Nesta sexta-feira, o jornalista esportivo Fred Sabino aborda o erro grave de arbitragem na final do último Campeonato Carioca, relembra outros equívocos marcantes dos “homens de preto” em decisões no Rio e analisa o possível uso de tecnologia no futebol.
Erros de arbitragem são coisa do passado e presente. E no futuro?
Infelizmente o título de campeão carioca de futebol em 2014 ficou com o Flamengo devido a um erro do assistente Luiz Antônio Muniz de Oliveira ao não assinalar impedimento de Márcio Araújo em lance aos 45 minutos do segundo tempo da partida decisiva contra o Vasco.
Não vou entrar na questão de “roubo” levantada por muitos vascaínos, já que evidentemente foi um infeliz erro do “bandeira” e não há nada que sustente uma conspiração contra o clube de São Januário ou um favorecimento financeiro ao cidadão que errou e ao restante da equipe de arbitragem.
Tanto que nos dois jogos da decisão houve erros clamorosos contra os dois times, inclusive um gol irregular do Vasco na primeira partida, e mais erros contra ambos os lados no encontro entre Vasco e Resende pela Copa do Brasil. O que dá para depreender de tudo isso?
1 – as arbitragens têm problemas em qualquer lugar do mundo
2 – o jogo hoje é muito mais dinâmico e, com isso, mais erros acontecem
3 – também é preciso tecnologia para evitar erros
Um grande avanço foi a adoção do chip para conferir se a bola realmente entra no gol. Mas é pouco. Com a tecnologia disponível, é possível fazer muito mais. Falo até em questões de TV (já que trabalho numa). Há recursos para que o árbitro seja informado poucos segundos depois sobre alguma jogada.
Então cai o mito de que seria preciso parar muito o jogo para que consultas fossem feitas. Mas infelizmente o futebol é a modalidade mais retrógrada do mundo e teima em não se render definitivamente ao óbvio.
Enquanto continua essa sequência de barbaridades cometidas por estes apitadores e assistentes (sic), vale relembrar alguns erros históricos no Campeonato Carioca – quem lembrar de outros, favor mandar nos comentários. Veremos que infelizmente é algo muito corriqueiro, que já beneficiou ou prejudicou Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense.
1971 – O lateral Marco Antônio empurrou o goleiro Ubirajara e Lula fez o gol do Fluminense sobre o Botafogo na decisão. O árbitro José Marçal Filho foi acusado de receber dinheiro, e depois do jogo apareceu com novos bens. Marçal sempre negou o suborno.
1985 – O zagueiro do Fluminense Vica fez pênalti claro em cima do atacante do Bangu Cláudio Adão aos 45 minutos do segundo tempo, mas o árbitro José Roberto Wright não marcou a infração. Em caso de gol, o Bangu teria sido campeão. Tricolor assumido, Wright alegou que não viu o lance pois já estava correndo para o meio de campo para apitar o fim do jogo.
1989 – Maurício empurrou sutilmente Leonardo para marcar o gol do título do Botafogo sobre o Flamengo. Anos depois, o próprio atacante confessou a falta não marcada pelo árbitro Walter Senra.
1995 – O famoso gol de barriga de Renato Gaúcho na decisão entre Fluminense e Flamengo foi irregular: só havia um jogador (Fabinho) entre o atacante e o gol no momento do chute de Aílton – Renato estava ligeiramente à frente do goleiro Roger. Impedimento de poucos centímetros não visto pelo árbitro Leo Feldman.
1998 – Pênalti em cima do lateral Pimentel (Flamengo) não marcado por Leo Feldman aos 38 minutos do segundo tempo. Empate sem gols deu o título da Taça Guanabara ao Vasco.
1999 – Em partida apitada por Cláudio Cerdeira, o Flamengo precisava derrotar o Vasco para ser campeão e teve um gol mal anulado – foi assinalado impedimento de Beto. Mas o Rubro-Negro ainda assim derrotou o rival por 1 a 0.
2000 – O lateral Maurinho fez pênalti clamoroso em Romário quando o primeiro jogo da decisão entre Flamengo e Vasco, apitado por Cláudio Cerdeira, ainda estava 0 a 0. No fim, o Rubro-Negro fez 3 a 0 e abriu grande vantagem nas finais, que tiveram outra vitória do Fla no segundo jogo: 2 a 1.
2002 – Na semifinal entre Bangu e Fluminense o goleiro Eduardo fez gol para o time da Zona Oeste após cruzamento para a área, mas o árbitro Reinaldo Ribas marcou falta inexistente. O Flu avançou para a final e foi campeão em cima do Americano.
2003 – Vasco é campeão da Taça Guanabara após gol legal do Flamengo (Zé Carlos, em rebote do chute de Athirson) anulado. Na decisão, Samir Yarak e Elson Passos anularam gol legal do Fluminense contra o Vasco.
2005 – Na final entre Fluminense e Volta Redonda, o árbitro Edilson Soares da Silva expulsou o volante Mário César, do Voltaço, num lance em que nem falta foi. O primeiro gol do Tricolor na vitória por 3 a 1 surgiu depois de falta do atacante Tuta no goleiro Lugão.
2006 – Na decisão da Taça Guanabara entre Botafogo e América, o Alvirrubro ganhava por 1 a 0 quando William Nery não marcou pênalti claríssimo do goleiro alvinegro Max em cima de Chris. No fim, o Botafogo virou para 3 a 1 e foi campeão.
2007 – Gol legal do atacante botafoguense Dodô anulado na final contra o Flamengo – o assistente marcou impedimento inexistente. O gol daria o título ao Alvinegro e o árbitro Djalma Beltrami ainda expulsou o atacante de forma absurda. Com o empate em 2 a 2, a decisão foi para os pênaltis e deu Flamengo.
Tudo bem que a arbitragem não estava tão envolvida, mas em 1967 foram impagáveis as acusações do João Saldanha ao Manga de que o goleiro estava comprado pelo Castor de Andrade na final entre Botafogo x Bangu, com direito ao Castor invadindo a Grande Resenha Facit armado pra se engalfinhar com o João Sem Medo e este dar um tiro no pé do Manga e o arqueiro escapulir da festa do título do Fogão.
Bem lembrado, Marco rsrs
O GOL DE BARRIGA É TOTALMENTE LEGAL, O ROGER SAI PARA O LANCE APÓS O CHUTE DE AILTON, CAMERA LATERAL DA ANTIGA TV MANCHETE FLAGROU O MOMENTO, ELA ESTAVA SE PREPARANDO PARA FILMAR A INVASÃO RUBRO NEGRA PARA COMEMORAR O TÍTULO; O PRÓPRIO ROGER COMENTOU QUE DEVERIA TER SAIDO ANTES!!!