Nesta sexta feira, a coluna “Sobretudo”, do publicitário Affonso Romero, mostra algumas das contradições do novo “queridinho” dos reacionários brasileiros, o economista Rodrigo Constantino. Ele é uma espécie de “Reinaldo Azevedo” da economia, para o leitor ter uma ideia.
Constantino e suas contradições
Constantino não resiste às próprias palavras.
Li, por acaso, um texto de um intitulado economista chamado Rodrigo Constantino. Ele está na moda, pelo que me dizem, e é um desses bobões que me dão saudades de quando os conservadores se faziam representar por gente da estirpe de um Roberto Campos ou Mário Henrique Simonsen.
Vou reproduzir um parágrafo exemplar de fragilidade de seu “protesto” contra o Bolsa-Família:
“O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).”
Será que ele lê o que escreve?
Ele diz que é importante gerar empregos. Até aí tudo bem: é chover no molhado. Mas se esquece que o período em que o Brasil experimentou o modelo neo-liberal que ele defende, não só deixou de gerar empregos, como aumentou a miséria, aprofundou o nível de desigualdade, diminuiu o mercado interno e mergulhou o País numa recessão.
Ou seja, o Estado mínimo que ele prega, comprovadamente, não gera empregos e concentra riquezas.
Agora vamos ao modelo que ele condena, este governo que ele diz que é inchado, com muita burocracia, impostos e gastos públicos. Pois bem, este modelo, que eu prefiro classificar como um estado que se faz indutor da economia, criou empregos mais que em qualquer outro período da história (gráfico). Fez mais que isso: aumentou a massa salarial, sua proporção na economia, expandiu mercado interno, enfim fez o que os economistas liberais costumavam dizer que era impossível: gerar e distribuir riqueza ao mesmo tempo.
Não custa lembrar que aquilo que ele tem como exemplo de democracia ocidental capitalista bem sucedida, a Zona do Euro e os EUA, afundaram suas economias dentro de um modelo liberal. Países antes considerados ricos ou emergentes, como Espanha, Itália, Grécia, Portugal, Irlanda, França e Islândia sofrem com dívida pública, recessão e altas taxas de desemprego.
Desemprego, entendeu? Desemprego causado pelo modelo liberal que você defende, Constantino.
Enquanto isso, o Brasil convive com alta taxa de emprego. Tem até problemas sérios para preencher algumas vagas. Tem que importar mão de obra. Pleno emprego gerado pelo modelo que você condena.
Entendeu, Constantino, ou precisa desenhar? Ou quer umas planilhas?
Em relação ao artigo que deu tema a esta coluna, gostaria de fazer algumas ponderações.
Eu discordo do Constantino e do governo na questão, se é possível. hehehe
Subsídios governamentais são fundamentais para alterar a dinâmica econômica de um setor, uma classe, etc. Há ações que possuem respostas mais rápidas que outras. O bolsa família tem reflexos positivos na geração de empregos na medida em que distribui renda e aumenta o consumo.
Aliás, por que ele não reclama dos subsídios para ricos como os industriais? Claro que podem ser importantes, não digo que não se deve existir, mas não seria mais coerente o Constantino abordar os diversos tipos de subsídios? Por que a fixação só no pobre. Dependendo do caso, os industriais poderão produzir efeitos negativos na geração de empregos.
Dito isto, o que discordo do governo em relação aos subsídios e transferências é a falta de metas, em tornar algo que deveria ser um meio em um fim, fazendo com que fiquem permanentes. Todo programa de inventivo precisa ser um projeto, com início, meio e fim. Ser desenvolvido em paralelo com ações de capacitação, de transformação. Esse paternalismo é nocivo. Cria dependência.
O tema é bem interessante.
Percebe-se um total desconhecimento de sua parte, já que o Constatino não defende a teoria neo-clássica mais sim a teoria de liberalismo clássico da escola austríaca. Fica a dica ler um pouco de Hayek, Mises.
Análise, no mínimo, mal intencionada… Comparar o período de 1994 a 2002 com os últimos dez anos é pura má fé, pois os governantes de tais períodos não receberam o país na mesma situação… O primeiro recebeu com inflação altíssima, cambio fora de controle, politica fiscal ineficiente e etc., já o governante do segundo período recebeu um pais muito mais estabilizado… Outro ponto muito mau caráter é considerar países como Espanha, Itália, Grécia, Portugal, Irlanda, França e Islândia liberais, sendo que o que afundou tais países foi intervenções estatais na economia e a imensa máquina pública… Em tempo, as políticas sociais criadas durante o governo Bush deram origem ao Subprime… Quanto ao termo neo-liberal, não vou nem comentar, pois não existe, o que existe é liberalismo clássico!