tapas.
Estoicamente, não esboçou reação. Preferia levar uns tapas a ficar de castigo, sem poder sair de casa. Ainda lamentou: “poxa, tinha acabado de abrir a garrafa de cerveja, foi pro chão cheia…”
Somente depois disto tudo é que se lembraram do genro, que jazia ao chão da cozinha desmaiado. O outro filho, que calmamente completara o frango assado inteiro com batatas que chamara de ‘refeição’, foi requisitado para levá-lo ao hospital.
Saldo da confusão: o genro com o nariz quebrado, uma porta e um jarro destroçados e uma boa história para contar. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.”
este seu texto me lembrou nelson rodrigues,a vida como ela é he he he e domingo passado foi aniversário do raul seixas hem,grande figura,vamos ver amanhã se a gente entra no g4 do bem,tomara,abraços,ronaldo derly.
Cara, isso é um elogio e tanto, ganhei o dia !
abraços