Durante a semana eu escrevi aqui que estava cada vez mais irritado com hipocrisia. Queria voltar ao tema.

Vejo na sociedade as pessoas usarem e abusarem daquelas “frases de conveniência”. Estão sempre preocupados em extrair a máxima utilidade para seus propósitos. O outro não importa.

Cada vez mais não se assume o que se faz, mas sim o “politicamente correto” – isto é uma praga, mas sobre isso falarei em outra oportunidade. Nós nunca sabemos o que realmente as pessoas estão fazendo ou o que elas pensam, na realidade, porque o que aparece para fins externos é sempre a postura que “traz o melhor resultado”.

Lamenta-se para público externo a saída do colega de trabalho, mas no íntimo comemora-se porque é “mais uma chance de ficar com o lugar dele”. Chora-se o amigo que faleceu em um acidente, mas pensa-se nos benefícios que podem advir do fato.

Ou vocês acham que muita gente, no íntimo, não ficou contente com o fato de o presidente sul-americano da Michelin estar no vôo da Air France ? Aposto como tem muito “amigo” que prestou condolências à eventual viúva e que, intimamente, está esfregando as mãos com a possibilidade de ocupar o seu lugar.

Ainda tem as “confraternizações” de Natal e Ano Novo, onde se chega ao grau máximo na questão. O ser humano passa duas semanas desejando “um mundo melhor” e, no dia dois de janeiro, já está pisando no mesmo pescoço de quem ele desejou “feliz ano novo”. Dureza…

Outra coisa é o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Este comportamento é muito encontrado especialmente em líderes religiosos e políticos, que condenam situações normais da vida humana como o pecado original, e… voilá, são pegos em situações que teoricamente não seriam nada demais, mas que se tornam faltas mortais.

A propósito, proibições fora do que seria razoável e equilibrado também são sintomas de hipocrisia aguda. Precisamos recomendar o que fazemos e o que é plausível praticar.

Na verdade, a hipocrisia nada mais é que o reflexo do espelho chamado ética. Se não somos éticos, somos hipócritas.

Óbvio que não esgoto o tema aqui, mas queria convidar os meus onze leitores à reflexão.