Escrevi sobre a situação do Senador José Sarney no post sobre Honduras, mas bem de leve. Queria retomar a análise.

Um ponto que tem de ficar mais claro: não tem santo nesta história. Estão todos os senadores envolvidos em pequenas, médias e grandes “traquinagens” com os servidores de confiança do Senado. Todos possuem os seus pecados.

O senador Arthur Virgílio (PSDB), que foi para a imprensa posar de vestal e defensor da moralidade, possui vários deslizes também. Além de ser de uma família de oligarcas históricos do Amazonas.

José Sarney, que a propósito não me desperta a menor simpatia, foi jogado pelos congêneres às feras com dois propósitos:

1) Salvar a pele dos demais;
2) Permitir à oposição tomar o controle do Congresso.

Como o primeiro ítem é até óbvio, nos deteremos no segundo.

Senão vejamos: a oposição já controla o Judiciário, na figura do Presidente do STF Gilmar Mendes; controla a grande imprensa envolvida em intensa atividade política (mas este é assunto para outro post). Possui boas relações com os militares e tem na Câmara de Deputados um presidente simpático aos seus objetivos.

Com o afastamento de José Sarney, assumiria em sua licença o senador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás.

O partido e seus satélites ficam com a faca e o queijo na mão para ou infernizar o processo eleitoral de 2010 – que, sabemos, a não ser que ocorra um fato novo estão condenados à derrota – ou entabular métodos heterodoxos de chegada ao poder, leia-se um possível golpe.

A pergunta é: há condições políticas para uma solução militar ? Ou um pretexto para um impeachment é mais “seguro” ? Conseguiriam aprovar no Congresso ?

Portanto, não interesa ao Presidente Lula romper o delicado equilíbrio de forças nacional. Sabe que, se abandonar José Sarney a própria sorte, poderá estar selando seu próprio destino. Por tabela, o destino do país.

Estarei vendo fantasmas ? Ou é real a possibilidade de um golpe, militar ou palaciano ? Onde entra o povo nesta história ?

Acredito que o desfecho desta questão do Senado nos indicará muito do futuro político próximo do país.

P.S. – Outra questão importante são os ataques à Petrobras. Ela foi eleita como inimiga número 1 da grande imprensa – primeiro porque é a maior investidora do PAC, segundo porque estamos na fase de definir o marco regulatório do pré-sal. Para este pessoal não interessa uma Petrobras forte e preponderante no pré-sal, pois enfraquece o poder das majors estrangeiras. Petróleo, meus caros, é poder.