Depois de muita cobrança de minha parte, temos mais uma estreia neste Ouro de Tolo. A coluna “Vamos à Luta”, do empresário Emerson Braz, trará um pouco das agruras dos pequenos empresários brasileiros, além de enveredar por outros temas de tempos em tempos – como o carnaval paulista em nossa cobertura especial da folia. A princípio a coluna será quinzenal e na estreia Braz fala do tratamento tributário desigual entre grandes e pequenas empresas do setor de bebidas.

Tratamento Tributário Desigual

Olá, tudo bem??

Meu nome é Emerson Braz, tenho 43 anos, sou administrador de empresas, paulistano, pai de uma linda menina  e moro há 20 anos no interior de São Paulo. Há 18 meses enrolo o dono desse agradável espaço . Mas hoje resolvi finalmente iniciar esta coluna. Como muitos aqui gosto muito de carnaval, futebol, discussões políticas e sociais. Não sou muito chegado em esportes americanos, motivo pelo qual tenho apenas um time lá e mal acompanho…

Vou fazer desse espaço um mural das minhas ideias de vida, bastante focado na coragem e luta do brasileiro médio em empreender…

Trabalho há muitos anos em uma empresa familiar pequena e esse ponto será a partida de nossas conversas aqui… Se o editor me permitir invadirei a seara dos especialistas em assuntos do interesse geral, ainda mais que entramos em 2014 – onde temos eleições, Copa e etc.

Portanto meus caros, vamos lá … A ideia é essa e vamos ver e torcer para o Pedro Migão não me expulsar rápido daqui…

Era maio de 1993 e meu Fiat 147 pela primeira vez de forma profissional rasgava a Rodovia Castelo Branco… O rumo era Boituva. Capital Nacional do Paraquedismo (foto), apelo maior do turismo local até hoje, muito agradava a mim e minha família. Já tinha estado várias vezes na cidade. O que eu fazia ali ao passar da década se transformaria numa coqueluche nessa região do estado… O novo eldorado… A oportunidade… Mas com um viés no empreendedorismo. Seria nossa primeira experiência. Mas nesses casos você estar a fim já atropela muitos dos degraus que a vida vai lhe impor. Acredite amigo: são muitos.

O interior de São Paulo, principalmente cidades até 200km da Capital tem sido o refúgio de muitos casos desses. Milhares de paulistanos tem tomado a rota dos Bandeirantes. E numa dessas minha família veio empreender.

Esses refúgios hoje estão com estruturas muito melhores que muitas cidades  enormes sem os problemas sociais dessas. A região de Campinas hoje é riquíssima , os valores dos imóveis superam em muito os das Capitais e em alguns casos é quase impossível comprar ou alugar. Cidades como Indaiatuba, Piracicaba, Santa Bárbara do Oeste, Vinhedo e etc hoje são milionárias e tem trazido a população junto em um Brasil que ele mesmo desconhece. Lugares sem crise onde o pleno emprego é proporcional a esse empreendedorismo a que irei me ater na maioria das vezes.

Hoje abrir um negócio é facílimo. Alguma burocracia, umas compras, obras e à luta! Quando as obrigações estatais lhes chegam ao final de cada exercício mensal, o brasileiro deveria saber duas coisas. A primeira é que não tem para onde fugir (risos). A segunda: 99% das grandes empresas recolhem aos cofres bem menos do que as pequenas, proporcionalmente. É só dar uma olhada na fração “recolhimento de impostos por faturamento” que o cidadão vai ficar perplexo. E um dia a sociedade vai cobrar essa conta e quero estar nesse mundo para conferir.

Claro que algumas ilhas de exceção foram criadas como o Sebrae, o Simples  e outros pitacos. Mas se você, caro leitor, fabricar um produto onde um gigante domina, digo que seus problemas apenas começaram. Estrutura, Logística, Compras, Vendas, Promoção… Isso é que faz um empreendedor viver, suar, ir à guerra. Mas não: nossa burocracia rouba tempo e dinheiro para nada .

Vou me ater especialmente ao setor de bebidas, que é onde milito. Hoje em reuniões associativas vemos os empresários desanimados. O normal seria a gana de um Anderson Silva faminto. Hoje vemos um leão no zoológico a 50 graus.

Todos os obstáculos que podem são jogados nas estradas que percorrem. As grandes corporações foram travando o setor de uma maneira quase insuportável. O setor cervejeiro artesanal acaba de formar uma associação, onde estive no lançamento e algumas coisas que foram faladas ali são de cair o queixo. Como uma empresa de 30 funcionários pode pagar a mesma carga tributária de uma de 15 mil?

Sabe por que sua cerveja boa é cara? Para outra custar barata!

Não é sempre assim? O pequeno lá atrás pegando as migalhas e o grande aqui na frente de braço dado com o poder público  soltando o chicote! A vida é assim.. Na Formula 1 três equipes ricas dominam  há quantos anos? O recente caso do campeonato brasileiro não mostra isso? Falo de bebidas mas acredite, amigo:  todo setor tem isso.

Em 2008, em uma luta maiúscula do setor uma certa justiça no IPI foi feita. Pela primeira (!) vez a Coca Cola iria pagar IPI no Brasil. No dia seguinte a Receita Federal decretou o Sistema Eletrônico de Controle em que a compensação do valor cobrado cobria o imposto. Esse é só o caso pior…

A parte boa é você perceber que ainda temos algum espaço para nos reinventar. Hoje vemos as empresas muito mais criativas do que víamos apenas seguindo as marcas líderes. A quantidade de marcas nos mercados mostra isso. Os sistemas de gestão melhoraram muito e isso faz com que o dinheiro circule, pois precisamos de gente mais qualificada e por consequência pagando bem melhor.

Separei três ou quatro temas ligados a esse setor de bebidas para escrever aqui na sequência. Se quiserem ver com mais detalhes nossas lutas entrem em www.afrebras.org.br, é muito explicativo.

Espero que nossas conversas sejam sempre de bom nível.

À luta!